O Censo 2022 e o novo mapa das religiões no Nordeste

Escrito por
Victor Breno Farias Barrozo producaodiario@svm.com.br
Victor Breno Farias Barrozo é teólogo
Legenda: Victor Breno Farias Barrozo é teólogo

O Nordeste brasileiro apresenta-se como um retrato emblemático e representativo das transformações demográficas das religiões da população nacional na última década, de acordo com os dados do IBGE.

Comparativamente aos dados do Censo de 2010 e 2022, temos o seguinte cenário nos nove estados nordestinos: católicos, de 71,9% (2010) para 63,9% (2022) – uma redução de 8 pontos percentuais, com uma diminuição estimada de aproximadamente 4,2 milhões de pessoas; evangélicos, de 17% (2010) para 25,5% (2022) – um aumento de 8,5 pontos percentuais, com acréscimo próximo de 4 milhões de pessoas; sem-religião, de 6,6% (2010) para 8,2% (2022) – um aumento de 1,6 pontos percentuais, com 848 mil pessoas a mais. Das cinco regiões do país, o Nordeste está posicionado religiosamente às outras como a primeira em maioria católica, a quarta em número de evangélicos e a última em população sem-religião.

De outro lado, ao analisarmos os dados, estado a estado, destacando católicos e evangélicos, podemos perceber as variações e dinâmicas específicas de cada realidade, do ponto de vista comparativo entre 2010 e 2022. Os índices apontam para uma constante: decréscimo no número de católicos e crescimento dos evangélicos.

Os católicos no Nordeste ficam assim redistribuídos. No Piauí, de 85,3% para 77,4% (-7,9 pp). No Ceará, de 79,1% para 70,4% (-8,7 pp). Na Paraíba, de 77,3% para 69% (-8,3 pp). Em Alagoas, de 72,7% para 64,2% (-8,5 pp). Na Bahia, de 65,7% para 57% (-8,7 pp). Em Pernambuco, de 66,2% para 58,8% (-7,4 pp). No Rio Grande do Norte, de 76,2% para 67% (-9,2 pp). Em Sergipe, caiu de 76,5% para 67,8% (8,7 pp). E, no Maranhão, registrou-se a maior queda: de 74,5% para 64,4% (-10,1 pp).

Os evangélicos no Nordeste também se reorganizam. No Piauí, de 9,6% para 15,6% (+6 pp). No Ceará, de 14,3% para 20,8% (+6,5 pp). Na Paraíba, de 14,9% para 20,8% (+5,9 pp). Em Alagoas, de 15,7% para 22,9% (+7,2 pp). Na Bahia, de 17,1% para 23,3% (+6,2 pp). Em Pernambuco, de 20,1% para 25,2% (+5,1 pp). No Rio Grande do Norte, de 15,1% para 21,4% (+6,3 pp). Em Sergipe, de 11,6% para 18,3% (+6,7 pp). E, mais uma vez, o Maranhão agora com o maior crescimento: de 17,1% para 25,4% (+8,3 pp).

Mas, enfim, o que esses números “falam” sobre a mudança religiosa no Nordeste? Dentre outras coisas, indicam o caráter paradoxal e complexo da transição das religiões na região: ao mesmo tempo, de um lado, as autodeclarações religiosas “diminuem e aumentam” entre os grupos, de outro, as macrotendências da hegemonia católica e minoria evangélica se mantém. Entretanto, citando o compositor e intérprete Milton Nascimento, no que diz respeito ao novo mapa das religiões nordestino, pode-se dizer que: “sei que nada será como antes, amanhã”.

Victor Breno Farias Barrozo é teólogo

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