Sobre viver em tempos de pandemia: 2º episódio mostra impacto da desigualdade social na saúde

Em “Faltar”, mostramos como famílias vivendo em moradias precárias e pessoas em situação de rua têm enfrentado a pandemia – e como o voluntariado tem sido fundamental no cenário

Escrito por Theyse Viana e Lucas Falconery , metro@svm.com.br

Quase 2 milhões de famílias cearenses são pobres ou extremamente pobres, segundo dados de outubro de 2020 do Ministério da Cidadania. O equivalente a 3.068.443 de indivíduos sobrevivem com, no máximo, R$ 89 por mês, no Ceará. Sem contar com as pessoas em situação de rua, que sequer entram nas estatísticas.

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Num cenário assim, em que falta tudo, desde água até um teto, a pandemia massacrou a sociedade em níveis distintos. “Todos no mesmo naufrágio, mas em barcos muito diferentes”, como disse a psicóloga Cynthia Melo em “Faltar”, segundo episódio da série “Sobre viver em tempos de pandemia”, lançada na última quinta-feira (4) pelo Diário do Nordeste.

No episódio anterior, “Parar”, abordamos os impactos do isolamento social aos cearenses. Já em “Faltar”, mostramos as histórias de famílias como a de Maria Conceição Ribeiro, 45, que mora com cinco filhos em um barraco de dois cômodos, sem banheiro nem água encanada, construído na rua, com restos de tapumes.

Conversamos ainda com Henrique, de 27 anos, que vive na rua desde que o isolamento social iniciou, em março de 2020, tomando banho “só quando dá”, com água cedida por um dos galpões de confecção no Centro de Fortaleza. A alimentação vem de doações como a da psicóloga Mariana Fortes, integrante do projeto Auê do Amor, iniciado na pandemia.

A importância do voluntariado para aliviar os abismos da desigualdade social, aliás, aparece também na figura de Francisco Gleidson dos Santos, 45, interno da Penitenciária Industrial e Regional do Cariri (PIRC) há cerca de um ano e meio. Ele reativou uma horta no local e dedica parte do tempo de clausura a cultivar alimentos, que depois são doados a instituições filantrópicas da Região do Cariri.

A socióloga Danyelle Nilin, professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e membro do Laboratório de Estudos em Política, Educação e Cidade (Lepec), também colaborou com este episódio por meio de análise das desigualdades e projeções dos efeitos delas na crise mundial.

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