Sábado de Carnaval é marcado por pouco movimento nas praias

Na orla da Região Metropolitana de Fortaleza, o fluxo de turistas e banhistas locais foi notavelmente inferior ao observado em anos anteriores. Barreiras sanitárias entre os municípios controlavam a entrada e saída de veículos

Escrito por André Costa / Barbara Câmara , metro@svm.com.br
Legenda: Barracas de Praia de Cumbuco e Porto das Dunas registraram pouco movimento no sábado, assim como a Praia de Canoa Quebrada
Foto: Thiago Gadelha

O sábado de carnaval (13) foi marcado por baixa movimentação nas praias do litoral de Caucaia e Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Diante do decreto estadual que proíbe a realização de festas visando evitar a disseminação da Covid-19, o fluxo de turistas foi abaixo do verificado em anos anteriores.

Leia mais

Veja também

Em meio ao impacto econômico, o momento vivido no Ceará parece ser favorável à repetição do mesmo cenário de 2020, de acordo com o consultor em infectologia da Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), Keny Colares.

"Aumento do número de casos, esgotamento dos leitos disponíveis, circulação de novas variantes. Os sinais estão por toda parte. Não podemos prever com certeza o que nos espera, mas a sabedoria popular afirma que 'não adianta chorar sobre o leite derramado'. A hora de agir é esta. Se tivéssemos cancelado o carnaval de 2020, talvez vários dos nossos entes queridos ainda estivessem ao nosso lado", avalia o infectologista.

O holandês Steve Fung-Lou, proprietário da barraca Velas do Cumbuco, conta que o faturamento caiu 80%.

"Em outros anos, minha ocupação era próxima dos 100%. Tenho quatro espaços cobertos e um deles está totalmente fechado. Os outros é nessa situação: com poucas mesas ocupadas. Na areia são 80 mesas, quase todas vazias. Está muito difícil", lamenta.

O empresário ressalta, ainda, que o impacto econômico do ano passado não foi superado. "Em 2020 foram quase cinco meses totalmente fechados. Isso é um prejuízo muito grande". Ele lembra que o impacto vai além das barracas. "Afeta os trabalhadores informais que ficam quase sem renda". Um exemplo é o vendedor ambulante Francisco Eudes Andres, de 46 anos e que há 23 trabalha nas praias de Caucaia. "Nunca vi nada assim". Ele conta que o faturamento caiu "mais de 75%". No ano passado ele ficou quatro meses sem qualquer atividade. "Tenho medo de voltar tudo de novo".

Já Lucas Rabelo, gerente de uma barraca no Porto das Dunas, em Aquiraz, relata que a queda no faturamento está em torno de 65%. Dos 50 funcionários temporários, apenas 20 estão fazendo indo trabalhar. "Nos próximos dias vamos ver se precisará de mais cortes. O prejuízo vai só se acumulando".

O gerente da barraca Chico do Caranguejo Cumbuco, Mário Rodrigues, ratifica o baixo público nas praias do litoral de Caucaia, cuja extensão é de 44km. "Normalmente dispomos de mil mesas, hoje temos apenas 45. Tem sido uma queda de faturamento muito grande, na casa dos 75%". Esse declínio teve impacto direto no quadro de funcionários. De duzentos, caiu para 35, conforme a gerência da barraca.

Com menos turistas nas praias, o vendedor de passeios de quadriciclo, Anderson Reis, 20, revela que, "em alguns dias não tem saído nenhum passeio. Em épocas normais, faço entre três e quatro passeios".

Barreiras

Para controlar a entrada e saída de moradores nos municípios, barreiras sanitárias foram montadas no limite entre Fortaleza e Caucaia, e entre a Capital e Aquiraz. O Agente da Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), W. Luis explica que "só é permitido a entrada de pessoas que comprovem, com documento, que residem em Fortaleza ou que comprovem que estão a trabalho. Os demais são barrados e têm que retornar à Caucaia".

Na entrada de Caucaia, agentes de trânsito fazem o mesmo trabalho e só permitem a entrada de moradores ou prestadores de serviços essenciais. O mesmo vale na entrada de Aquiraz, onde todos os veículos eram parados, contribuindo para a formação de longas filas.

Em Aracati, mais de 1.500 veículos foram fiscalizados nas barreiras de acesso ao município. Houve apenas uma apreensão de caixa de som, e o condutor do carro foi multado. O movimento na Avenida Principal de Canoa Quebrada, a Broadway, foi quase inexistente em comparação aos anos anteriores.

"A importância é para diminuir a aglomeração, diminuindo a aglomeração vc diminui a transmissibilidade da doença", descreve o infectologista Lino Alexandre, que atua na linha de frente do combate ao coronavírus, no Hospital Leonardo Da Vinci. Ele enfatiza que as pessoas devem compreender que a pandemia permanece, agora com um "novo surto" no Estado, e o aumento de casos graves em jovens adultos chama a atenção para reforçar as medidas sanitárias

"Não existe um tratamento eficaz que elimine a Covid. O que existe são medidas oferecidas as complicações dos paciente acometidos por ela, que evoluem para caso grave. E muitos desses paciente evoluem para óbito, pelas complicações da doença", afirma.

Legenda: Barreira sanitária em Fortaleza, limite com Caucaia, na ponte sobre o Rio Ceará
Foto: Thiago Gadelha
Legenda: Agentes de trânsito verificam documentação em cada parada
Foto: Thiago Gadelha
Legenda: Em cada barreira, só é permitida a entrada de moradores ou prestadores de serviços essenciais
Foto: Thiago Gadelha
Legenda: Longas filas se formaram a partir da barreira sanitária em Aquiraz
Foto: Thiago Gadelha
Legenda: Pouco movimento na barraca Chico do Caranguejo, na praia de Cumbuco
Foto: Thiago Gadelha
Legenda: Mesas vazias em barraca de praia no Cumbuco
Foto: Thiago Gadelha
Legenda: Barracas de praia no bairro Porto das Dunas, em Aquiraz, encerrando os atendimentos
Foto: Thiago Gadelha

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.