Moradores de prédio que desabou na Maraponga ainda não receberam nenhuma indenização

Moradores relatam abandono por parte da construtora e dificuldades enfrentadas com a perda do lar

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Moradores ainda buscam indenização após desabamento de prédio na Maraponga.
Foto: Foto: Gustavo Pellizzon

Já se passaram quase dois meses, e os moradores do prédio que desabou parcialmente na Maraponga ainda não receberam nenhuma indenização e continuam sem lugar para morar. Nesse tempo, nenhuma ação foi feita para ajudar as famílias que perderam seus lares. O único passo foi uma ação popular na justiça contra os proprietários, feita pelos ex-moradores, pedindo uma indenização no valor de R$ 2 milhões por danos morais e materiais.

O morador Evandro Silva dos Santos, 27, operador logístico, vivia com mais três amigos no quarto andar do prédio. Ele morava na Maraponga de aluguel e conta que não conseguiu ter acesso aos seus bens, desde o início da demolição. "Eu notei mudanças na estrutura e falava com o proprietário, nós éramos grandes amigos, além de avisar os moradores. Pior foi os relatórios emitidos pela Defesa Civil e Engenheiro Civil consta que o prédio não caía’’, conta Francisco.

 Evandro frisa que ‘’não consegui pegar nada de documentos, peguei botijão, duas bermudas e uma camisa, minhas maiores perdas foram fotos de família, de viagens, certificados e cédulas antigas sem valor de circulação. Passados de geração à geração’’, vislumbra. 

Foto: Foto: Livia Baral

A moradora Joice Elias de França, 31, tecnóloga em saneamento ambiental relata que ‘’o sofrimento é de ter a vida mudada de forma repentina, um trauma de perder tudo. Não perdemos apenas a casa e o carro, perdemos nosso lar. O objetivo deles foi demolir, não foi fazer recuperação, não se esforçaram para recuperar os nossos bens e memórias, tivemos que buscar por nossa conta. É muita humilhação você perder seu lar, e ainda ter que ir naquele entulho e catar suas memórias e pertences, a palavra pra resumir isso é desumano. Nos restou entrar com ação, e espera que a justiça seja feita. Creio que uma coisa que qualquer pessoa goste, é quando após um dia cansativo de trabalho você ir para sua, seu aconchego. Hoje saio do trabalho e lembro que não tenho meu lar para ir’’, disse, emocionada. 

Defesa Civil 

A Defesa Civil ainda não elaborou o laudo, mas é necessário para que as reformas sejam feitas, e fica sem um prazo claro. O advogado Túlio Vilanova entrou com pedido de indenização essa semana. Esse pedido de indenização foi protocolado em uma ação coletiva que foi aberta logo após o desabamento (na época a ideia era bloquear os bens dos proprietários para que eles tivessem como pagar as indenizações depois). 

De acordo com a Defesa Civil, uma equipe entregou ao proprietário do terreno e para a empresa que efetuou a demolição, essa semana, as notificações solicitando os reparos nas residências e agora eles tem que um prazo para fazer esses reparos. Foram 11 casas afetadas sendo que três delas eram só calçadas. Essas casas não chegaram a ser interditadas.

Relembre o caso

O prédio na Travessa Campo Grande, Bairro Maraponga, chegou a desabar parcialmente e ficou com a estrutura comprometida após uma das colunas romper. Um dos andares foi soterrado e o prédio ficou inclinado. No dia 1º de junho. Ao todo, 16 famílias foram removidas dos apartamentos e cerca de 12 casas ao redor tiveram de ser evacuadas.

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