“Isso é tudo que a gente tem”, diz comerciante que perdeu mercadorias em casarão incendiado
Permissionários do Casarão dos Fabricantes criam grupo nas redes sociais para se unirem durante este momento e reestruturar um retorno em conjunto
A dor de assistir seu local de trabalho ser foco de um incêndio foi imensurável para a permissionária Fátima Lúcia Castro. Há mais de 14 anos no Casarão dos Fabricantes, no Centro de Fortaleza, sua trajetória foi construída a partir de muita luta e esforço, tendo passado 10 anos trabalhando em lanchonete no local antes de conseguir ter sua própria loja. “É difícil recomeçar, mas como o cearense é acostumado a recomeçar, vamos tentar”, declara a comerciante.
Na noite de ontem, o prédio sofreu um incêndio e, desde então, bombeiros estão atuando para manter o espaço resfriado e evitar novos focos. Na manhã deste domingo (6), portas, janelas, piso e o telhado da estrutura já haviam consumidos pelo fogo.
Fátima permaneceu no trabalho até as 15h30, deixando uma funcionária para completar o horário. A notícia do incêndio chegou através da filha, por volta das 21h e, sem outra fonte de renda, precisou assistir o fogo queimar os anos de esforço. “É difícil, não é fácil não. Isso é tudo que a gente tem, uma vida inteira”, compartilha, ao dar prejuízo como total.
A fim de estruturar um recomeço, a permissionária tem conversado com outros colegas e articulado a criação de um grupo no WhatsApp. O objetivo é seguir com a venda de mercadorias, mantendo os laços já existentes com as outras pessoas do local.
“A gente está tentando se unir, fazer um grupo, que unidos vamos tentar conseguir um lugar para que todos fiquem juntos”, explica.
Dificuldade
Com a suspensão das atividades econômicas em Fortaleza, devido à pandemia, e sem receber o auxílio emergencial, o retorno das vendas no Casarão dos Fabricantes estava sendo um recomeço para o permissionário Océlio Lima. No entanto, após o incêndio, aponta um prejuízo de quase R$ 10 mil. “Chegar aqui e ver tudo pegando fogo... é muito difícil seguir em frente”, declara.
Há aproximadamente 2 anos trabalhando no local, o incêndio de grandes proporções foi uma ocorrência dolorosa para o comerciante. Sabendo do ocorrido através de uma amiga, o nervosismo foi o primeiro sentimento a chegar para Océlio.
“O pior é perder os nossos clientes, eu sou fabricante e já cedo as mercadorias para meus amigos que têm venda para fora, que fazem entrega grande. A gente trabalha todo dia e dava para a gente se manter, viver uma vida tranquila”, explica.
Agora, ele e a esposa, companheira de trabalho, devem aguardar por mais informações antes de se prepararem para um recomeço. “Viemos de uma luta muito grande e tudo tem seu começo de novo, o importante é ser honesto”, finaliza.
Operação
Conforme o tenente-coronel Lino Filho, do Corpo de Bombeiros, a equipe segue dando continuidade aos serviços iniciados na noite de ontem (5). Antes das 2h da manhã deste domingo (6), o fogo já havia sido contido. Agora, a equipe conta com 3 viaturas do corpo de bombeiros e cerca de 25 homens trabalhando no prédio. Segundo o tenente, o número foi reduzido após o incêndio ser controlado.
“Essa fumaça é o calor saindo desses materiais, isso ainda vai demorar um pouco e possibilitar que qualquer pessoa, inclusive do corpo de bombeiros, entre mais aprofundadamente na estrutura”, pontua.
Após a extinção das chamas, os bombeiros executam uma série de outros serviços, como a manutenção da temperatura baixa, a fim de evitar a reincidência das chamas e a propagação do incêndio.