Indústrias de transformação e construção civil devem puxar retomada econômica no Ceará
O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado tem projeção de crescimento, ao final do ano, de 5,77%, superior à média nacional
Indústrias de transformação, construção civil e produção de energia elétrica são as atividades que devem puxar a retomada da economia no Ceará. Essa é a projeção realizada pelo diretor-geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), João Mário de França.
Elton Freitas, gerente de Produto do Observatório da Indústria da FIEC, corrobora a perspectiva de João Mário de França em relação à indústria de transformação. "Os setores que possuem maior participação no emprego e no valor adicionado devem puxar essa retomada. São as áreas de confecção, têxtil, calçadista e de máquinas e materiais elétricos", pontua. Todas elas estão inseridas na indústria de transformação, que abrange a maior parte das operações desenvolvidas no setor industrial, movimentando 24 segmentos.
A grande busca por reformas em residências, ocasionadas devido à necessidade de permanecer em casa por conta do isolamento social rígido e outras medidas restritivas ocasionadas pela pandemia de Covid-19, foram alguns motivos da expansão do setor da construção civil. Taxas de juros atrativas para financiamentos imobiliários foram fatores favoráveis e devem expandir vendas no setor no segundo semestre.
No que diz respeito à produção de energia, o setor será beneficiado porque o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) direcionou o maior consumo de energia produzida a partir de termelétricas e usinas eólicas em relação à produzida por hidrelétricas devido à crise hídrica, tendência que deve acontecer no segundo semestre.
Segundo França, o setor de serviços, que representa quase 77% da nossa economia, ainda vai levar um tempo maior para apresentar um crescimento mais intenso. "Ele já dá alguns sinais de recuperação, mas ainda muito moderado, é um setor que sofre muito com as restrições impostas pela pandemia que, por exemplo, não ocorrem com a indústria. Uma recuperação mais forte talvez aconteça no quarto trimestre, quando mais pessoas tiverem completado o ciclo de vacinação e quando houver redução das medidas de isolamento social", acredita.
O diretor do Ipece destaca que, comparada ao ano de 2020, a recuperação em 2021 tem sido mais promissora. "No ano passado, a recuperação só ocorreu a partir do segundo semestre. Quando a gente computa o ano todo, houve uma queda no PIB, apesar de menor que a nacional. Este ano, o Ipece está projetando crescimento no PIB, ao final do ano, de 5,77%, superior à média nacional, cuja projeção era próxima de 5%. Ressalto que essas previsões estão sujeitas a revisões. A cada seis meses, o IPECE faz revisão da previsão, olhando o cenário econômico e também o cenário da circulação viral e da vacinação".
João Mário de França chama ainda atenção para oportunidades que surgiram na pandemia e que devem se manter nos próximos anos como atividades de comércio eletrônico, informação e comunicação (telefonia celular, computadores, TV a cabo, provedores de internet), educação à distância, serviços de saúde à distância, startups com foco em desenvolvimento de softwares para serviços financeiros. "São áreas de oportunidade que ganharam muita força expressiva e vieram para ficar".