Hospital oferece atendimento gratuito para pacientes com sequelas neurológicas da Covid-19

Acompanhamento ambulatorial no Hospital Universitário Walter Cantídio serve, também, para pesquisa científica. Pacientes devem ser encaminhados por médicos

Escrito por Redação ,
Ambulatório atende gratuitamente às sextas-feiras e exige diagnóstico sorológico e encaminhamento médico.
Legenda: Ambulatório atende gratuitamente às sextas-feiras e exige diagnóstico sorológico e encaminhamento médico.
Foto: Divulgação/HUWC

Dificuldades na fala e na memória, dores de cabeça incessantes, limitações motoras, sonolência. Quem teve consequências neurológicas como essas devido à Covid-19 pode receber atendimento ambulatorial gratuito no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Para ter acesso ao serviço, é preciso, contudo, ter diagnóstico sorológico confirmado para a doença e encaminhamento médico pela rede pública ou privada de saúde.

Vinculado à Universidade Federal do Ceará (UFC), o HUWC pretende, também, desenvolver pesquisas sobre acometimentos neurológicos provocados pela Covid-19. Segundo Danilo Nunes, um dos médicos que coordenam o Ambulatório de NeuroCovid, estão sendo coletadas amostras para entender, por exemplo, a influência genética no agravamento da infecção.

O neurologista comenta ainda que as sequelas neurológicas variam em cada paciente, mas que as mais comuns são dores de cabeça e alterações importantes no olfato, na memória e no sono. Além disso, de acordo com ele, são cada vez mais frequentes casos de pessoas que têm Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou durante a infecção ou após. 

“Cada paciente vai ter uma demanda específica. Se tem um paciente somente com alteração de olfato, não vai ficar precisando voltar [para o ambulatório]. Mas, se surgir algum novo tratamento, como a gente está estudando isso, a gente entra em contato com o paciente, por telefone mesmo, e, eventualmente, faz alguma intervenção”, detalha o neurologista.

A enfermeira da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), Gabrielle Mendes Gott, teve Covid-19 em março de 2020, logo que a pandemia estourou no Ceará. Durante a doença, ela lembra ter sentido muito cansaço.

“Fiquei dois meses de licença médica. Não conseguia andar, não tinha energia pra nada. Minha vida se resumia a ficar sentada o dia inteiro ou deitada. E uma falta de ar que nunca tive. Sou uma pessoa muito ativa e passei a ficar sem energia pra tudo. Eu percebi durante a Covid e após tive uma piora importante”, conta.

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Antes de chegar ao Ambulatório de Neurocovid do HUWC, a enfermeira se submeteu a uma bateria de exames solicitada por uma pneumologista do hospital. “Eu não conseguia soprar uma vela, não subia escada direito. Teve uma aula que fui dar na Meac que tive que tirar a máscara porque me sentia sufocada”, recorda, relatando que, além do sono e do cansaço exacerbados, também teve queda de cabelo e alteração importante nas taxas de colesterol

O acompanhamento do ambulatório foi “essencial”, ela diz, para não se sentir sozinha no enfrentamento às consequências da doença. “Não tem palavras pra descrever o tamanho do cuidado comigo. Venho melhorando significativamente. Simplesmente renasci”, garante Gabrielle.

Multidisciplinar

Segundo o neurologista Danilo Nunes, o atendimento ambulatorial observa o paciente em sua integralidade, separando o que é alteração orgânica e o que é psicológica ou circunstancial, e encaminhando para áreas específicas.

O médico cita ainda que, além dos sintomas inéditos pós-Covid-19, algumas condições pré-existentes podem ser agravadas pela doença. Por exemplo, um paciente obeso ou idoso que já tem distúrbios de sono pode apresentar casos ainda mais graves de sonolência. 

Atendimento

Atualmente, o ambulatório atende cerca de 100 pessoas, sempre às sextas-feiras. Médicos interessados em encaminhar pacientes para lá devem entrar em contato pelos números (85) 9 8962-4217 ou (85) 9 8972-2902 para agendar a primeira avaliação. O serviço é gratuito.

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