Hospitais privados têm 'estoque para 10 dias' após explosão em empresa de oxigênio

Associação de hospitais privados deve ser reunir na terça-feira com representantes da empresa para garantir abastecimento

Escrito por Flávio Rovere , flavio.rovere@svm.com.br
Imagem mostra cilindros de oxigênio destinados à rede hospitalar
Legenda: Unidade da White Martins que explodiu no sábado (24) em Fortaleza era responsável por envasar o oxigênio produzido na usina do Pecém. Explosão deve afetar oferta do produto, que deve vir de outros estados para não haver desabastecimento
Foto: Ministério da Saúde

A explosão ocorrida sábado (24) na fábrica da White Martins, em Fortaleza, acendeu sinal de alerta para a Associação dos Hospitais do Estado do Ceará (Ahece). Segundo a instituição, o atual estoque dos hospitais deve durar 10 dias.

De acordo com a entidade que representa 40 unidades da rede privada de saúde, cerca de 30% da demanda atual é atendida por oxigênio em cilindros, cujo envasamento acontecia exclusivamente na unidade localizada no bairro Jacarecanga,

A empresa foi contatada para apresentar um plano de contingência e o Ministério Público Estadual (MPCE) também deve ser acionado para que a recomendação de priorizar municípios do interior em relação aos cilindros seja revista temporariamente. 

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Atualização [25/04/2021, às 20h53]: na noite desde domingo (25), Camilo Santana informou em redes sociais que a unidade fabril deverá retomar o funcionamento na terça-feira (27). A confirmação é do presidente da empresa, Gilney Bastos, segundo o governador.

Presidente da Ahece, Aramicy Pinto afirma que a maior parte do oxigênio usado nos hospitais é armazenada em tanques e canalizada dentro das unidades, algumas com produção própria, mas que a demanda pelos cilindros ainda é considerável e deve ser afetada pelo incidente ocorrido sábado. 

Os cilindros hoje correspondem a aproximadamente 30% [da demanda], porque o restante já está em rede. E tem alguns hospitais nossos que têm também usina para essas emergências”
Aramicy Pinto
Presidente da Ahece

Representantes dos hospitais aguardam resposta da White Martins para que, em uma reunião na próxima terça-feira (27), sejam discutidas providências que evitem riscos de desabastecimento. Representantes da Federação das Misericórdias e Entidades Filantrópicas do Ceará (Femice) também devem participar.

“Hoje nós estamos procurando economizar ao máximo oxigênio em cilindro e estamos conversando com a White Martins. Na terça-feira, estamos tentando uma reunião online com os representantes da empresa aqui e de todos os hospitais, para a gente saber qual vai ser a conduta e qual providência eles irão tomar para substituir os nossos cilindros”, diz Aramicy. 

Demanda no Interior

No interior do Estado, por questões estruturais das unidades, a dependência de oxigênio em cilindros é ainda maior, motivo pelo qual a distribuição do gás nessa forma de armazenamento foi objeto de uma recomendação do Ministério Público. Nesta semana, a prioridade aos municípios do interior também deve ser rediscutida diante da atual situação. 

Não pode faltar para o interior e nem vai poder faltar para a Capital agora. Certamente, eles (a White Martins) vão ter que ficar também ombreados ao MP para poder ver se o órgão flexibiliza essa decisão anterior que ele tomou. A gente tem que tomar essa providência e procurar harmonizar isso aí”
Aramicy Pinto
Presidente da Ahece

Quanto ao atual estoque, Aramicy afirma que deve durar pouco mais de uma semana. “Tem estoque de cilindro para 10 dias, é sempre assim. O consumo de pacientes com Covid está caindo, e isso deve ajudar. Eu não sei qual vai ser a solução que eles vão dar. Não sei se lá no Pecém comporta fazer uma unidade emergencial de envasamento. A outra solução seria puxar os cilindros por terra já trazendo cheios de Recife”, sugere. 

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O que diz a White Martins

Em nota, a White Martins se pronunciou sobre o plano de contingência e garantiu já estar adotando medidas para manter o abastecimento. “A empresa está trazendo cilindros de outros estados e intensificando a substituição de estocagem de oxigênio na forma gasosa pela forma líquida nos estabelecimentos assistenciais de saúde. As instalações afetadas na unidade não produzem oxigênio e são destinadas apenas ao enchimento de cilindros. A produção de oxigênio líquido no estado não foi comprometida”, informou a companhia. 

E empresa também se posicionou sobre as providências de investigação da explosão. “As causas do acidente estão sendo investigadas pelas autoridades e por uma empresa especializada contratada pela White Martins. Uma equipe foi deslocada para o local para realizar uma perícia detalhada do caso. Além disso, técnicos altamente especializados estão fazendo uma avaliação das condições necessárias para que as operações no locam possam ser retomadas com segurança o mais breve possível, também em parceria com as autoridades”, diz trecho da nota.

 

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