Governo 'aluga' hotel com 130 leitos para pacientes com Covid-19 e outros diagnósticos

Estratégia de desospitalização beneficia quem saiu da fase aguda da doença e serve para acelerar a rotatividade de leitos no sistema hospitalar

Escrito por Redação ,
Um dos requisitos para vencer o edital do Governo era o hotel dispor de ambiente com extensa área verde e ar fresco.
Legenda: Um dos requisitos para vencer o edital do Governo era o hotel dispor de ambiente com extensa área verde e ar fresco.
Foto: Divulgação/Hotel Recanto Wirapuru

O Hotel Recanto Wirapuru, no Dias Macedo, foi selecionado pelo Governo do Ceará para hospedar pacientes com Covid-19 — após a fase aguda — e outros diagnósticos a partir deste mês. A ideia, segundo o edital de chamamento público, é prestar um suporte de transição entre a unidade hospitalar e a casa do paciente, oferecendo a ele reabilitação multidisciplinar envolvendo enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos e médicos.

A parceria prevê 130 leitos, distribuídos em quartos individuais ou semi-privativos, com camas, armários e banheiros. Além disso, o hotel deve oferecer alimentação e serviços de higienização, segurança e lavanderia. Tanto para o paciente como, também, para seu acompanhante.

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No documento, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) argumenta que a presença da família ou de um cuidador neste momento favorece a recuperação do paciente, uma vez que são ensinadas as formas como se deve cuidar dele no ambiente domiciliar. “Quando ocorrer a alta desse ambiente de transição para casa, ainda pode-se estabelecer um programa de atendimento domiciliar pela equipe de saúde”, garante a pasta.

Também são levados em consideração os custos com a assistência hospitalar dessas pessoas e os entraves que a permanência no hospital provocam. O texto diz, por exemplo, que “o tempo de permanência hospitalar de pacientes acometidos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) ocasionada por coronavírus é geralmente prolongado, especialmente para aqueles que necessitam de internação em UTI, que foram intubados e se mantiveram em ventilação mecânica por longos períodos”.

Para desafogar a rede hospitalar

Além de ser uma aposta em uma nova alternativa de tratamento à saúde, a “desospitalização” é uma forma de tentar desafogar a rede hospitalar para aumentar a rotatividade dos leitos.

De acordo com a plataforma IntegraSUS, que monitora a pandemia no Estado, a taxa de ocupação de leitos de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para a Covid-19 estava, às 17h04 desta terça-feira (8), em 87,22%. Já a de leitos de enfermaria, em 66,5%. Os números ainda são altos, apesar das quedas registradas nos últimos meses, desde o pico da segunda onda em março.

O sistema também mostra que, atualmente, há 106 pacientes em regulação, ou seja, esperando transferência para um hospital.

No chamamento público, o Governo alega que essa espera, inclusive, incide na alta mortalidade pela Covid-19 no Estado. Sem contar que “a desospitalização de pacientes que saíram da fase aguda da doença, que necessitam apenas de reabilitação, é ideal para o processo de recuperação e diminuição da incidência de reinfecção hospitalar”.

Parceria

Ainda não foi divulgado por quanto tempo o serviço será prestado, se já há uma lista com os possíveis candidatos às vagas no Wirapuru e de onde serão contratados os profissionais da equipe multidisciplinar que vai cuidar dos pacientes.

Contatado, o Hotel Recanto Wirapuru afirmou que se posicionará quando a parceria for devidamente firmada com o Governo do Estado.

 

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