Escolas municipais são adaptadas fisicamente em Fortaleza para possível retorno às aulas presenciais
Estruturas são modificadas para obedecer indicações sanitárias e evitar propagação do novo coronavírus entre estudantes, professores e funcionários
Abertura de janelões em substituição aos cobogós nas salas de aula, retirada de bebedouros e instalação de um maior número de pias são algumas das adaptações físicas que estão em curso nas escolas da rede pública municipal de Fortaleza. O preparo dos prédios leva em conta um possível retorno às aulas presenciais, após as férias coletivas que ocorrem este mês.
A informação sobre as reformas foi repassada ao SVM por professores e confirmada pelo prefeito Roberto Cláudio e pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute). Mas, não foi esclarecido quantas e quais escolas estão sendo adaptadas.
O SVM solicitou à Secretaria Municipal de Educação (SME), na última quinta-feira (30), informações específicas sobre esse processo de mudanças físicas, bem como valor investido na ação. Mas, desde então, não obteve resposta.
Em nota, no último sábado (1º), a SME disse que “para iniciar a preparação das unidades de ensino para o retorno das aulas presenciais, quando autorizado, a Secretaria já realizou um diagnóstico da Rede Municipal, levando em consideração as adequações dos espaços físicos, com o objetivo de atender as medidas de segurança sanitária, recomendadas pelas autoridades de saúde”.
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A pasta acrescentou que “baseado neste diagnóstico, foi elaborado um documento com orientações técnicas para a realização das intervenções, que incluem instalação de lavatórios e abertura de espaços para maior circulação de ar, entre outras”. Em entrevista ao SVM, esta semana, sem detalhar quais e quantas unidades, o prefeito Roberto Cláudio confirmou o processo de mudanças físicas.
“Banheiro, álcool em gel, acesso a sabão e água, a gente já está fazendo isso independente de saber quando as aulas vão retornar. A gente fez um entendimento com o Sindicato dos Professores de dar as férias coletivas em agosto e isso permitiria, ou permitirá, que a gente volte em setembro, mas a data específica, o faseamento e os protocolos não serão uma decisão política da Prefeitura, serão uma decisão sanitária e nós iremos obedecê-las fielmente”, afirmou.
De acordo com ele, as mudanças em curso irão assegurar, dentre outros, espaços mais arejados nas salas de aula e oportunidades de assepsia. Fortaleza, até março deste ano, tinha na rede pública municipal, cerca de 231 mil alunos, distribuídos em 582 equipamentos, entre escolas, Centros de Educação Infantil e creches conveniadas.
Mortes por Covid-19 em Fortaleza
A presidente do Sindiute, Ana Cristina Guilherme, também confirmou a ocorrência das reformas. As mudanças, garante ela, são demandas também dos professores. Segundo Ana Cristina, no aspecto estrutural, a categoria tem pleiteado a abertura de janelas, o aumento do números de pias e o fechamento de bebedouros nos prédios escolares. Nesse processo, um representante do sindicato em cada escola ficou responsável por informar sobre as necessidades estruturais específicas das instituições e as questões foram apresentadas à Prefeitura em maio.
Sem detalhar a quantidade, Ana Cristina explica que as escolas que mais precisam de reparos, que conforme ela, não são a maioria, já estão concluídas. “A Prefeitura fez o repasse financeiro e as escolas prestam contas e recebem mais repasses de acordo com a necessidade”.
A Escola Municipal Professora Belarmina Campos, no bairro Vicente Pinzón, segundo o professor de História, Pedro Monteiro, lotado na unidade, é uma das edificações que teve mudanças físicas. Os professores, conta Pedro, debateram sobre os fatores necessários para o retorno das aulas e listaram as principais demandas de melhorias estruturais. “Na minha escola um dos encaminhamentos foi abrir janelões, tirar os cobogós, para garantir a ventilação. O diretor está abrindo, colocou pias em vários pontos, tirou os bebedouros e colocou as pias”, comenta.
Pedro relata que trabalha nas séries finais do Ensino Fundamental - 6º e 7º ano - e ressalta que a escola é um ambiente de socialização onde o controle do novo coronavírus não possui garantia. “Não tem como ter um retorno às aulas no meio da pandemia. Ainda que Fortaleza, o Ceará, esteja tendo redução do número de casos, mas se você tem um grupo de 20 alunos, falo 20 por causa da proposta de reduzir as turmas pela metade, é inviável”.
Secretário afirma que haverá testagem nas escolas
Nesta terça-feira (4), o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, informou que as escolas públicas e particulares de Fortaleza vão receber testagem em massa para diagnóstico de Covid-19, e disse ainda que a Sesa está convocando “as secretarias municipais e estadual de educação para que façamos o levantamento do número de alunos por escola, e uma revisão dos protocolos de todas as unidades municipais, estaduais e da rede privada, para que haja uniformidade”.
O mesmo procedimento, explica Cabeto, está sendo adotado em cada Região do Estado. “(Para retorno das escolas) Pretendemos obedecer as quatro fases. Temos Cariri na fase 1, Sobral na fase 2, e acontecem a cada 14 dias. É importante frisar que essa estimativa de setembro foi uma medida responsável. Para tudo há fatores condicionantes. Nós esperamos que esse retorno possa acontecer em setembro, e vamos discutir se isso será faseado. O importante é a população entender que nós vencemos a luta até agora, obviamente com muitas perdas, e por isso mesmo é necessário que sejamos precavidos e responsáveis.”
Rede estadual segue em atividades remotas
Na rede pública estadual de ensino do Ceará as atividades do segundo semestre de 2020 estão sendo retomadas. Na Capital, esta rede de ensino tem 167 escolas e tem cerca de 119 mil alunos. A abertura oficial do semestre foi feita nesta segunda-feira (3) pela secretária Eliana Estrela, de forma virtual no Youtube. O retorno às atividades remotas está previsto para o próximo dia 10.
No último sábado (1º), o governador Camilo Santana informou que, considerando a necessidade de manutenção das medidas de distanciamento social para contenção do coronavírus, todas as escolas iniciarão este período letivo exclusivamente de forma remota.
As aulas presenciais só voltarão após divulgação de decreto governamental autorizando e normatizando a retomada destas atividades. A Seduc disse também sem detalhar, que “os protocolos de segurança sobre possível retomada estão sendo organizados pela Secretaria da Saúde do Estado do Ceará”.