Durante pandemia, número de ninhos de tartarugas monitorados teve redução de 25% em relação a 2019

Em Fortaleza, 27 ninhos tiveram acompanhamento no ano passado, enquanto neste ano foram apenas 20, de acordo com o Instituto Verdeluz

Escrito por Redação ,
Legenda: Durante isolamento social, placas que sinalizavam a localização dos ninhos de tartarugas foram retiradas, dificultando o trabalho dos voluntário do Instituto Verdeluz
Foto: Kid Júnior

Com o isolamento social, durante a pandemia do novo coronavírus, a equipe do Instituto Verdeluz precisou suspender o acompanhamento presencial aos ninhos de tartarugas da orla de Fortaleza. Na segunda-feira (8), conseguiram realizar o trabalho pela primeira vez desde março, ação necessária considerando que a temporada de desova encerra em julho. No entanto, entre janeiro a junho, o número de ninhos acompanhados apresentou uma redução de 25% em comparação ao ano anterior, saindo de 27 para 20. 

A expectativa inicial do grupo, para 2020, era de aumento, pois o projeto havia passado a incluir os ninhos existentes na Praia do Futuro. No entanto, conforme o Instituto, essa redução também foi constatada em relação à quantidade de ovos, em comparação com o mesmo período de 2019. A contagem saiu de 2000 para 750, apresentando uma redução de aproximadamente 62%. 

A ação ocorreu na Praia do Futuro e na Sabiaguaba. Também há um ninho na Barra do Ceará, mas com a movimentação reduzida no local, a equipe do Verdeluz suspendeu o monitoramento durante a quarentena, devendo retornar quando as atividades na cidade voltarem à normalidade. 

De acordo com uma das fundadoras do projeto Gtar-Verdeluz, Alice Frota, responsável por realizar o acompanhamento de segunda-feira (8), o monitoramento é realizado anualmente, mas a pandemia dificultou a atividade. “O ideal é que a gente faça dia sim, dia não. Por causa da limitação de voluntário, só podemos fazer uma vez por semana. Com a quarentena, diminuiu ainda mais porque paramos tudo em 14 de março”, explica. 

 

Nesse período, também, muitas das placas que sinalizavam a localização dos ninhos foram retiradas. “Quando isso acontece, fica mais difícil de achar”, compartilha a voluntária. Em alguns ninhos, abertos para contabilizar os ovos, foi constatado que em cerca de três desses, quase nenhum ovo havia eclodido ainda, podendo ser evidência de aumento da umidade, de carros passados por cima ou de intervenções humanas. Conforme Alice, não há como ter certeza. 

“É um número menor do que a gente estava esperando. A gente tem uma média de 20 ninhos na Sabiaguaba. Agora, nessa temporada, achamos três. Ano passado, nós projetamos uns 2.000 ovos eclodidos no mesmo período. Não era para ter tido essa queda”, pontua.

Para Alice, a redução de pessoas nas praias é um ponto positivo da quarentena. Como há menos banhistas, diminuem as chances dos ninhos serem revirados. 

Ajuda

O Instituto Verdeluz funciona e se organiza a partir de trabalhos voluntários, mas devido à equipe reduzida durante o isolamento social, muitos agentes do projeto não estão podendo sair às ruas

Seria bom se as pessoas pudessem comunicar para a gente, aquelas que caminham na praia. Se você ver rastros estranhos que parecem rastro de pneu que saem do mar em direção à praia, e termina com um montinho de areia, como se alguém tivesse cavado, ali pode ser ninho de tartaruga”, explica Alice. 

Para sinalizar o projeto em casos de descoberta de ninhos de tartarugas, é possível entrar em contato através do instagram @institutoverdeluz.

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