Diferença entre índices revela ampla desigualdade na Capital

Os bairros Meireles e Conjunto Palmeiras possuem o maior e menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), de Fortaleza, respectivamente, conforme o censo do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE), lançado em 2010. Naquele logradouro melhor ranqueado, muitas pessoas ainda sofrem com a desigualdade e, no Conjunto Palmeiras, a população tem diversas dificuldades devido à baixa renda. De hoje até domingo (11), o Diário do Nordeste, publica uma série de reportagens sobre o IDH de toda a Capital.

> Banco Palmas ajuda a comunidade

> Aldeota tem histórico de mudanças

> Secretaria adaptará horários de docentes

Com um IDH de 0,953, quando o mínimo é zero e o máximo é um, Meireles é, com facilidade, o bairro com maior índice da Cidade. Dentre os 119 bairros de Fortaleza o Conjunto Palmeiras é o que tem a taxa mais baixa, com apenas 0,106.

Até a década de 80, no Meireles, barraqueiros e artesões habitavam a região. No início da década de 70 várias famílias foram retiradas da faixa litorânea da Capital e enviadas para o que, agora, é o Conjunto Palmeiras

Hoje, a diferença dos logradouros pode ser notada logo pela questão visual. Enquanto, no lugar mais bem ranqueado os prédios, residências e comerciais tomam conta da paisagem, o logradouro com mais baixo índice é formado por pequenas residências. Além disso, faltam ruas asfaltadas, enquanto não se vê esse problema no outro local.

Para a aposentada Ana Paula Sena, o maior problema do Conjunto são as poucas oportunidade para os moradores. "Sempre somos os últimos a recebermos os recursos do poder público e ainda temos poucas oportunidades de melhorar a renda".

Por trabalhar e morar no Meireles, o fisioterapeuta João Victor Santana já presenciou as desigualdades do local várias vezes. "São grandes edifícios erguidos ao lado de comunidades e crianças pedindo dinheiro nos sinais, por exemplo. São coisas que os números não mostram".

Distribuição

Transporte, saneamento básico, acesso a serviços públicos e segurança não são distribuídos de maneira uniforme pela Capital. Isso aumenta e evidencia a desigualdade, afirmou o pesquisador do Laboratório de Estudos da Pobreza da Universidade Federal do ceará (LEP/CAEN/UFC), Carlos Eduardo Marino. "A pobreza e desigualdade prejudicam em maior intensidade os mais pobres, mas esse problema acaba gerando custos para a sociedade. Altos investimentos em segurança pública são um exemplo desse desperdício social".

Por conta disso, ele acredita que um programa social bem realizado, com transferência de renda, contrapartida do beneficiário e avaliação de resultados poderia ser importante.

A assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra) informou que, em julho, a Prefeitura sancionou a Lei de Incentivos Fiscais nº 205/2015, sobre a atração de investimentos às empresas instaladas em locais com baixo IDH. Além disso, no Conjunto Palmeiras existem três postos de saúde e uma UPA. Já o atendimento à população do Meireles é feito em um posto. No logradouro de pior IDH, existem seis escolas e quatro creches. No outro bairro, uma escola pública.

Enquete

O que existe de bom e de ruim no seu logradouro?

"Acho o Banco Palmas muito importante para a comunidade. É uma ajuda fundamental para todos nós. Mas, não temos espaço de lazer e faltam melhorias nas ruas que não têm nenhum asfalto"

Maria Pereira
Aposentada

"Para trabalhar, o Meireles é um bom local. A movimentação de cearenses e turistas é grande e, por isso, garante boas vendas. O grande problema é a insegurança, pois podemos ser vítimas a qualquer hora"

Manuel Sampaio
Autônomo

"O maior problema do Conjunto Ceará é a insegurança. Existe pouca movimentação nas ruas e andar a pé fica perigoso. Por conta disso, evito sair de casa sozinha, principalmente durante a noite"

Maria Vânia
Cozinheira