Coronavírus: o papel da imprensa na cobertura da pandemia

Profissionais relatam os desafios de entregar informação de qualidade em tempos de notícias falsas

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: Repórter Mateus Ferreira
Foto: Acervo pessoal

Foi em dezembro de 2019 que as notícias sobre a Covid-19 começaram a ganhar destaque nos noticiários. O Brasil teve seu primeiro caso do novo coronavírus anunciado pelo Ministério da Saúde em 26 de fevereiro de 2020. Mais de um ano depois do primeiro diagnóstico da doença no País, a demanda por informação tem sido constante.

Para atender a essa necessidade, a produção de conteúdo jornalístico precisou se adaptar para informar de modo eficiente sobre um tema até então desconhecido. Equipes de rádio, de impresso, site e TV trabalham sob nova rotina para registrar o avanço do vírus, as decisões das autoridades e o trabalho incansável de cientistas e profissionais da saúde.

O repórter do Sistema Verdes Mares, André Alencar, relembra os desafios em uma cobertura sem precedentes na TV. “As primeiras mortes já tinham sido registradas fora do Brasil e sabíamos que cedo ou tarde essa realidade seria constatada aqui no Ceará. Foi em março do ano passado, em um ao vivo para o CETV 2ª edição que mostramos as primeiras três mortes da Covid-19 aqui no estado e hoje mais de 12 mil vidas já foram perdidas”, comenta.

Histórias reais

A pandemia que assolou o Brasil e o mundo gerou histórias de perdas, resiliência e superação. Narrativas contadas por jornalistas que desafiam diariamente o isolamento social para fazer com que a notícia chegue ao público na contramão das hard news apressadamente veiculadas nas redes, a imprensa se aproximou da ciência para explicar em detalhes como proceder na pandemia, o que é o coronavírus, como usar corretamente a máscara, com que frequência usar álcool gel e por que não abraçar.

Essa realidade extenuante de produção de conteúdo tem evidenciado a importância da informação, principalmente em momentos como agora, quando mais do que nunca é necessário ter acesso a dados corretos no ritmo acelerado dos acontecimentos. 

Para mostrar o risco real de adoecimento e morte, os jornalistas precisaram chegar às UPAs e hospitais, como fez a repórter Fernanda Aires nas matérias da TV Verdes Mares. A jornalista relembra emocionada um caso que presenciou em uma das transmissões ao vivo. “Faltavam uns dois minutos para entrar no ar quando eu ouvi gritos desesperados. Me virei e percebi que se tratava de uma filha que acabara de perder a mãe e naquele momento eu não consegui segurar o choro, comecei a transmissão bem emocionada.”

Legenda: A jornalista Fernanda Aires
Foto: Acervo pessoal

Informação x Desinformação

O risco de acessar o interior das unidades de saúde pelos profissionais da imprensa apresentou uma nova realidade. Pessoas que antes seriam fontes de informação, agora produzem conteúdo para jornalistas utilizarem nas reportagens, como vídeos gravados por profissionais da saúde relatando a rotina de trabalho e o agravamento do quadro de contaminação no País; e familiares de pacientes mostrando as condições de atendimento.

A Covid-19 veio acompanhada de um fenômeno já conhecido e que tem afetado toda a sociedade contemporânea, as fake news. A medicina sabia muito pouco sobre a doença, muito menos sobre sua cura, terreno fértil para o surgimento de boatos, especulações e soluções milagrosas que não colaboram em nada para o combate ao vírus. 

Diante desse cenário, os profissionais da imprensa têm sido capazes de basear suas reportagens em fontes verificadas, o que dá mais credibilidade e confiabilidade para a notícia, um antídoto contra as notícias falsas.

Esperança

Mas nem só de notícias tristes vive a imprensa em tempos de pandemia. A fé e a esperança de dias melhores também são narradas por profissionais que registram, por exemplo, a alta de pacientes internados, conforme relato do repórter da TV Verdes Mares em Sobral, Mateus Ferreira. “Contar a histórias de pessoas que venceram a doença depois de passarem 10, 15, 30 dias internadas e na saída elas colocarem aquelas plaquinhas com a frase ‘Eu venci a Covid’ e serem aplaudidas pela equipe de saúde. Isso pra mim foi bem marcante”, relembra.

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