Conflito entre taxista e motorista da Uber tem perseguição, colisões e cerco nas ruas de Fortaleza
Dentro do veículo da Uber estavam dois passageiros, um deles portador de necessidades especiais
Fortaleza registrou, na madrugada desta sexta-feira (13), mais um conflito envolvendo taxitas contrários à operação da Uber na Capital. Desta vez, o desentendimento entre os motoristas levou a uma perseguição em alta velocidade com batidas e risco aos passageiros, incluindo um portador de necessidades especiais.
Segundo o relato dos envolvidos, a confusão começou depois de 1h da madrugada, quando o taxista Pedro Henrique dos Santos reconheceu o veículo da Uber passando pela Rua Gonçalves Ledo e tentou pará-lo. Assustado, o outro motorista bateu no táxi e fugiu, inciando a perseguição que só terminou na Praia de Iracema.
“Tivemos uma denúncia de um companheiro do grupo [de Whatsapp] de que esse carro é o da Uber, irregular. Íamos parar ele (sic), mas não paramos porque ele bateu na traseira do meu carro”, disse o taxista. O veículo da Uber dobrou na Av. Santos Dumont e Pedro Henrique tentou passar à frente do outro carro, quando acontece a segunda colisão. “Ele bate na frente do meu carro, e pega a Av. Duque de Caxias. Ele empreendeu fuga, e eu fui atrás dele”, explicou.
Ainda conforme o taxista, o veículo perseguido acessou a Av. Dom Manuel, no sentindo praia, pela contramão a 120 km/h. Na mesma velocidade, mas na mão normal, Pedro Henrique disse que a Uber cruzou o sinal vermelho e, para não bater numa van que cruzava a via, mudou para a faixa correta e continuou fugindo atá a Av. Historiador Raimundo Girão.
Ao entrar na Rua Idelfonso Albano, “eu parei do lado e veio outra colisão na lateral direita do meu carro”, relatou Pedro Henrique. Logo a rua estava cheia de táxis que cercaram o carro da Uber.
O motorista perseguido, que não quis se identificar, disse que bateu ao tentar escapar de uma agressão. “Eu fiquei nervoso. Já sabia que os taxistas não estão gostando da Uber. Eu tentei sair para ir atrás de uma viatura [da Polícia], porque eu fiquei com medo pela minha vida”, relatou.
Dentro da Uber estavam dois passageiros, um deles portador de necessidades especiais. “Se eu soubesse que era só para parar e tirar os passageiros para ir no táxi, tinha dado tudo certo”, explicou.
Com a chegada da Polícia, o caso terminou sem agressões. A ação foi testemunhada pelo jornalista Paulo Mota, que registrou o cerco na Rua Idelfonso Albano e enviou ao Diário do Nordeste através da ferramenta VC Repórter/Whatsapp.
“Era cerca de 1h30 da manhã quando ouvi a confusão. Foi quando cercaram o carro e, de repente, começaram a chegar muitos táxis”, relatou o jornalista. Paulo Mota havia acabado de chegar de São Paulo, onde a hostilização de taxistas a motoristas da Uber tem se tornado comum. E este já é o segundo conflito testemunhado por ele na mesma rua. “Faz una 15 dias que teve outra confusão, no cruzamento com a Av. Monsenhor Tabosa, durante o dia”, disse. “Os ânimos estão exaltados”, concluiu.
O argumento dos taxitas é de que a Uber opera ilegalmente na Capital. “Aqui eu pago para rodar. Pago taxas da Prefeitura de Fortaleza, pago os impostos, pago diárias caras para exercer a profissão dentro lei. E [a Uber], enquanto tiver fora da lei, é crime”, opinou o taxista Pedro Henrique.