Ceará confirma primeiros casos da variante Mu; veja o que já se sabe sobre essa "nova cepa"
Dois casos da variante foram confirmados pela Sesa. As cearenses são duas mulheres que moram em Fortaleza, com idades de 45 e 47 anos e ambas tomaram apenas uma dose da vacina
O Ceará confirmou os primeiros casos de variante Mu (ou B.1.621) do coronavírus, segundo informação divulgada pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) nesta quarta-feira (15). Esta variante é monitorada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Um dos alertas relacionados à ela são os sinais de uma possível resistência às vacinas. Contudo, mais estudos são necessários para confirmar essa evidência.
Dois casos da variante foram confirmados pela Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). As cearenses que tiveram Covid-19 pela cepa Mu são duas mulheres que moram em Fortaleza, com idades de 45 e 47 anos.
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Elas tomaram uma dose da vacina e têm histórico de viagem para a Colômbia. Segundo o rastreamento do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), elas desembarcaram na capital cearense no dia 6 de julho com sintomas gripais, foram a unidades de saúde e cumpriram autoisolamento durante a infecção.
A variante Mu foi inicialmente identificada em janeiro de 2021 na Colômbia, segundo a OMS. No boletim epidemiológico do dia 31 de agosto, a OMS informou que ela entrou para a lista de mutações do Sars-CoV-2 sob monitoramento e tem se tornando cada vez mais prevalente na Colômbia e no Equador. No Brasil, a variante Mu já foi identificada também em Minas Gerais, com três pessoas contaminadas em Virginópolis e duas em Guanhães, ambas cidades da na Região Leste do estado.
A variante Mu é considerada pela OMS “de interesse" já que tem indicativos de que pode escapar da imunidade, ou seja, possui uma série de mutações que sugerem que poderia ser mais resistente às vacinas e isso pode representar uma ameaça à imunização. Porém, essa possibilidade, reforça a OMS, ainda precisa ser confirmada por mais estudos.
Diferenças para outras variantes
A classificação "variante de interesse" é um nível abaixo das “variantes de preocupação” como a Alpha, Beta, Gamma e Delta, classificadas assim pela OMS. Pois, estas últimas apresentam alterações que podem afetar as propriedades do vírus, e como efeito podem aumentar a capacidade de transmissão ou da gravidade da doença, além de também afetar a eficácia das vacinas.
Desde março de 2021 a OMS monitora as variantes. A OMS, com a colaboração de autoridades nacionais, instituições e pesquisadores, avalia rotineiramente se as variantes do coronavírus alteram parâmetros como: a transmissão ou as características da doença, o efeito da vacina, o tratamento, o diagnóstico, dentre outros.
Além da variante Mu, outras quatro também são classificadas, atualmente, pela OMS como “de interesse”, são elas: Eta (B.1.525), identificada em vários países; Lota (B.1.526), identificada nos Estados Unidos; Kappa (B.1.617.1), identificada na Índia; Lambda (C.37), identificada no Peru.
Variantes no Ceará
No Ceará, em fevereiro de 2021, a Sesa divulgou as primeiras detecções dos casos da variante Delta. No dia 31 de agosto, quando foi anunciado o primeiro óbito de um paciente contaminado pela Delta no Estado, segundo a Secretaria, o número de casos identificados com a cepa, detectada inicialmente na Índia, chegava a 96. O paciente que morreu não estava vacinado.
De acordo com a Sesa, o Ceará já registra 122 residentes ou visitantes com a variante Delta do coronavírus, mutação de maior preocupação no mundo atualmente. Dentre os pacientes infectados, 39 não têm histórico de viagem, o que os classifica como transmissão comunitária. Um óbito foi registrado.
“Temos 29 municípios com casos confirmados, na semana anterior eram 25. Esse crescimento da transmissão preocupa, por isso a Sesa reforçou as barreiras sanitárias, com testagem de passageiros, e orienta os municípios a fazerem o mesmo, sobretudo nas rodoviárias”, alertou Ricristhi Gonçalves, secretária executiva de Vigilância e Regulação em Saúde da Sesa.
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Entre os 122 casos de variante Delta, 30 foram pessoas que passaram pelo Centro de Testagem (CT) de Viajantes montado pela Sesa no Aeroporto Internacional de Fortaleza – Pinto Martins. Mais da metade (17) são procedentes do estado do Rio de Janeiro. Distrito Federal, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco e México sao outros locais de origem dos viajantes.
O rastreamento apontou que os outros 92 pacientes foram tripulantes de um navio ancorado no Mucuripe procedente das Filipinas; pessoas que não passaram pelo CT do Aeroporto, mas têm histórico de viagem para Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Estados Unidos (estes foram testados em unidades de saúde). São 39 casos de transmissão comunitária; e 14 em investigação.
Dos 122 pacientes identificados com a Delta, somente 39 foram vacinados contra a Covi, sendo 20 com duas doses ou dose única. Os residentes do Ceará e visitantes identificados pela Rede Genômica da Fiocruz moram nos municípios de Aquiraz, Aracati, Beberibe, Cascavel, Caucaia, Choró, Crateús, Eusébio, Fortaleza, Hidrolândia, Ibiapina, Icó, Ipaporanga, Ipueiras, Irauçuba, Itapipoca, Jaguaretama, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Paraipaba, Pentecoste, Poranga, Quixeramobim, Redenção, São Gonçalo do Amarante, Sobral, Tauá e Umirim, além de Brasília (DF), Campo Largo (PR), Maricá (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).