86% dos atendimentos por síndrome gripal em UPAs estão relacionados à Covid-19

No último ano, as unidades de pronto atendimento receberam diariamente uma média de 257 pessoas com sintomas gripais. Epidemiologista alerta sobre as infecções respiratórias e a chegada da quadra chuvosa

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Redação metro@svm.com.br
(Atualizado às 15:01, em 28 de Janeiro de 2021)
A UPA do bairro Jangurussu é a unidade com maior número de registros de casos de síndromes gripais
Legenda: A UPA do bairro Jangurussu é a unidade com maior número de registros de casos de síndromes gripais
Foto: José Leomar

Entre janeiro de 2020 e janeiro de 2021, dos 101.087 atendimentos por síndrome gripal registrados em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Fortaleza, 87.066 estavam relacionados à Covid-19. Os dados são da atualização mais recente da aba Acompanhamento dos atendimentos por Síndrome Gripal, seção da plataforma IntegraSUS. O portal da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) acompanha os atendimentos em nove dos 12 centros de saúde da Capital. São considerados ligados ao novo coronavírus (Sars-Cov-2) os casos com sintomatologia similar à infecção.   

 

A UPA do bairro Itaperi é o centro com mais casos confirmados de Covid-19. No período, 2.355 pacientes foram diagnosticados para a doença na unidade. Dão continuidade à lista as UPAs no bairro Jangurussu, com 2.077 ocorrências, Cristo Redentor (1.465) e a unidade no bairro Messejana (1.143). 

Considerando todos os acompanhamentos de síndromes gripais, a UPA do bairro Jangurussu é a unidade com maior número de registros: por lá, foram 16.127 atendimentos por infecções gripais. Aparecem também no ranking dos cinco maiores acumulados os centros dos bairros Praia do Futuro (13.987), Messejana (12.179), Canindezinho (11.199), José Walter (11.110).

Ainda conforme os dados do painel, a procura por atendimento, considerando todas as unidades acompanhadas, fica em torno dos 257,88 pacientes por dia. 

Confira os atendimentos por UPA

  • UPA Autran Nunes: 10.878 (907 confirmações de Covid-19)
  • UPA Canindezinho: 11.199 (715 confirmações de Covid-19)
  • UPA Conjunto Ceará: 5.827 (867 confirmações de Covid-19
  • UPA Cristo Redentor: 10.053 (1.465 confirmações de Covid-19)
  • UPA Itaperi: 9.727 (2.355 confirmações de Covid-19)
  • UPA Jangurussu: 16.127 (2.077 confirmações de Covid-19)
  • UPA José Walter: 11.110 (1.066 confirmações de Covid-19)
  • UPA Messejana: 12.179 (1.143 confirmações de Covid-19)
  • UPA Praia do Futuro: 13.987 (1.040 confirmações de Covid-19)

Mortes por Covid-19 em Fortaleza

Sintomas e cuidados

Uma das atendidas no período foi a técnica de enfermagem Greice Campos. Ela recorreu à UPA duas vezes após apresentar sintomas de Covid-19. Em ambas as ocasiões, os testes retornaram como positivo. "Comecei sentindo ânsia de vômito. Estava trabalhando, no plantão. Estava sentindo diarreia e febre. Fui a um hospital aqui próximo, mas só fui medicada e fui pra casa", conta. Dois dias depois ela retornou para a UPA porque os sintomas aumentaram. O resultado positivo chegou quatro dias depois.

Mesmo antes de receber os exames, no entanto, Greice já adiantou os cuidados em casa e no traballho. "Das duas vezes, no ato da suspeita, já fui afastada antes do resultado", relembra.

Período de chuvas exige atenção

Por isso, com a chegada do período de chuvas no Ceará em meio à pandemia, quem percebe sinais de síndrome respiratória deve ficar atento, alerta a epidemiologista Caroline Gurgel. O motivo é a similaridade dos sintomas. “Não tem como a gente distinguir um agente que está causando a doença naquele momento” conta a médica, docente da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC). Para Caroline, a procura por atendimentos nas unidades de saúde é sinal de que a circulação do vírus permanece relevante.

“É um termômetro para que o vírus está circulando e muito do lado de fora do atendimento médico. Se pelo menos 20% dos casos de Covid-19 precisam procurar o atendimento médico, imagina o quanto está na rua?”, analisa.

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O volume de pacientes, inclusive, seria tanto uma consequência da pandemia quanto do período chuvoso. “Já é conhecido que existe uma procura maior por conta dos vírus circulantes. No entanto, antes deles começarem a aparecer, nós já tínhamos um aumento nos casos Covid desde dezembro. Por isso, vejo que temos uma quantidade enorme de casos de Covid circulando com vírus já endêmicos”, relata a especialista. 

A saída é manter os cuidados — e isso vale tanto para prevenir as infecções relacionadas ao coronavírus (Sars-Cov-2) como outros agentes causadores de doenças respiratórias. “Os cuidados são os mesmos: utilizar máscara de forma constante, lavagem das mãos e uso do álcool gel. Evitar ao máximo aglomerações. Com as aglomerações, estou propiciando os vírus à novas mutações. Não sabemos se essas variantes causam doenças mais graves”, alerta. 

 

 

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