105 bairros de Fortaleza têm mais que o dobro de casos de Covid do início do ano; veja mapa

Localidade com maior avanço de infecções foi o Praia do Futuro II, que tem 6 vezes mais confirmações do que em janeiro

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Aldeota Fortaleza pandemia
Legenda: Aldeota é 2º bairro com mais casos acumulados, atrás apenas do vizinho Meireles
Foto: Carlos Marlon

O pico da segunda onda de Covid-19 em Fortaleza passou, mas deixou um rastro de estatísticas preocupantes: entre janeiro e abril, o número de casos mais do que dobrou em 105 bairros (veja lista e situação do seu bairro abaixo).

No Praia do Futuro II, por exemplo, a soma saltou de 102 para 605 (6 vezes mais), em menos de três meses. O levantamento foi feito por meio dos boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de 8 de janeiro, o primeiro deste ano, e 30 de abril, o mais recente.

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Os cinco bairros que registraram avanço mais rápido da doença estão em áreas periféricas da cidade: Praia do Futuro II, com 605 infecções confirmadas até abril, seis vezes mais do que em janeiro; e Parque Presidente Vargas, com 414; Dendê, com 209; Ancuri, com 648; Aracapé, com 308 confirmações, todos com o triplo de casos de janeiro.

Os pontos da capital com crescimento mais lento de casos, embora ainda alto, são Praia do Futuro I, com acúmulo de 375 infectados em abril, 38% a mais do início de 2021; Messejana, com 4.461 casos (43% a mais); De Lourdes, com 258 (55% a mais); Pirambu, com 429 (73% a mais) e Meireles, com 5.649 casos (79% a mais).

Saiba como está a situação da pandemia no seu bairro:

Até a última sexta-feira (30), o bairro de Fortaleza com mais casos acumulados de Covid-19 era o Meireles, seguido por Aldeota, Messejana, Mondubim e Centro. Juntos, somam 23.178 pessoas que contraíram a virose pandêmica.

Os pontos com menores números de confirmações acumuladas desde março de 2020 são Moura Brasil, Aeroporto, Conjunto Ceará II, Dendê e Couto Fernandes, que contabilizam, os cinco, 890 infecções confirmadas.

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Por trás de um dos dígitos está a vendedora Larissa Aguiar, 36, que mora no Centro da cidade e testou positivo para a Covid no início de março deste ano. O quadro, felizmente, foi como o de uma gripe comum, mas incluiu um sintoma típico da doença e que a aflige até hoje: a ausência de olfato e paladar.

"Isso de não sentir o gosto e o cheiro das coisas incomoda muito. Mas meus sintomas foram mais tranquilos, se comparar com as situações de outras pessoas, né? Um rapaz aqui da rua perdeu o pai”, exemplifica.

Bairros que mais preocupam

Em entrevista ao Diário do Nordeste, na última quarta-feira (26), Antonio Lima, coordenador da Vigilância Epidemiológica da SMS, afirmou que bairros como Grande Pirambu, Benfica, Bairro de Fátima, Serrinha e outros da antiga Regional VI são os que mais preocupam as autoridades de saúde, hoje.

O avanço da pandemia envolve faixa etária, distribuição demográfica, densidade populacional, quantidade de pessoas por domicílio, aspectos socioeconômicos, acesso a serviço de saúde, onde chegou primeiro e por último. É uma série de fatores.

Apesar de os dados por bairro serem importantes para monitoramento e para adaptações necessárias na rede de assistência em saúde, eles estão sujeitos a erros, como pontua o gestor. Endereços incorretos, nomes de ruas duplicados e até o não preenchimento do campo podem prejudicar a geolocalização da doença.

O epidemiologista destaca, porém, que “80% ou mais das pessoas que morrem nas grandes capitais são moradoras de áreas periféricas”, não só por deficiências na assistência em saúde, mas também “por uma série de desigualdades históricas”. “Dizem muito que é uma epidemia democrática, mas não é bem assim”, analisa.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
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