Hospital emergencial no estádio PV ganhará mais 132 leitos de UTIs

Exclusiva para Covid-19, a unidade começou a operar ontem com 51 dos 204 leitos instalados. Em maio, quando a Prefeitura de Fortaleza entregar as novas acomodações, o equipamento terá capacidade para receber 336 pacientes

Escrito por Felipe Mesquita , felipe.mesquita@svm.com.br
Legenda: Após expansão, unidade terá 336 leitos no próximo mês
Foto: FOTO: CAMILA LIMA

No Ceará, a demanda mais acentuada por leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) está em Fortaleza, que concentra 83,6% dos casos de Covid-19. Dois hospitais particulares já foram requeridos pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), um deles já em funcionamento, para pacientes graves da Capital. No âmbito municipal, 132 novos leitos serão entregues na primeira quinzena de maio no hospital emergencial construído no estádio Presidente Vargas (PV).

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O anúncio da expansão foi feito na tarde desse sábado (18) pelo prefeito Roberto Cláudio durante visita de inspeção à unidade, que já está apta a realizar os primeiros acolhimentos. As internações de pacientes vindos das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) iniciaram na noite de ontem e devem se estender ao longo deste domingo (19). Equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (192) são responsáveis pela transferência.

 

"É uma operação demorada, porque tem que ser um por vez. A gente já libera no começo da noite para receber. Agora, vai depender muito da estabilidade dos pacientes, do tempo burocrático de saída da UPA para chegar aqui, mas já hoje deve receber alguns pacientes", explica o prefeito Roberto Cláudio.

Capacidade

A unidade começou a operar com 51 leitos, sendo 10 de UTI. Todas as 204 acomodações prometidas inicialmente pelo Executivo municipal serão entregues até a próxima sexta-feira (24). Com os 132 leitos anunciados para o mês que vem, o hospital de campanha vai atingir a capacidade máxima de 336.

Apesar do estímulo para aumento operacional de leitos, o prefeito estima que no início de maio parte da estrutura esteja com ocupação esgotada. "Eventualmente, a gente pode vir a ter, mesmo com 204 leitos, o hospital lotado precisando de leitos novos", aponta. Isto se deve, ele justifica, pela velocidade da circulação viral que já atinge toda a Capital. "A tendência é aumento progressivo da busca por serviços à medida que essa contaminação for se disseminando".

Conforme a titular da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Joana Maciel, todos os leitos de enfermarias têm "instalação elétrica, hidráulica e de gases medicinais" que viabilizam a adaptação para UTI se houver alta procura. No entanto, a prioridade assistencial é para pacientes estáveis e com indicação de internação.

Se houver agravamento do quadro de saúde dos internados, o hospital consegue remanejá-los. "A gente tem observado na evolução clínica da Covid-19 que alguns pacientes, mesmo com estado inicial estável, evoluem para insuficiência respiratória. Esses 10 leitos de UTI é para atender uma demanda interna", esclarece Joana Maciel.

Pessoas infectadas pelo novo coronavírus Sars-Cov-2 que possuem encaminhamento para UTI serão recebidas no IJF 2, que tem 40 leitos. Na segunda-feira (20), mais 10 serão entregues, segundo Roberto Cláudio. Ao fim deste mês, a ideia é que sejam instalados outros 44, dependendo da chegada de 100 ventiladores pulmonares previstos para esta semana.

Panorama

O último boletim epidemiológico do IntegraSUS evidencia que Fortaleza continua sendo o epicentro da pandemia no Ceará. De acordo com dados atualizados pela Sesa às 17h de ontem, a cidade reunia 2.562 dos 3.062 pacientes com testagem positiva à Covid-19. Ao mesmo tempo, acumulava 141 das 180 mortes em decorrência da doença.

Com exceção da Capital, os municípios com maior incidência do coronavírus são Caucaia (78), Maracanaú (63) e Aquiraz (38), localizados na Região Metropolitana (RMF). No interior, Sobral lidera com 24 casos anotados no informe da Pasta. A prefeitura do município, porém, indica 69 resultados. Ao todo, 87 cidades têm registros de infecções.

O Estado é o primeiro do Nordeste e o terceiro do Brasil em volume de casos, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, que somam 13.894 e 4.543 contaminações, respectivamente. A taxa de letalidade no Ceará chegou a 5,9%, enquanto a média nacional é de 6,4%.

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