Problemas no avião, socos e algemas: brasileiros deportados dos Estados Unidos relatam agressões na volta ao Brasil
Primeiro avião com deportados pousou na noite deste sábado (25)

O primeiro avião com brasileiros deportados dos Estados Unidos pousou na noite deste sábado (25). As deportações de imigrantes foi uma das primeiras medidas adotadas pelo presidente Donald Trump após tomar posse para o segundo mandato.
Chegaram ao Brasil, no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, 88 brasileiros. Eles contaram uma experiência traumática de retorno ao país, com relatos de agressões verbais e físicas, além da situação precária da viagem. As informações são do g1.
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O risco da aeronave foi identificado pelo governo brasileiro, que solicitou um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) na escala em Manaus para levar os brasileiros até Belo Horizonte com dignidade e segurança.
O Brasil afirmou que pedirá explicações ao Governo Trump pelo que chamou de "desrespeito aos direitos fundamentais" dos brasileiros deportados. O informe foi feito pelo Itamaraty.
Algemas e agressões
Também foi nesse ponto da viagem que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou a retirada das algemas de muitos brasileiros que estavam no voo — eles foram acorrentados pelos agentes da imigração dos Estados Unidos.
“Foi terrível, vim preso nos braços, nas pernas e na cintura, eles não respeitaram a gente. Bateram em nós. Disseram que iam deixar derrubar o avião e que o nosso governo não era de nada”, contou o brasileiro Carlos Vinícius de Jesus, de 29 anos.
Ele não foi o único. Diversos homens brasileiros relataram terem vindo algemados durante quase todo o percurso. Além disso, eles relataram que foram alvo de agressões físicas como empurrões, tapas e murros.
Carlos Vinícuis tentou imigrar ilegalmente pelo México em 2023 e foi pego durante a travessia. Ele, que estava preso desde então, disse estar aliviado de voltar ao Brasil.
O sentimento é compartilhado por Sandra Pereira de Souza, de 36 anos. Ela retornou ao Brasil com o marido e dois filhos pequenos. A família morava de forma ilegal nos EUA há três anos e meio.
Sandra relatou que eles saíram de casa acreditando que iriam para uma reunião, mas foram colocados no avião para serem deportados. Eles estavam apenas com os pertences que tinham em mãos. No retorno, uma experiência de terror.
“Um inferno, uma tortura desde que saímos da Louisiana. Deu para perceber que o avião tinha algum problema. Acho que foi uma falta de compromisso deles com os seres humanos, a gente estava morrendo de medo de morrer”, disse.
A família agora diz que quer apenas reconstruir a vida no Brasil.
Condições do avião
Além das agressões e humilhações, o risco visto na aeronave que trouxe os brasileiros de volta também deixou todos os passageiros com medo.
O avião precisou parar no Panamá por problemas técnicos. A tripulação decidiu seguir viagem com a mesma aeronave, apesar disso.
“O avião estava em condições precárias, teve que viajar com o mecânico dentro do avião, eu nunca vi isso. O avião não queria funcionar”, contou Kaleb Barbosa, de 28 anos, que migrou para os Estados Unidos há seis anos.
Ele conta que o ar-condicionado parou de funcionar, o que fez muitas pessoas passarem mal. Algumas chegaram a desmaiar. Além disso, as turbinas "estavam parando".
Logo após o pouco em Manaus, as turbinas do avião começaram a pegar fogo. Segundo ele, se não fosse a intervenção do governo e a mudança para um avião da FAB, todos poderiam estar mortos.