Rússia diz ter invadido Mariupol e Putin celebra "libertação" da cidade ucraniana

Ainda há cerca de 2 mil militares ucranianos resistindo nas instalações industriais

Escrito por AFP/Diário do Nordeste ,
Parte da cidade de Mariupol, na Ucrânia, bombardeada.
Legenda: A cidade de Mariupol, na Ucrânia, foi tomada pelos russos. Putin comemorou.
Foto: Handout/Mariupol City Council/AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira (21) que as tropas do país tomaram com "sucesso" o controle da cidade ucraniana de Mariupol e ordenou o cerco aos últimos combatentes entrincheirados na fábrica de Azovstal, mas sem um ataque.

"O fim do trabalho de libertação de Mariupol é um sucesso", declarou Putin ao ministro da Defesa, Serguei Shoigu, em um encontro exibido na televisão.

O presidente russo também indicou que prefere cercar os últimos combatentes ucranianos na fábrica de Azovstal, porque um ataque provocaria muitas mortes. A área tem uma ampla rede de galerias subterrâneas.

"Considero que o ataque proposto na zona industrial não é apropriado. Ordeno o cancelamento", disse Putin.

"Precisamos pensar (...) na vida de nossos soldados e oficiais. Não há necessidade de entrar nestas catacumbas e rastejar no subsolo através das instalações industriais. Bloqueiem toda a área industrial para que nem mesmo uma mosca possa escapar", disse Putin.

Quase 2 mil militares ucranianos permanecem nas instalações industriais, segundo o ministro russo da Defesa.

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Redenção


Putin prometeu ainda "redenção" aos combatentes que entregarem suas armas. "Proponham mais uma vez a todos aqueles que não entregaram as armas que o façam, o lado russo garante a vidas e que serão tratados com dignidade", afirmou.

Negociação com a Ucrânia


A Ucrânia propôs nesta quarta-feira (20) a realização de uma "rodada especial" de negociações em Mariupol, disse um alto funcionário de Kiev. 

"Sim, sem nenhuma condição. Estamos dispostos a realizar uma 'rodada especial de negociações' em Mariupol", afirmou no Twitter o negociador ucraniano e assessor presidencial Mijailo Podoliak.

Outro negociador ucraniano, David Arakhamia, disse no Telegram que ele e Podoliak "estão prontos para ir a Mariupol para conversar com o lado russo sobre a evacuação de nossa guarnição militar e dos civis".

Nesta quarta-feira, Svyatoslav Palamar, vice-comandante do regimento Azov que defende a cidade contra o cerco russo, disse que suas forças concordaram em ser evacuadas junto com civis do porto estratégico do sul do país, quase totalmente destruído após semanas de bombardeios.

"Estamos prontos para ser evacuados com a ajuda de um terceiro da cidade de Mariupol com nossas armas pequenas", afirmou Palamar em um vídeo postado no Telegram. "Para evacuar os feridos, remover os corpos dos mortos e enterrá-los com honras em território não controlado pela Federação Russa", acrescentou.

Não houve reação imediata de Moscou à proposta.

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