Entenda como piada ofensiva sobre Porto Rico pode impactar Trump na reta final das eleições nos EUA

Fala do comediante Tony Hinchcliffe chamando o território americano de "ilha flutuante de lixo" gerou indignação e acusações de racismo

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Diário do Nordeste/AFP producaodiario@svm.com.br
Montagem mostra imagem de Trump em comício, na esquerda, e foto de Tony Hinchcliffe. Entenda como piada ofensiva sobre Porto Rico pode impactar Trump na reta final das eleições nos EUA
Legenda: Comentários de comediante não representaria a opinião do ex-presidente, disse uma porta-voz do político
Foto: SHUTTERSTOCK E ANGELA WEISS/AFP

A poucos dias da realização das eleições nos Estados Unidos, uma piada feita durante um comício de Donald Trump, no domingo (27), gerou indignação e acusações de racismo. Na ocasião, o comediante Tony Hinchcliffe disse que o território americano de Porto Rico é uma "ilha flutuante de lixo", gerando reações do governador local, além de irritar democratas, alguns republicanos e artistas como Bad Bunny, Jennifer Lopez e Ricky Martin.

Durante o evento do candidato, o apresentador de podcast destacou que a localidade gera mais resíduos sólidos por dia do que a média do país.

"Há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano neste momento, acho que se chama Porto Rico", disparou Hinchcliffe.

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As palavras deles não pararam por aí. O comediante também zombou dos latinos, dizendo que "eles adoram fazer bebês", parodiou judeus e palestinos e ridicularizou um homem negro com o estereótipo de que afro-americanos gostam muito de melancia.

O que foi dito no comício foi "racismo", declarou à agência AFP Denis Castro, um aposentado de 60 anos que vive no bairro de Bushwick, em Nova York. As condenações foram unânimes entre os democratas, começando pelo próprio governador de Porto Rico, Pedro Pierluisi.

"Lixo é o que saiu da boca de Tony Hinchcliffe, e todos os que o aplaudiram deveriam se sentir envergonhados por desrespeitar Porto Rico", protestou o democrata na rede social X. "Comentários como esse expõem os preconceitos e o racismo que, lamentavelmente, ainda existem em nossa nação", acrescentou.

Apesar de Porto Rico integrar o território dos Estados Unidos, os porto-riquenhos não podem votar nas eleições presidenciais, assim como os cidadãos de outros territórios americanos, como as Ilhas Virgens, Ilhas Marianas do Norte, Samoa Americana, Guam ou Ilhas Menores Distantes.

No entanto, cidadãos nascidos nessa localidade podem votar no pleito presidencial se residirem em um dos 50 estados continentais dos Estados Unidos, além do distrito de Columbia. A Pensilvânia, um estado chave que pode decidir o resultado das eleições, conta com meio milhão de porto-riquenhos.

Reações

A vice-presidente e candidata democrata Kamala Harris reagiu com um vídeo em que promete "desenhar um caminho novo e feliz para o futuro" de Porto Rico.

O cantor de reggaeton Bad Bunny, um dos artistas latinos mais ouvidos nos Estados Unidos, compartilhou a mensagem no Instagram como forma de apoio à democrata. "Isso é o que pensam de nós", afirmou Ricky Martin na mesma plataforma, além de compartilhar o vídeo e pedir votos para a vice-presidente. Outros, como Marc Anthony e Jennifer Lopez, filha de porto-riquenhos e que tem 250 milhões de seguidores nas redes sociais, seguiram seus passos.

"Essa piada não reflete a opinião do presidente", afirmou uma das porta-vozes de Trump.

Longe de se desculpar, Tony Hinchcliffe reprovou as vozes críticas, que, segundo ele, "não têm senso de humor". Outros participantes usaram uma retórica abertamente sexista e racista para fazer comentários sexualmente desrespeitosos sobre Kamala, chamando-a de "o anticristo".

No domingo, Trump aproveitou o evento — comparado pelos democratas a um infame comício de fascistas americanos no mesmo local em 1939 — para atacar a imigração ilegal e os opositores, os quais voltou a chamar de "inimigo interno".

Ele viajou nessa segunda-feira (28) à Geórgia para se reunir com pastores e líderes religiosos, além de realizar um comício em Atlanta, capital deste estado do sudeste americano. As eleições dos EUA acontecem em 5 de novembro

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