Donald Trump encerra programa de US$ 258 milhões para pesquisa de vacina contra o HIV

A interrupção do programa soma-se a uma série de cortes promovidos na área

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Redação producaodiario@svm.com.br
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Legenda: Segundo uma fonte dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), os consórcios de desenvolvimento de vacinas e imunologia para HIV/AIDS foram revisados pelo NIH, que preferiu focar em abordagens atualmente disponíveis para eliminar as infecções.
Foto: AFP/Arquivo

O governo de Donaldo Trump, nos Estados Unidos, decidiu encerrar um programa de US$ 258 milhões voltado à pesquisa de vacinas contra o HIV. A decisão foi comunicada nessa sexta-feira (31) a pesquisadores da Universidade Duke e do Instituto de Pesquisa Scripps, que lideravam o projeto com apoio de uma ampla rede de parceiros científicos.

O programa era considerado essencial no desenvolvimento não só de vacinas contra o HIV, mas também com aplicações em outras áreas, como medicamentos para Covid-19, antídotos contra venenos e terapias para doenças autoimunes. 

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Segundo uma fonte dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), os consórcios de desenvolvimento de vacinas e imunologia para HIV/AIDS foram revisados pelo NIH, que preferiu focar em abordagens atualmente disponíveis para eliminar as infecções. Foi o que revelou o jornal O Globo.

A interrupção do programa soma-se a uma série de cortes promovidos na área, incluindo a retenção recente de recursos de governo para a área e a suspensão do financiamento de um ensaio clínico de vacina contra o HIV desenvolvido pela empresa Moderna.

Apesar de a taxa de novas infecções por HIV estar em queda desde 2010, a Organização Mundial da Saúde registrou 1,3 milhão de novos casos em 2023, incluindo cerca de 120 mil crianças. Diante disso, pesquisadores reforçam que a vacina ainda é um elemento indispensável no controle da doença.

“A pandemia de HIV nunca será encerrada sem uma vacina, então acabar com a pesquisa de uma vacina acabará matando pessoas”, alertou John Moore, especialista em HIV da Weill Cornell Medical. 

“Praticamente tudo na área depende do trabalho que esses dois programas estão realizando. O fluxo de novas vacinas acabou de ser obstruído”, afirmou Mitchell Warren, diretor-executivo da organização de prevenção ao HIV AVAC.

Nova postura

Durante seu primeiro mandato, Donald Trump chegou a apoiar políticas para erradicar o HIV nos Estados Unidos. No entanto, seu segundo governo reverteu a tendência, cortando bolsas voltadas à PrEP – tratamento preventivo eficaz contra a infecção – e fechando a divisão de prevenção do HIV nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

De acordo com autoridades de saúde, parte do trabalho será transferida para a nova Administração Federal para uma América Saudável, que ainda não foi formalmente estruturada. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos, responsável pelo CDC e NIH, não respondeu aos pedidos de comentário.

Em janeiro, a Casa Branca suspendeu a liberação de recursos do Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da AIDS (PEPFAR), programa de US$ 7,5 bilhões que garante tratamento a milhões de pessoas em países em desenvolvimento.

Posteriormente, o Departamento de Estado autorizou a retomada de parte dos tratamentos, mas sem restabelecer verbas para a prevenção.

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