Brasil não assina documento de Cúpula para a Paz na Ucrânia neste domingo (16)

Segundo Lula, a assinatura só deve ocorrer quando os dois países envolvidos estiverem dispostos a negociar

Escrito por Redação/Agência Brasil ,
Lula em entrevista
Legenda: Lula declarou, ainda no sábado (15), que decisão já havia sido comunicada
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil não assinou o comunicado final da Cúpula para a Paz na Ucrânia neste domingo (16). O documento em questão pede o envolvimento de todas as partes nas negociações para alcançar a paz e "reafirma a integridade territorial" ucraniana. 

Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, revelou em entrevista no sábado (15), que teria dito à presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, a decisão de não ir ao encontro internacional. O motivo seria que o Brasil só participaria da discussão sobre a paz quando os dois lados em conflito, Ucrânia e Rússia, estiverem sentados à mesa.

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"Como ainda há muita resistência, tanto do Zelensky (Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia), quanto do Putin (Vladimir Putin, presidente da Rússia), de conversar sobre paz, cada um tem a paz na sua cabeça, do jeito que quer, e nós estamos, depois de um documento assinado com a China, pelo Celso Amorim [assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República do Brasil] e pelo representante do Xi Jinping [presidente da República Popular da China] , estamos propondo que haja uma negociação efetiva", explicou Lula.

Segundo o presidente, é preciso que os dois representantes estejam na conversa. "Vamos ver se é possível convencê-los de que a paz vai trazer melhor resultado do que a guerra. Na paz, ninguém precisa morrer, não precisa destruir nada", acrescentou.

A embaixadora do Brasil na Suíça, a diplomata Claudia Fonseca Buzzi, foi enviada para a reunião deste domingo (16). O presidente ucraniano também esteve na cúpula com o objetivo de obter apoio internacional para o plano de acabar com a guerra desencadeada pela invasão russa.

Países assinam

Não houve unanimidade entre as 101 delegações participantes durante a cúpula. O documento pede que "todas as partes" do conflito armado estejam envolvidas para alcançar a paz e foi assinado por 84 países, incluindo lideranças da União Europeia, dos Estados Unidos, do Japão, da Argentina e os africanos Somália e Quênia.

O comunicado final aponta que os países signatários assumem que os princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados devem ser salvaguardados.

Além disso, os países estabeleceram que o uso de energia e instalações nucleares deve ser seguro, protegido e ambientalmente correto. As instalações nucleares ucranianas, incluindo Zaporizhia, devem operar com segurança, sob total controle do país.

Outro ponto importante é que o documento reforça que qualquer ameaça ou uso de armas nucleares no contexto da guerra em curso contra a Ucrânia é inadmissível.

Sem acordo

Ainda na sexta-feira (14), o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu estabelecer um cessar-fogo na Ucrânia se o país começasse a retirar as tropas das quatro regiões anexadas por Moscou, em 2022: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporíjia. Ele também exigiu que a Ucrânia renunciasse aos planos de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

As condições foram rejeitadas pela Ucrânia, pelos Estados Unidos e pela Otan, após dois anos e quatro meses do início do conflito.

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