Saiba quem são os irmãos chefes de facções rivais, que já dividiram um território em Fortaleza

Grupos criminosos conviveram em uma comunidade até 2020, devido ao laço de sangue dos líderes. Um deles é acusado pela Chacina das Cajazeiras e outro, foi preso no último sábado (19)

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Daniel, Darly e Zaqueu Oliveira estão presos em unidades penitenciárias do Estado
Legenda: Daniel, Darly e Zaqueu Oliveira estão presos em unidades penitenciárias do Estado
Foto: Reprodução/ Montagem

Um homem preso pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) no bairro Meireles, em Fortaleza, no último sábado (19), apontado como chefe de uma facção criminosa carioca, tem dois irmãos que também ocupam posições de liderança no mundo do crime: um deles é seu comparsa e o outro pertence a um grupo criminoso rival - de origem cearense. Apesar da rivalidade, eles dividiram um território em Fortaleza por muitos anos.

Darly Lima de Oliveira, de 29 anos, era o único dos três irmãos que estava foragido. Além do mandado de prisão preventiva cumprido contra ele por organização criminosa, a Polícia também efetuou a prisão em flagrante de Darly devido a posse de uma arma de fogo. Ele já respondia por homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa e porte ilegal de arma de fogo

O comparsa de Darly na organização criminosa carioca é o irmão Daniel Oliveira da Silva, conhecido como 'Daniel Trator', 38, que foi capturado em setembro de 2021, quando figurava no Programa de Recompensas do Estado e uma informação pela sua localização valia R$ 7 mil. Daniel responde a organização criminosa, tráfico de drogas, homicídio, roubo, entre outros crimes.

Darly e 'Daniel Trator' foram alvos da Operação Guilhotina, da Draco, que desarticulou o comando da facção carioca no Ceará e prendeu nomes como Max Miliano Machado da Silva (líder máximo do grupo criminoso no Estado) e Valeska Pereira Monteiro, a 'Majestade' (contadora da facção).

Já Zaqueu de Oliveira da Silva, o 'Macumbeiro' ou 'H2O', de 39 anos, está preso desde maio de 2018 e foi transferido para o primeiro Presídio de Segurança Máxima do Ceará, em Aquiraz, em agosto do ano passado. Ele é acusado de ser um dos fundadores de uma facção cearense e de ser um dos mandantes da Chacina das Cajazeiras, que tinha como alvo a organização criminosa carioca e deixou 14 mortos, no Forró do Gago, em janeiro de 2018. E também responde a outros homicídios e tráfico de drogas.

Os três irmãos cresceram e formaram laços criminosos na Comunidade da Rosalina, no bairro Parque Dois Irmãos, em Fortaleza. Entretanto, Darly e Daniel escolheram um lado; e Zaqueu, o outro.

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, devido ao laço de sangue entre os líderes das duas facções na região, Daniel e Zaqueu, perdurou uma espécie de "pacto de paz local" na Comunidade da Rosalina por muitos anos, até junho de 2020, quando o grupo de origem carioca tomou o controle da região. A conquista foi comemorada com fogos de artifício.

Os integrantes da facção cearense que moravam na Comunidade tiveram que escolher entre "rasgar a camisa" (mudar de grupo criminoso) ou deixar a região, sob pena de serem expulsos ou decretados de morte, conforme informativos espalhados pelas redes sociais.

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Acusado apresentou identidade falsa

Darly Lima de Oliveira foi preso pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), no último sábado (19). O veículo em que ele trafegava, um Chevrolet Cobalt de cor azul, foi visto na Avenida do Aeroporto e acompanhado pelos policiais civis.

Na Rua Pedro Natale Rossi, próximo de onde Darly estaria morando, os agentes de segurança realizaram a abordagem. O acusado apresentou uma identidade falsa, no nome de Emerson, mas os policiais já sabiam de quem se tratava e deram voz de prisão.

R$ 14 mil
A Polícia apreendeu, com Darly, uma pistola calibre Ponto 40, 41 munições do mesmo calibre, carregadores, o documento falso, o veículo e R$ 14 mil em espécie. Apesar do dinheiro e de morar no bairro Meireles (que tem um dos metros quadrados mais caros da Capital), o acusado afirmou que é pintor e recebe apenas dois salários mínimos, e negou envolvimento com facção criminosa.

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