Chefe de facção no Ceará e aliado de 'Majestade' é preso em comunidade do Rio de Janeiro
O suspeito saiu de outra comunidade carioca no dia seguinte à instalação do Programa Cidade Integrada, em busca de refúgio
Um homem apontado como chefe do tráfico de drogas no Ceará e como membro do mesmo grupo criminoso que Valeska Pereira Monteiro, a 'Majestade', foi preso no Rio de Janeiro (berço da facção que ambos integram). De acordo com a Polícia Civil local, ele tentava se esconder em uma comunidade na Capital daquele Estado.
Francisco Gillison Cardoso de Lima, conhecido como 'Padrinho', de 40 anos, foi preso em uma ação da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), com o apoio de outras unidades da Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ), na tarde da última terça-feira (25).
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A detenção de 'Padrinho' ocorreu quando ele tentava acessar a Comunidade da Mangueira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, após deixar a Comunidade do Jacarezinho - onde foi instalado o Programa Cidade Integrada, pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, na última segunda (24).
De acordo com informações da PCRJ, o criminoso deixou o Ceará para fugir de um mandado de prisão preventiva, expedido pela Justiça Estadual do Ceará, em novembro de 2021, pelo crime de organização criminosa, e esteve escondido por cerca de dois meses na Comunidade do Jacarezinho.
Proprietário de pontos de venda de drogas
No Ceará, Francisco Gillison responde a diversos crimes de tráfico de drogas e organização criminosa, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro. Ele aparece em um relatório da Polícia Civil do Ceará (PCCE) - obtido pelo Diário do Nordeste - como um dos proprietários de pontos de drogas de uma facção carioca em território cearense, que tinham como administradora financeira a mulher conhecida como 'Majestade'.
A investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas do Ceará (Draco) apontou que 'Padrinho' é o proprietário de "biqueiras" (pontos de droga) no Município de Barreira - a cerca de 80 km de distância de Fortaleza).
A investigação descobriu que a organização criminosa tem mais de 1,7 mil pontos de venda de drogas em território cearense, o que os criminosos chamam de "biqueira". Cada ponto precisa pagar R$ 250 mensais para a "caixinha" da facção, o que resulta em um faturamento de ao menos R$ 425 mil por mês. A "caixinha" é destinada para o paiol da facção, ou seja, para a compra de armas de fogo e munições, que podem ser emprestadas para as "biqueiras", em casos de necessidade, como disputas por territórios com rivais.
A Draco chegou aos integrantes da facção no Ceará a partir da prisão de Valeska Monteiro, ocorrida em agosto deste ano, no Município de Gramado, no Rio Grande do Sul. 'Majestade' era a principal responsável pela contabilidade financeira do grupo criminoso no Ceará. Em junho deste ano, ela começou a atualizar o 'Quadro da Biqueira' da facção, através do aplicativo WhatsApp. Em alguns dias, ela recebeu, em seu aparelho celular, mais de 1,7 mil cadastros de pontos de venda de drogas.
'Majestade' é o "braço direito" do líder máximo da facção carioca no Ceará, Max Miliano Machado da Silva, capturado em fevereiro deste ano no Estado do Pará. Além da prisão dele, a Draco localizou comparsas e apreendeu 600 kg de cocaína, avaliados em cerca de R$ 70 milhões.