Piloto turco preso no CE por transportar droga em avião é solto e cumprirá medidas cautelares

Justiça decidiu que não há motivos suficientes para deixar Veli Demir preso preventivamente, visto que o MPF não irá denunciá-lo

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
Droga estava escondida em malas, dentro do jatinho particular
Legenda: Droga estava escondida em malas, dentro do jatinho particular
Foto: Reprodução

O turco Veli Demir, piloto oficial da Reserva da Força Aérea da Turquia que foi preso em agosto no Ceará por transportar 1,3 tonelada de cocaína em um avião que iria para Portugal, foi solto após o Juízo Federal da 11ª Vara no Ceará aceitar pedido de habeas corpus. A decisão foi tomada pela Justiça na última terça-feira (9).

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O habeas corpus levou em conta que o Ministério Público Federal (MPF) não oferecerá denúncia contra o turco, o que, segundo o documento, é uma justificativa para não manter o acuso preso preventivamente. 

Veli Demir deverá cumprir medidas cautelares. Além de ter o passaporte retido e não poder se ausentar de Fortaleza, em virtude de o MPF ainda não ter concluído as investigações, ele ficará à disposição do Juízo Federal. "Enquanto isso, deve comparecer mensalmente em juízo para informar e justificar atividades", pontua a decisão. 

O relator da decisão que culminou na soltura foi o desembargador federal Francisco Roberto Machado, da 1ª turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).

Defesa 

Procurados pelo Diário do Nordeste, os advogados Nestor Santiago e João Henrique de Andrade, que representam o piloto, disseram que "desde o início afirmamos que o sr. Veli Demir é inocente. Embora a decisão não analise este fato, é importante destacar que o próprio Ministério Público Federal não via motivos para apresentar uma acusação contra ele, muito menos mantê-lo preso". 

Segundo o pedido de liminar, não haviam motivos para deixar Veli preso, visto que "a decretação de prisão preventiva de ofício, ou pior, em dissonância com pedido do parquet para sua conversão em cautelares diversas da prisão, é verdadeiro vestígio inquisitório de um sistema processual penal acusatório". 

No documento que solicitou o habeas corpus, os advogados ainda pontuaram que o piloto não tinha obrigação de checar o conteúdo das malas do passageiro espanhol Angel Valdes, também investigado. 

Em resumo, desde o relatório policial anterior, a investigação não avançou muito. Assim, embora algumas suspeitas permaneçam, não há provas substanciais para oferecer denúncia contra o piloto Veli Demir. Na verdade, depois de seu interrogatório, e de alguns esclarecimentos prestados por sua defesa, são razoáveis (pelo menos por ora) os motivos para não denunciá-lo
Defesa de Veli Demir
Em pedido de liminar

Relembre o caso

O piloto Veli Demir, preso em flagrante no Aeroporto de Fortaleza ao transportar 1,3 tonelada de cocaína em um avião particular, é oficial da Reserva da Força Aérea da Turquia. A informação foi revelada em um pedido de revogação da prisão preventiva, que foi rejeitado pela Justiça Federal no Ceará.

A defesa de Demir afirmou que não havia necessidade da manutenção da prisão, que poderia ser substituída por medidas cautelares como comparecimento periódico em juízo, proibição de se ausentar da Comarca, suspensão de atividade econômica e monitoramento por tornozeleira eletrônica, em pedido feito no último dia 12 de agosto.

Não há, nos autos, qualquer indício de ligação do Requerente com as substâncias apreendidas na aeronave por ele comandada. Nem a autoridade policial, nem o Ministério Público, justificam ou fundamentam a decisão de imputar ao ora Paciente o delito de tráfico de drogas.
Nestor Santiago
Advogado

Suspeitos tentaram fugir em avião após abordagem, diz PF

Os suspeitos de tráfico internacional de drogas, que estavam na posse de 1,3 tonelada de cocaína dentro de malas, em um avião, tentaram fugir na aeronave, após a abordagem da Polícia Federal, no Aeroporto de Fortaleza, no último dia 4 de agosto.

Quando os policiais desceram, os tripulantes e o passageiro fizeram um movimento para fugir. Querer subir a escada da aeronave, fechar a aeronave, não desligar o motor da aeronave. Aí os policiais federais tiveram que ser mais duros. Quando abriram as malas, se confirmou que era cocaína.
Alan Ramos
Delegado da Polícia Federal
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Um vídeo mostra os policiais federais abrindo uma mala, dentro do avião. Os tripulantes turcos alegam que não sabem o que tem dentro da mala. Um policial corta o saco com uma faca, encontra uma grande quantidade de um pó branco e utiliza um reagente que comprova se tratar de cocaína.

Veja o vídeo:

A droga estava acondicionada em 24 malas, pertencentes a um passageiro espanhol. Havia 50 tabletes de droga em cada mala, com um total de 1.200 tabletes de cocaína. A pesagem total da droga deu 1.304 kg.

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