'Nossas vidas foram destruídas': 1 ano depois, como está o processo do latrocínio contra comerciante

Padaria onde comerciante foi morto no Mondubim foi assaltada 13 vezes antes da tragédia

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
vitima latrocinio
Legenda: A vítima estava no caixa da padaria quando foi atingida
Foto: Reprodução

Às 9h48 do dia 3 de janeiro de 2022 um homem armado invadiu uma padaria, no bairro Mondubim, em Fortaleza. Em poucos segundos, o que parecia se tratar do 14ª assalto ao estabelecimento comercial, resultou em uma tragédia com a morte do proprietário do local, o comerciante José Reginaldo Campos Pinheiro. 

Um ano após o crime de latrocínio (roubo seguido de morte) registrado por câmeras de segurança e que comoveu a população, a família da vítima diz que suas vidas "foram destruídas". A filha, Camila Oliveira, acredita que os denunciados no caso serão condenados e lembra do dia que precisou ir ao hospital reconhecer o corpo do pai. 

O processo segue em andamento na Justiça do Ceará. As defesas apresentaram nos últimos meses de novembro e dezembro os memoriais finais. Agora, a ação penal está apta para a Justiça decidir se os réus serão ou não condenados..

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"A CONDENAÇÃO É O MÍNIMO QUE ESPERAMOS"

São denunciados neste caso: Eduardo Eric Cavalcante, Lucas Rosa Gonçalves de Sousa e Caio Silva de Souza. De acordo com a acusação, Lucas foi o autor do disparo que atingiu o comerciante. Testemunhas teriam reconhecido ele como o assaltante que entrou armado no local, não só no dia 3 de janeiro de 2022.

"Quem disparou no meu pai já tinha assaltado a padaria duas semanas antes. Esse já era o 14º assalto na padaria. Naquele dia, nossas vidas foram destruídas. A condenação é o mínimo que esperamos", diz Camila. Lucas e Caio seguem detidos, enquanto Eduardo (acusado por posse ilegal de arma de fogo) responde ao processo em liberdade.

"Eu estava em casa me arrumando para trabalhar. Minha irmã me ligou quando meu pai já tinha sido levado para o IJF. Eu fui ao hospital reconhecer o corpo, porque ele já entrou lá em óbito"
Camila Oliveira
Filha da vítima

A defesa de Lucas, representada pelo advogado Alexandre Sales, nega que seu cliente tenha participado do latrocínio: "fomos intimados para apresentar os memoriais finais. A instrução processual, ao ver da defesa, não conseguiu provar a autoria do crime. Não há prova específica da participação dele no ocorrido. As pessoas dizem que foi ele. Agora, o processo está concluso para decisão e aguardamos a sentença. Só a Justiça pode trazer paz para todos. O direito de defesa deles está sendo garantido", disse.

DETALHES DO CRIME

A vítima estava no caixa da padaria, quando foi surpreendida por um homem armado, chegando em uma motocicleta. Mediante ameaça, a intenção inicial do criminoso era roubar o celular da vítima de 62 anos. 

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O comerciante ergue os braços, parecendo supostamente se render ao suspeito, mas depois se agacha e faz um movimento como se fosse pegar algum objeto. Nesse momento, o homem efetua um único disparo que atinge a vítima. Após constatar que a feriu, o motociclista foge do local.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), na manhã do crime, Lucas pediu a moto de Caio emprestada para que "pudesse ganhar papel. Isto é, praticar roubos". 

"Sendo o referido empréstimo, de pronto, atendido, ao passo que o produto do roubo seria rateado entre ambos, bem como abatida a dívida de drogas que o acusado Caio tinha com Lucas Rosa", segundo o MP.

Já Eduardo Eric teria guardado a arma de fogo usada por Lucas no latrocínio, além de outros quatro roubos que ocorreram naquele mesmo dia, no bairro Maraponga.

"Quando interrogados perante este Juízo, o acusado Lucas Rosa negou a prática de todos os crimes que lhe são atribuídos, ao passo que os acusados Caio Silva e Eduardo Eric confessaram os crimes que lhe são imputados, oportunidade em que o acusado Caio esclareceu que efetivamente emprestou sua motocicleta ao acusado Lucas Rosa para ele praticar roubos, ao tempo que o acusado Eric disse que guardou a arma de fogo utilizada por Lucas na prática do latrocínio e roubos em tela .Portanto, a negativa do acusado Lucas Rosa caiu por terra com os interrogatórios dos acusados Caio e Eduardo Eric, ficando sobejamente comprovado o elo criminoso entre os acusados", conforme o Ministério Público.

Para a defesa de Lucas, os depoimentos dos corréus "não passam de tentativa desesperada de se livrar da autoria de um crime tão repugnante". 

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