'Extrema violência e minucioso planejamento': MP denuncia trio por latrocínio de turista no Cumbuco

A Polícia segue em busca de identificar e capturar demais envolvidos, incluindo o autor dos disparos que atingiram Ruth Mary

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
casal
Legenda: Criminoso e a brasileira teriam entrado em luta corporal
Foto: Arquivo

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou três homens pelo latrocínio da turista Ruth Mary Silva de Oliveira e a tentativa de assassinato do namorado dela, o britânico Philip Donald Eric Gray, em uma pousada no Cumbuco, litoral oeste do Ceará. Conforme a acusação, "o modus operandi dos denunciados foi marcado por extrema violência e minucioso planejamento".

São acusados: Frederico Bruno Ricarte da Silva, Artur Edmundo Ferreira Felisberto e João Laurênio Neto. Na denúncia ofertada no último dia 10 deste mês, pela 17ª Promotoria de Justiça de Caucaia, o MP pede a continuidade da prisão de cada um deles e a quebra do sigilo telefônico, telemático e de informática para extração de dados de Whatsapp dos aparelhos apreendidos.

"A descrição detalhada da cena do crime, o testemunho das vítimas sobreviventes e as imagens de câmeras de segurança fornecem provas incontestáveis da autoria e materialidade do delito. Também demonstram que os envolvidos possuíam domínio funcional do fato, tendo participação causal, relevante e necessária, segundo a ajustada divisão de tarefas, para o cometimento da infração penal", disse o órgão, também denunciando o trio por integrar organização criminosa.

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A defesa dos denunciados não foi localizada. A Polícia segue em busca de identificar e capturar demais envolvidos, incluindo o autor dos disparos que atingiram Ruth Mary

Conforme o MP, houve divisão de tarefas entre os denunciados:

"Frederico Bruno Ricarte da Silva: Em conluio com os demais coautores,forneceu o veículo Hyundai HB20, para a prática do crime. Este veículo foi utilizado na fuga dos criminosos após a consumação do latrocínio. A participação de Frederico foi essencial, pois sem o veículo a fuga dos coautores teria sido mais difícil e possivelmente frustrada"

"Artur Edmundo Ferreira Felisberto: Foi o responsável por conduzir o Hyundai HB20 durante o crime e a fuga. Artur foi visto dirigindo o carro em várias ocasiões relacionadas ao crime, incluindo a chegada e a saída da pousada após o assalto. As provas indicam que Artur desempenhou um papel crucial na logística do crime, facilitando a fuga dos coautores".

"João Laurênio Neto: Conduzia a motocicleta, cor vermelha, que foi utilizada na abordagem inicial e na fuga após o crime. João Laurênio foi identificado nas proximidades da cena do crime e foi visto em imagens de câmeras de segurança, usando a mesma vestimenta descrita pelas vítimas. A motocicleta estava registrada no nome de sua mãe e foi confirmada como estando sob sua posse no momento do crime".

'CADE O GRINGO DO 01?'

A reportagem do Diário do Nordeste teve acesso ao documento, no qual consta que uma criança de cinco anos chegou a presenciar a ação criminosa, no dia 29 de julho de 2024. 

O menino estava acompanhado da mãe, que trabalhava na pousada no dia do crime. A mulher contou em depoimento que quando o homem armado entrou no estabelecimento, ela se abrigou atrás do balcão junto à criança e que o criminoso armado era o mesmo que 50 minutos antes tinha entrado na pousada e perguntado pelo casal: "cadê o gringo do 01?".

Philip sobreviveu ao atentado e passou por cirurgia para retirada de um projétil que ficou alojado no corpo dele.

VÍTIMAS ESTAVAM COM ALTA QUANTIA EM REAIS

Uma pessoa ligada à casa de câmbio onde o casal havia trocado 6 mil libras por cerca de R$ 30 mil chegou a ser ouvida.

Quem também supostamente sabia que as vítimas estavam em posse de alto valor 'em espécie' era uma amiga de Ruth Mary. A mulher, de identidade preservada, teria alertado "a amiga sobre o perigo de ficar portando valores em espécie, porém afirmou que não sabia quanto seria esse valor".

Conforme investigação da Deprotur, criminosos estavam de 'campana' à espera das vítimas horas antes do crime, enquanto o casal seguia na praia. 

O delegado Andrade Júnior disse em entrevista que os criminosos tinham informação exata sobre o "check-out" das vítimas e que elas estavam em posse de alta quantia em dinheiro, que não chegou a ser levado.

 

 

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