CGD investiga a participação de dois policiais do Ceará em protestos antidemocráticos
Os policiais foram identificados por meio dos próprios veículos. Saiba quem são os agentes
Um policial militar e um policial penal são investigados pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) no Ceará por, supostamente, liderar atos antidemocráticos após o último resultado da eleição para presidente no Brasil.
As informações acerca dos procedimentos administrativos contra o policial penal Abrahão Vinícius Batista Possidônio e o policial militar, 3º sargento Anderson Alves Pontes Garcias foram publicadas nesta segunda-feira (23), no Diário Oficial do Estado (DOE) e têm base em relatórios da Coordenadoria de Inteligência (Coin).
Contra o policial penal foi instaurado um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) com intuito de apurar a conduta do agente. Já contra o sargento Anderson Alves, a CGD instaurou Conselho de Disciplina (CD) após a Inteligência da própria Controladoria apontar que reuniu indícios de materialidade e autoria "demonstrando, em tese, a ocorrência de conduta capitulada como infração disciplinar".
SUPOSTAS ATUAÇÕES
Consta no documento publicado pela CGD que Abrahão Vinícius seria "supostamente um dos líderes no Estado do Ceará de algumas manifestações populares que eclodiram logo após o término do 2º turno das Eleições Presidenciais". O nome do policial penal veio a partir de um relatório da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do dia 10 de novembro de 2022 apontando a convocação de pessoas para "manifestações em atos golpistas no Estado do Ceará".
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"Tendo, durante estas manifestações, sido identificados alguns veículos e pessoas nos locais de manifestação; considerando que, dentre os veículos identificados nos locais de manifestações se encontrava o veículo de propriedade do Policial Penal Abrahão Vinícius Batista Possidônio"
A identificação do 3º sargento Anderson também teria acontecido por meio da placa de um veículo.
De acordo com a Controladoria, o PM "em tese, participou, como liderança, dos protestos antidemocráticos que fecharam rodovias federais em Fortaleza/Ceará, no caso, a BR-116, próximo ao Posto São Cristóvão, no KM 15, em 1º de novembro de 2022, logo após o término do 2º turno das Eleições Presidenciais, ocorridas em 30/10/2022".
A reportagem procurou a Polícia Militar do Ceará e a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) na noite desta segunda-feira (23). A PM disse que irá cumprir a determinação publicada no DOE "que prevê o afastamento pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias do referido militar estadual das suas funções".
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos policiais.
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INVESTIGAÇÃO
No dia 17 de novembro de 2022, o Diário do Nordeste noticiou que a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) monitorou e acompanhou pelo menos cinco atos no Ceará protagonizados por manifestantes que não concordam com o resultado da eleição para presidente do Brasil.
O relatório foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 10 de novembro de 2022 e apontou que dentre os envolvidos nas manifestações estariam empresários e policiais estaduais, que até então não tinham os nomes revelados.