Acusado de matar adolescente em 'brincadeira' de 'roleta russa' em Fortaleza vai a júri

A vítima chegou a ser socorrida, e morreu dois dias depois

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
forum tjce
Legenda: A defesa entrou com recurso e, em setembro do ano passado, a decisão de pronúncia foi mantida em 2º Grau
Foto: J Paulo Oliveira/TJCE

Um jovem acusado de matar um amigo durante uma 'brincadeira’ conhecida como 'roleta russa' deve sentar no banco dos réus e ser julgado por populares. O julgamento de Júlio César Silva de Souza, o 'Júlio Mentiroso' está agendado para o próximo dia 18 de fevereiro, a partir das 9h, em Fortaleza.

O crime aconteceu no dia 5 de novembro de 2021, no bairro Barroso. Marcelo Ivo de Lima Barbosa, de 15 anos, foi atingido por um disparo de arma de fogo na cabeça, chegou a ser socorrido e morreu dois dias depois.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), 'Júlio Mentiroso' tentou colocar a culpa do assassinato em um outro adolescente. A defesa do réu disse acreditar na inocência do acusado.

Veja também

"A defesa mantém a direção da efetividade da verdade real. Uma vez que durante todo inquérito policial, instrução na primeira fase processual, foi devidamente verificado que o Sr. Júlio Cesar é inocente. Ainda, havendo testemunha que confessa a integralidade de sua ação (sinistro) junto a vítima. Estamos trabalhando, para que o júri possa ver a verdade real, e não haja a condenação de um inocente, o retirando da sociedade e de sua família", disse a advogada Ana Flávia Martins.

O DIA DO CRIME

Segundo consta dos autos, horas antes do crime, Júlio chamou a vítima para ir até a casa dele. Marcelo tinha costume de ir até a residência do acusado para jogar 'Free Fire'.

"Já na madrugada de 5 de novembro de 2021, "quando a vítima Marcelo Ivo já se encontrava na residência do réu, Júlio César se apossou de uma arma de fogo e assumindo o risco de dar causa à morte da vítima, encostou a arma na cabeça de Marcelo Ivo e, em conduta popularmente conhecida como 'roleta-russa', acionou o gatilho da arma, restando por efetuar um disparo que atingiu a região frontal da cabeça de Marcelo"
MPCE

Após o disparo, o acusado socorreu o adolescente o levando até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do José Walter e saiu do local.

>> Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias

De acordo com a denúncia, Júlio narrou diferentes versões do acontecido aos familiares e conhecidos da vítima. Em uma das versões disse que estava no banheiro quando ouviu o disparo.

O outro adolescente apontado pelo réu como autor do assassinato chegou a confessar a prática, mas "indicou que o disparo teria sido à distância da vítima, sendo que o laudo cadavérico é preciso em apontar o contrário, ou seja, que o disparo foi encostado à vítima".

SENTENÇA

O MP pediu nos memoriais finais pela pronúncia de Júlio, ou seja, que ele fosse julgado pelo homicídio doloso (quando há intenção de matar), enquanto a defesa pediu a absolvição sumária do réu.

Em maio de 2024, o acusado foi pronunciado. Segundo juiz da 5ª Vara do Júri, "ressalte-se uma vez mais que se está diante de um juízo de possibilidade e não de certeza, de modo que, com base na íntima convicção, diante de toda a prova colhida, nada obsta entendimento diferente por parte dos julgadores que compõem o Tribunal Popular do Júri".

A defesa entrou com recurso e, em setembro do ano passado, a decisão de pronúncia foi mantida, tendo a desembargadora Lígia Andrade de Alencar Magalhães entendido a sentença em 1º grau como "irretocável". Agora, a data do julgamento foi marcada.

 

 

Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados