Transposição do rio São Francisco para o Ceará será suspensa por 45 dias

Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, o fechamento das comportas a partir de 10 de maio será para a manutenção nos canais e sistemas de bombeamento

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Açude Castanhão
Legenda: O açude Castanhão será impactado com a suspensão da transferência de água
Foto: Honório Barbosa

O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) irá suspender, no próximo dia 10 de maio, a transposição de água do Programa de Integração do São Francisco (PISF) no Eixo Norte para o Ceará e Paraíba. A suspensão, segundo a pasta, decorre da necessidade de realizar serviços e obras preventivos e de manutenção no conjunto de canais e de bombas.

A interrupção do fornecimento de água atingirá todo o Eixo Norte. O prazo de conclusão dos serviços será de 45 dias. Por meio de nota, o MDR informou que “serão realizados serviços de troca de válvulas nas estações EBI-2 e EBI-3, manutenção da EBI-1 e em no revestimento de canais”, no trecho 1 do Eixo Norte, entre a captação e a Barragem Jati (CE).

A decisão do MDR vai trazer impactos para o acúmulo de reserva hídrica no maior açude do Ceará, o Castanhão, que desde o dia 10 de março passado começou a receber água do PISF.

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Aporte do Castanhão

A Cogerh estima que até o momento, neste ano, o Castanhão recebeu aporte de 160 milhões de metros cúbicos de água (água da chuva e da transposição).

Somente da transposição do São Francisco, em Jati, já foram liberados cerca de 35 milhões de metros cúbicos em direção ao Castanhão desde o último dia 1º de março.

A Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ceará não quis comentar a decisão do MDR. Entretanto, o titular da pasta, Francisco Teixeira, em entrevistas anteriores defendeu que a transposição das águas do São Francisco para o Estado ocorresse nos meses chuvosos - fevereiro a maio.

Por ocasião da liberação da água do São Francisco para o CAC, em 1º de março passado, o titular da SRH, Francisco Teixeira disse ao SVM que “as calhas dos rios estão bem úmidas e com algum fluxo natural, contribuindo para diminuir as perdas por infiltração, evaporação e por retiradas”.

Por meio de nota, o MDR frisou que “a sistemática de execução dos serviços foi discutida entre o MDR e os estados beneficiados”. Informou ainda que a data inicialmente prevista para execução dos serviços era 15 de março, posteriormente alterada para o dia 15 deste mês e, finalmente, para o próximo dia 10 de maio.  “A mudança teve o objetivo de melhor aproveitar a quadra chuvosa e não é possível realizar novos adiamentos, em virtude de questões contratuais”, finalizou o MDR.

Percurso

Depois de mais de uma década, as águas do rio São Francisco, tão aguardadas, no Ceará, foram finalmente liberadas através do Cinturão das Águas do Ceará (CAC) no dia 1º de março passado em direção ao Castanhão.

Dez dias depois, o recurso hídrico chegou ao maior açude do Ceará, que é estratégico para o abastecimento de cerca de 4,5 milhões de pessoas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e do Médio Jaguaribe.

A água liberada com vazão inicial de cerca de 10 mil litros por segundo, seguiu do CAC para o riacho Seco, rio Batateiras e Salgado, passando por Aurora, Lavras da Mangabeira, Icó, onde desembocou no rio Jaguaribe e seguiu para a bacia do Castanhão, em Jaguaribara. Todo o percurso é de cerca de 300km por leito natural.

Açude Castanhão
Legenda: O Castanhão recebe desde o dia 1º de março as águas do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF)
Foto: Honório Barbosa

Fortaleza

No último dia 1º deste mês, começou a operação de transferência de água do açude Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). A decisão foi tomada porque os açudes que integram o entorno da Capital estão com a reserva abaixo do esperado e os reservatórios apresentam volume inferiores ao mesmo período de 2020. “São cerca de 140 milhões de metros cúbicos a menos”, pontuou o diretor de Operações da Cogerh, Bruno Rebouças.

Após voltar a ser liberada, a água do rio São Francisco chegará no fim da quadra chuvosa e já encontrará as calhas dos rios com menor quantidade de água e mais uma vez ficará a expectativa de uma nova chegada ao gigante Castanhão que acumula apenas 10% de sua capacidade.

 

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