Saiba quais cidades do Ceará têm menor índice de aplicação da segunda dose contra a Covid em idosos
Uma estratégia apontada por especialistas para avançar na vacinação deste público é realização de busca ativa por meio das equipes da saúde primária
Com exceção da vacina da Janssen, produzida pela farmacêutica da Johnson & Johnson, todos os outros imunizantes contra a Covid-19 em aplicação no Ceará necessitam de duas doses. Concluir o ciclo é, segundo especialistas, vital para garantia de uma maior eficácia da vacina.
Entretanto, no Ceará, cinco cidades possuem índices de retorno à segunda dose abaixo dos 82% para o público de idosos acima dos 75 anos: Acopiara, Aquiraz, São Luís do Curu, Banabuiú e Pedra Branca.
A cidade de Acopiara, no Centro-Sul do Estado, é a que possui o pior percentual de aplicação de D2 - para este público - dentre todas os 184 municípios cearenses. Conforme dados do Vacinômetro, plataforma oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado, apenas 68,05% dos idosos com idade igual ou superior a 75 anos tomaram a segunda dose do imunizante.
O município aplicou 3.113 vacinas referentes a primeira dose - o que corresponde a 106% da meta - e somente 1,989 idosos receberam a segunda dose. Ainda conforme a Sesa, para a aplicação da D2 neste público, foram enviadas 2.930, isto é, quase mil doses ainda não foram aplicadas em Acopiara.
Veja também
Segundo a assessoria do Município, os baixos índices devem-se à "grande extensão territorial" da cidade, "que por vezes, dificulta o acesso dos profissionais a áreas remotas". A justificativa, contudo, não se aplica a outras grandes cidades cearenses.
Em Santa Quitéria, município com maior área territorial do Ceará - mais de 4 mil km² - todas as vacinas da segunda dose nos idosos acima de 75 anos foram aplicadas. Tauá, que tem a segunda maior extensão territorial, também aplicou todas as doses (D1 e D2).
Ainda conforme a assessoria da Secretaria da Saúde de Acopiara, "apesar da distância entre as residências, o Município segue vacinando esse público casa a casa, com auxílio das agentes comunitárias de saúde que auxiliam na identificação dos idosos acamados ou com dificuldade de locomoção".
O município de Banabuiú, no Sertão Central, tem o quarto pior índice de retorno para aplicação da D2 na faixa etária de 75 anos ou mais. Conforme a Sesa, 137 idosos, ou 20% dos que já receberam a primeira dose, ainda não completaram o ciclo de imunização. Referente a primeira dose, a cidade aplicou 722 vacinas, totalizando 99% da meta. Para cada um dos ciclos (D1 e D2), Banabuiú recebeu 730 imunizantes.
A Secretaria da Saúde do Município, no entanto, afirmou existir "um equívoco no envio das informações [à Sesa] no que compete alimentação das D2 no sistema, situação essa que já foi identificada e corrigida na última terça-feira, 29". Ainda conforme a pasta, o percentual correto seria 91,84%.
Estamos trabalhando incansavelmente para garantir que 100% das pessoas imunizadas com D1 tenham a segunda dose garantida dentro do prazo. Atualmente, as equipes da Secretaria da Saúde realizam a vacinação nas Unidades Básicas de Saúde da sede e zona rural, bem como nos domicílios dos pacientes dentro de todo o território municipal.
Além dessas estratégias, a pasta destacou que realiza "ações como Dia D e Drive Thru de Vacinação com o objetivo de dar maior celeridade na vacinação e avançar no público alvo". A reportagem tentou, sem sucesso, contato com as cidades de Aquiraz, São Luís do Curu e Pedra Branca. As ligações não foram atendidas até a publicação desta matéria.
Veja também
Estratégia
A presidente do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Moura Cidade, destaca que uma das estratégias que podem ser adotadas pelos municípios a fim de avançar na imunização da segunda dose, sobretudo aos idosos, é realizar uma busca ativa utilizando-se de equipes da atenção básica de saúde.
A maioria dos municípios trabalha com vacina no domicílio para a população acima de 70 anos e o Cosems orienta que assim seja realizado, mesmo havendo uma dificuldade maior, é um processo mais seguro.
Importância da vacinação
O médico Luiz Manoel Werber de Souza Bandeira, pós-doutor em imunogenética, pela Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), reforça que "não há motivo para ter receio da segunda dose, ao contrário, deve-se ter receio de não tomar a segunda dose quando indicada".
O especialista explica que após a vacinação, ainda pode existir episódios de infecções entre os imunizados, no entanto, "se apresentarem sintomas, esses serão mais brandos".
A vacina possui o principal objetivo de evitar que após a infecção o indivíduo apresente um quadro da doença de forma grave levando a internação, em enfermaria ou mesmo à UTI, evitando assim a morte.
Manoel Werber considera ser ainda mais importante o ciclo vacinal completo nos idosos, pois, este grupo, é mais vulnerável a doenças, não somente à Covid-19.
"Com o decorrer da vida, existem alterações em nossos organismos, os indivíduos mais maduros podem apresentar diminuição de uma imunidade que responde rapidamente aos agressores ao nosso organismo, denominada imunidade inata".
Essa diminuição da imunidade, completa o médico, "é um dos motivos que as pessoas mais maduras podem apresentar maior risco de gravidade". Outro alerta do especialista é a manutenção do uso de máscara e do distanciamento social, mesmo àqueles que já se vacinaram.
"A pessoa vacinada pode se infectar, apresentando sintomas leves ou não apresentar nenhum sintoma, contudo, se a quantidade de vírus que ele entrou em contato for grande, ela pode transmitir para outras pessoas e, por isso, devemos continuar com os cuidados de higiene e uso de máscaras", conclui.