Romaria gera R$ 50 milhões

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O município conta com as manifestações religiosas para o incremento do setor de serviços

Canindé. "A fé move a economia de Canindé", afirma o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade, Paulo Magalhães Filho, ao fazer um balanço financeiro dos dez dias de festejos alusivos a São Francisco, padroeiro do município. Ele contabiliza R$ 50 milhões nos variados segmentos do varejo. "A Festa de São Francisco das Chagas é uma dentro de várias outras festas. O romeiro compra de tudo, da fitinha à alimentação. O que se coloca para vender tem negócio", ressalta Paulo Magalhães Filho.

Com uma economia mantendo vínculo com a festa de São Francisco, a cidade alavanca seus negócios nas acolhidas aos fiéis. A estimativa é que cada romeiro tem um gasto diário em torno de R$ 56,08, segundo o Sebrae FOTO: ANTÔNIO CARLOS VIEIRA

"É o turismo religioso, a nossa principal mercadoria. Uma recente pesquisa feita pelo Sebrae mostra que cada romeiro gasta, em média, R$ 56,08 por dia em Canindé´´, explica o presidente da CDL.

Já o presidente da Associação dos Camelôs de Canindé, Francisco Epifânio Saraiva, diz que a média de lucro dos 1.308 profissionais chega a R$ 1.200,00 mensais ou no período de romaria. O valor é contabilizado após pagamento dos fornecedores.

"A movimentação em todas as bancas fica em torno de R$ 140 mil, o que não deixa de ser um grande negócio para quem vive da romaria´´, comemora Francisco Epifânio.

Alegria

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Alex Barroso, que coordenou pela primeira a Festa de São Francisco por parte da Prefeitura Municipal, não escondia a sua alegria. "Foi uma festa tranquila, de bons negócios, e ninguém saiu no prejuízo. Para se ter uma ideia do movimento financeiro na cidade, todos os hotéis, pousadas e ranchos ficaram lotados durante os dez dias de festividades´´, observa o secretário.

A renda fica para os variados segmentos econômicos. Antônio de Freitas Lira, que trabalha como garçom, disse que antes da romaria, a comissão de 10% sobre os atendimentos em mesa totaliza cerca de R$ 120,00 nos fins de semana. "No período da romaria, cheguei a faturar R$ 1.000,00 livre´´, comemorou.

Neste período de romaria, é comum aumentar a quantidade de mendigos nas ruas. Raimundo Soares da Silva foi um deles. Disse que nesse período, a generosidade das pessoas é maior, diante da sensibilidade de ajudar aos que nada possuem para sobreviver.

Para o economista Flávio Pedrosa, essa movimentação financeira gira em nome da fé. "O romeiro que vem a Canindé, traz o dinheiro da promessa, das refeições e da hospedagem, o que sobra ele compra uma lembrança para levar para os parentes que ficaram em casa. De todas as formas, ele deixa lucro para o comércio´´, observa.

Investimentos

Pedrosa lembra que nos últimos anos, o turismo religioso vem ganhando terreno no Ceará com iniciativas voltadas para o comércio de artigos religiosos. ´´O Município de Canindé tem se destacado pelo grande número de lojas que exploram esse comércio que é detentor de 92% dos investimentos na região´´, assegura o economista.

Outro que fortalece as palavras de Flávio Pedrosa é José Anastácio Pereira. "Em Canindé tudo que se coloca para venda, o romeiro compra. Basta que se tenha mercadoria de qualidade e preço", afirma.

A cidade fica oito meses esperando pela festa de São Francisco, onde a partir de setembro aquece a nossa economia e melhora o rendimento comercial de quase todos. O poder da romaria é sem dúvida muito forte e garante a sobrevivência para mais de 90 mil pessoas´´, frisa Zequinha Pereira como é conhecido. Neste ano, pela primeira vez na história das romarias que já duram 255 anos, o prefeito Celso Crisóstomo foi às ruas para prestar contas do que o município arrecadou com os aluguéis dos espaços utilizados para vendas. ´´Arrecadamos R$ 291 mil reais e todo esse dinheiro será empregado no setor de abastecimento de água para a população que a sofre com a pior seca dos últimos tempos´´, salientou o prefeito.

ANTÔNIO CARLOS ALVES
COLABORADOR