Projetos beneficiam 270 produtores de leite nas regiões Norte e Jaguaribana
Com capacitações técnicas voltadas para gestão, estruturas organizativas, difusão de tecnologias, entre outros temas, a Adel está trabalhando em nove municípios cearenses
Com o objetivo de estimular o aumento da produtividade e rentabilidade para pequenos produtores de leite, a Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel) está realizanfo dois projetos, um na região Norte e outro no Baixo e Médio Jaguaribe. O trabalho atende Sobral, Irauçuba, Miraíma, Santana do Acaraú; e Alto Santo, Iracema, Limoeiro do Norte, Morada Nova e São João do Jaguaribe. Ao todo, 270 criadores estão sendo beneficiados.
Os projetos desenvolvidos nestes dois territórios, em parceria com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) por meio do Programa de Desenvolvimento Territorial (Prodeter), tem a proposta de ampliar as capacidades técnicas e de gestão das pequenas propriedades rurais; fortalecer as estruturas organizativas para aumentar a efetividade de estratégias de desenvolvimento da atividade econômica; e, difundir entre os produtores conhecimentos, soluções e tecnologias que gerem resultados efetivos em curto e longo prazo.
Segundo o diretor executivo da Adel, Adriano Batista, os projetos começaram efetivamente neste ano e, apesar de distintos, são focados na mesma área.
“Pensamos no fortalecimento da estrutura organizativa dessa cadeia produtiva, que ainda é muito frágil”, pontua.
As atividades são divididas em três eixos: capacitação, assessoria e difusão de tecnologias. O eixo capacitação compreende a realização de seminários, minicursos, dias de campo e intercâmbios. Já o eixo assessoria foca na elaboração de planos de negócios, no fortalecimento organizativo e na criação de Arranjos Produtivos Locais (APLs).
Unidades
O eixo difusão de tecnologias propõe a implantação das Unidades de Referência de Bovinocultura de Leite, em Santana do Acaraú e São João do Jaguaribe, para difusão de soluções e tecnologias socioambientais viáveis e aplicáveis ao contexto e aos desafios enfrentados.
As unidades servirão também para atividades como intercâmbios, cursos e demonstração de equipamentos, como ordenhas computadorizadas.
Em Santana do Acaraú, a unidade funcionará no Assentamento de Tanques, já em São João do Jaguaribe, será instalada no Sítio São Bento. “No final do projeto as unidades serão doadas para esta associações e elas, num prazo de 10 anos, vão estar disponibilizando para os grupos dos outros municípios”, pontua Adriano.
O perfil dos beneficiados é bem diverso, segundo Adriano. Há produtores familiares com mão de obra inteiramente de sua família, com pouca tecnologia, enquanto outros produzem até 2,5 mil litros de leite por dia. “Estes grandes (produtores) se colocam mais numa condição de parceiro, de referência. O foco principal nestes pequenos produtores. Melhorar a produção”, adverte.
Um dos principais trabalhos é melhorar a rentabilidade, já que eles costumam vender seu produto para uma ou duas empresas, no máximo. “Ainda não têm o poder de barganha. A renda é muito pequena. Se não avançarem no processo organizativo, acabam tendo menos lucratividade”, acredita o diretor da Adel. Durante os projetos, que tem até 15 meses, mas poderão ser estendidos por 24 meses por causa da pandemia da covid-19, serão contratadas assessorias para elaborar um plano de negócios e aperfeiçoar os arranjos produtivos locais.
Com as medidas de isolamento por conta do novo coronavírus, as atividades externas foram suspensas. “Tivemos o cuidado e a responsabilidade de não gerar esse risco”, adverte Adriano. Porém, seguem sendo feitas as articulações de território e o fornecimento de equipamentos para alimentar o rebanho. Semanalmente, toda quarta-feira, às 18 horas, é feito um debate envolvendo os eixos do projeto. “Fazemos uma mobilização entre produtores e parceiros”, completa o representante da Adel.
Segundo Francisco Holanir Cabral, produtor de leite há 15 anos, presidente da Associação de Fomento a Caprino-ovinocultura e a Bovinocultura do Sítio São Bento, em São João do Jaguaribe, muitos pequenos criadores estavam fadados a fechar seu negócio por conta da renda baixa com a venda do leite. “Com a Adel e o apoio do BNB nos salvou. Deu uma reanimada. Estamos vendo como vamos mudar a parte de negócios e se sai da dependência destes atravessadores”, conta otimista.
Com uma produção diária que já chegou a 230 litros de leite por dia e, hoje, alcança pouco mais da metade, Holanir tem a perspectiva de que o projeto vai melhorar. “Estamos com ideia e vamos botar pra frente. Vamos fazer o plano de negócios e tentar trabalhar em outras frentes, como fabricar nosso queijo”, antecipa. Com a pandemia, vende seus produtos entregando aos clientes, mas reconhece que houve uma diminuição. “Mas estamos na esperança que com o plano dê uma melhorada”, finaliza.