Polêmica em indenização

Escrito por Redação ,
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As obras do Metrô de Sobral já vão começar e os moradores estão preocupados com as desapropriações

Sobral A ordem de serviço para a implantação do metrô de superfície será assinada amanhã, pelo governador do Estado, Cid Gomes, em solenidade marcada para este Município. Mas a dúvida de como será feita as negociações de desapropriações e indenizações da área por onde os trilhos irão passar ainda toma conta dos moradores da Avenida John Sanford, para onde seguirá a Linha Norte.

Esses moradores temem que o valor pago pelo imóvel desapropriado seja inferior aos que eles avaliam, por conta da localização, considerada área nobre da cidade, além do apego com o bem. "Tenho uma indústria de panificação onde ofereço mais de 80 empregos diretos e indiretos. O prédio é alugado e por isso acho que serei prejudicado com a desapropriação", disse Claudino Pontes, dono de uma panificação, no Bairro do Junco. Aroldo Machado Portela confessa que tem dormido mal nesses últimos dias, por conta dessa incerteza. "Aqui é herança dos meus pais. Não é pelo valor financeiro", disse emocionado.

A professora Margarida Pio Fernandes está mobilizando todos os moradores para uma manifestação contra a implantação do metrô. "A minha casa acabou de passar por uma reforma, com autorização da Prefeitura. E agora vão ter que demolir para construir a ferrovia. É um absurdo".

Tranquilidade

Segundo o diretor de Desenvolvimento e Tecnologia da Companhia Cearense de Transportes Metropolitano (Metrofor), Edilson Aragão, a área a ser desapropriada atingirá, em alguns trechos da via - que começa no cruzamento da Avenida Pericentral indo até o Hospital Regional (em construção) -, seis metros de largura. Aragão tenta tranquilizar os moradores, informando que técnicos de gerência e interferência do Estado virão à Sobral conversar com os donos dos imóveis. "Nem todos terão seu imóvel completamente demolido", disse, acrescentando que, "em Fortaleza, o número de imóveis desapropriados para a construção do metrô chegou a quase mil prédios, e só 3% dos proprietários moveram ação judicial reclamando o valor ofertado. A maioria dos 97% ganhou com a negociação".

"O problema é que fiz a minha casa para morar a vida toda. Todo material utilizado é de primeira qualidade, com arquitetura toda projetada", disse o comerciante Damázio Ximenes Neto. O metrô de Sobral, que será operado com cinco veículos leves sobre trilhos (VLT), será instalado dentro do perímetro urbano do Município ao longo de 12,5 quilômetros, com duas linhas principais e 11 estações de passageiros.

A Linha Sul terá extensão de 7km e será de utilização mista, pois vai aproveitar a linha de cargas existente. A linha contorna o Centro da cidade, ligando os bairros da Cohab 2, no extremo leste, ao Bairro do Sumaré, no oeste. Serão sete estações. Nesse trecho, as estações serão construídas na Cohab 2, Dom Expedito, Boulevard do Arco, Coração de Jesus (Estação Ilha), Dom José e Sumaré.

A Linha Norte ligará o Polo Industrial da Grendene, localizado à margem da avenida onde existia o antigo ramal ferroviário de Camocim, no Bairro da Expectativa, ao Bairro Cohab 3, passando pelos bairros do Junco e Terrenos Novos. As paradas, no total de quatro, serão construídas ao longo da ferrovia: Grendene, Junco, José Euclides e Cohab 3.

Empresa vencedora

A vencedora da licitação das obras civis para o metrô de Sobral foi a empresa Engexata Engenharia Ltda., que apresentou a proposta com menor preço no valor R$ 38,7 milhões. O segundo colocado, o consórcio Aterpa-M. Martins, apresentou proposta de R$ 43,1 milhões. O valor de referência apresentado no edital era de R$ 43,5 milhões. Após a ordem de serviço, a Engexata terá 18 meses para a construção do metrô.

WILSON GOMES
COLABORADOR