Memória coletiva tem figuras ilustres

Escrito por Redação ,
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Foto: André Lima
Dragão do Mar, Francisco José do Nascimento, o “Dragão do Mar ou Chico da Matilde”, foi líder dos jangadeiros nas lutas abolicionistas da escravatura. Nasceu em Canoa Quebrada no dia 15 de abril de 1839. Seu pai, Manoel do Nascimento, faleceu nos seringais amazônicos. Sua mãe, Matilde Maria da Conceição, criara-o em meio a muitas dificuldades. Chico se viu desde cedo envolvido no cotidiano do litoral. Ocupa o cargo de prático da barra no Porto de Fortaleza, transportando nas jangadas , inclusive escravos, entre os navios e terra firme.

Indignado com a situação, ele adere à causa abolicionista e não mais permite o tráfico de escravos. Em 30 de novembro de 1882 lança seu brado libertário: “Não há força bruta neste mundo que o faça reabrir ao tráfico negreiro”. Pela sua coragem tornou-se herói nacional, sendo recebido na corte imperial pelo nome de “Dragão do Mar”. Faleceu em 6 de março de 1914.

Outro personagem “histórico“, o Zé Melancia, José da Rocha Freire, nasceu em Canoa Quebrada em 14 de agosto de 1909. Filho de Manoel da Rocha Freire e Rosa Nunes Carneiro casou-se com Maria da Rocha Freire em 15 de Outubro de 1932, com quem teve 10 filhos. Foi pescador, construtor de jangadas, cantador, estatístico de pesca e presidente da Colônia dos Pescadores Z-10 durante 14 anos, poeta popular e líder Comunitário. Com enorme sacrifício publicou inúmeros folhetos. Conhecido em todo Brasil, espírito elevado, coração aberto e amigo. Faleceu em 9 de março de 1977.

O Seu Adolfo, chamava-se Adolfo Alves dos Santos, também nascido em Canoa Quebrada no dia 21 de agosto de 1919. Um dos dez filhos do cigano José Alves dos Santos e Francisca Ferreira dos Anjos. Seu Adolfo, como era conhecido, recebeu os primeiros turistas que chegaram em Canoa, pelos idos 1976. Como os turistas eram muito brancos os nativos ficaram aterrorizados achando que eram “bebe sangue” (vampiros) e se esconderam, menos Adolfo, que os recebeu na sua casa. Representava a tradicional hospitalidade canoense, sendo no alpendre e sala da sua casa que funcionou o primeiro restaurante onde visitantes de todas partes do planeta se deliciavam com as típicas comidas caseiras e as singulares tapiocas, espécie de bolo feitas de coco cozidas no forno a lenha. Faleceu em 6 de novembro de 2000.

Também figura singular da vila, Chico Eliziário, batizado Francisco Fernandes Pinto, nasceu em 15 de março de 1916. Artesão, utilizava casco de tartaruga, que na época não era proibido, para fabricar anéis, colares e armações de óculos polidos a mão com folha de cajueiro brabo. Na década de setenta se inspirou na paisagem do céu canoense que mostrava a lua em quarto crescente com a estrela D’Alva (o planeta Vênus) bem pertinho dela. Com essa imagem fez peças para colares que tiveram boa acolhida pelo primeiros turistas que chegavam a Canoa. Passou a fabricar anéis e brincos que se vendiam cada vez mais. Não tardou e o símbolo de Canoa Quebrada, quando em 1978 foi esculpido na falésia pelo arquiteto Carlos Limaverde, ajudado pelo nativo Niciano, sendo fotografado nas revistas Realidade, Manchete e Veja, e divulgado no mundo todo. Chico Eliziário faleceu em 19 se setembro de 1990.

Já Dona Maricota, Maria Freire dos Santos nasceu em Canoa Quebrada em 27 de abril de 1907. Até o último dia dos seus 94 anos viveu exemplarmente. Além da sua prolífica família cuidava do prédio da Igreja Católica, construída em 1944 pelo seu marido Francisco Caraço dos Santos. Dona Maricota foi uma amiga de muita fé, ensinando a verdade e vivendo com muita coragem e dignidade. Faleceu em 7 de setembro de 2001.

Compondo o quadro de figuras históricas ilustres da vila de Canoa Quebrada estão Rosa Freire e Dona Anália. A primeira nasceu na vila em 2 de agosto de 1901. Exerceu a profissão de educadora por longo período instruindo os meninos e meninas de Canoa “o caminho por onde eles tem de andar”. Foi também animadora cultural utilizando manifestações artísticas para ensinar. Fazia drama, pastoril, fandango, congo, reisado, lanceira (dança com lanças e longas perucas ) e shows musicais. A marcante presença da educadora Rosa Freire na vida canoense é o motivo do seu nome batizar a primeira praça comunitária inaugurada em Canoa em 3 de agosto de 2001. Faleceu em Recife em 12 de julho de 1989.

Já Dona Anália, Anália da Silva Santos, nasceu na praia de Fontainha (também em Aracati), perto de Canoa Quebrada, a 2 de fevereiro de 1917. Filha de Estevão Pereira e Maria Valente da Silva, Anália chegou com sua família em dezembro de 1932 e se instalou no local hoje conhecido como Estevão em lembrança do seu pai. Labirinteira e artesã em palha, Dona Anália é procurada pela população como rezadeira, curando diversas moléstias, especialmente nas crianças e receitando chás e ervas, conhecimentos que aprendeu com Mãe Vita. (Fonte: Espaço Recicriança)