Igreja consegue renda para reforma

Escrito por Redação ,
Itatira. A paróquia de Nossa Senhora do Carmo, no Distrito de Lagoa do Mato, em Itatira, a 212 quilômetros de Fortaleza, conseguiu arrecadar R$ 130 mil para reformar a principal igreja da cidade. O dinheiro foi doado pelos fiéis que tinham o sonho de construir uma torre no prédio edificado em 1902. A nova estrutura preservou detalhes originais em estilo barroco, um conceito artístico que floresceu entre o fim do século XVI e meados do século XVIII, na Itália, e que havia sido perdido na última reforma que ocorreu em 1970. Colocar o projeto em andamento e conseguir arrecadar o dinheiro não foi fácil, mas os moradores envolveram-se ativamente para concretizar a obra.


Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, no Distrito de Lagoa do Mato. O dinheiro foi doado pelos fiéis que tinham o sonho de construir uma torre. A nova estrutura preservou detalhes originais em estilo barroco FOTO: DEUJACIR VIEIRA

Desde a construção da igreja, há mais de um século, o envolvimento dos moradores com a religião é uma característica. As celebrações católicas exercem forte influência neste Município. Até o terreno para construção da própria igreja foi por doações. Em 1902, as missas aconteciam na casa do itatirense Trajano Honorato, quando Lagoa do Mato ainda era apenas uma pequena fazenda pertencente à zona rural do Município de Quixeramobim. Com o aumento no número de fiéis, Honorato doou uma parte de suas terras para construção do prédio. Na época, tratava-se de uma pequena igreja típica de interior. A família também cedeu vários terrenos em volta da igreja que garantiram ampliações e fez com que o prédio pudesse acomodar mais pessoas.

O padre Abraão Correia Viana conta que, quando chegou na cidade, em 2008, vindo da Catedral de Quixadá, percebeu de imediato a fé dos itatirenses e o engajamento dos moradores nas ações religiosas. Ele começou como vigário e, em agosto do mesmo ano, assumiu como pároco. Abraão recorda que um ano depois foi procurado pelo jovem itatirense Danuzio Sales Jucá, recém formado em engenheira civil pela Universidade de Fortaleza (Unifor), que lhe apresentou um projeto de reforma geral da igreja que incluía a construção da torre. O padre lembra que tinha nos cofres da paróquia somente R$ 7, mas não desistiu da ideia e partiu para conseguir a ajuda dos habitantes.

Quando as obras começaram, em março do ano passado, a paróquia começou a arrecadar doações. No começo apenas cinco trabalhadores prestavam serviços voluntariamente. "Eu chegava para os trabalhadores e dizia: irmãos o que tenho hoje para ofertar é apenas o almoço", diz Abraão. Ele lembra que chegou a pedir dinheiro emprestado para conseguir colocar o projeto pra frente. Depois do andamento das obras, os habitantes começaram a contribuir com sacos de cimento, tijolos e outros materiais de construção e uniram-se na realização de leilões, bingos e eventos. Com o aumento na arrecadação, a Paróquia passou a pagar os trabalhadores e empregou mais sete homens. "Todas as pessoas envolvidas na reforma ficaram felizes por verem o projeto sendo realizado e foram importantes com suas doações", diz Abraão, que agradece a paciência de vários donos de depósitos de construção da cidade que chegavam a aguardar dois meses para receber o pagamento pelos produtos comprados pela paróquia.

O vigário Guilherme Afonso de Andrade Pessoa, que atualmente faz as confissões na Igreja de Nossa Senhora, recorda que os momentos em que Abraão ficava mais preocupado era quando precisava pagar os trabalhadores envolvidos na construção. "A cada 15 dias ele tinha que conseguir R$ 3,2 mil. Percebíamos o quanto ele ficava preocupado com isso. Mas os fiéis não deixaram ele sozinho e lhe apoiaram ajudando cada um com o que podiam", diz Guilherme Pessoa, que era capelão da Capela de São Paulo em Quixadá antes de chegar em Itatira.

O engenheiro responsável, Danuzio Sales Jucá, trouxe mestres de obras de Canindé e Quixadá. A cruz de mármore que se ostenta no alto da torre foi fabricada em Quixadá. A tinta foi comprada na Capital. As portas foram fabricadas em Quixadá e as janelas de vidro em Canindé. Dentro da igreja, houve remodelação das colunas internas para combinar com a nova fachada. Também foram compradas duas escadas de ferro, uma feita no Município e outra em Quixadá, que ajudam os fiéis que desejam subir na torre de 17 metros de altura, com capacidade para quatro sinos e que pode ser vista de toda a cidade. "Nossa intenção inicial era construir duas torres, mas não teríamos recursos. Mas a população aprovou o modelo com apenas uma torre".

DÁRIO GOMES
ESPECIAL PARA O REGIONAL