Hidratação garante saúde para cavalos na zona rural

Escrito por Redação ,
A seca não causa problemas apenas na agricultura, mas também na criação de animais como equinos

Quixadá Baixa umidade relativa do ar, muito comum nesta época do ano, agravada pela pior quadra invernosa no semiárido brasileiro desde o fim da década de 1980, também é prejudicial para os animais, conforme a Medicina Veterinária. Assim, a hidratação é um importante recurso terapêutico utilizado na rotina clínica animal.

O vaqueiro Ailton de Oliveira segue a orientação veterinária à risca. Banha seu cavalo mestiço "Chulipa", pelo menos, quatro vezes ao dia, neste período de temperaturas elevadas e sem chuvas, trazendo saúde para pele, pelos e patas Fotos: Alex Pimentel


Isso ocorre porque a desidratação, usualmente, acompanha a maior parte das doenças e síndromes que acometem os equinos, como, por exemplo, sudorese excessiva, diarreia, peritonite difusa, choques endotoxêmico e septicêmico, ectopias do intestino grosso, obstruções intestinais, íleo e cólica, dentre outras. É o que explica o médico veterinário Cláudio Medeiros.

A alternativa apontada por ele para manter os animais hidratados e sadios é simples: aumentar o número de banhos com água fresca e a administração de soluções eletrolíticas estéreis por via intravenosa. "Este é o método padrão recomendado", afirma. Esse manejo permite a infusão rápida do volume de reposição, ocasionando a expansão veloz do volume plasmático.

Logo, o seu uso é indispensável nos casos de desidratação intensa e de choque hipovolêmico. Na linguagem popular, é a aplicação de soro na veia. Após as cavalgadas, também é recomendado o descanso à sombra, na estribaria, trazendo bem-estar.

Esponjas umedecidas em água e/ou hidratantes podem ser utilizadas pelos criadores. Entretanto, o veterinário alerta para não haver excesso nos banhos. Durante as estações em que a temperatura esteja muito alta, o aumento da frequência dos banhos pode aliviar a sensação térmica.

Mas, esse aumento excessivo de banhos retira a oleosidade natural do corpo do equino, deixando-o desprotegido contra uma fatores externos. Portanto, ele recomenda utilizar o bom senso e sempre encontrar um meio termo para não somente assegurar o conforto térmico do animal, mas para manutenção do seu bom estado de saúde.

O vaqueiro Ailton de Oliveira segue a orientação técnica à risca. Aprendeu com o pai. Para reduzir os efeitos do calor, ele banha seu cavalo mestiço "Chulipa" pelo menos quatro vezes ao dia. Bem diferente do período chuvoso. Quando há bom inverno, a necessidade diária é de apenas um banho, no máximo dois. Na maioria das vezes, para tirar a sujeira do pelo do animal. E uma vez por semana, o animal recebe a solução por via intravenosa. Dessa forma, bem tratado, o equino está sempre disposto a uma boa cavalgada, nas disputas dos fins de semana. "Viajo para participar das vaquejadas em todo o Estado", acrescenta.

Cuidado nas viagens

Sobre as viagens, o veterinário alerta: é preciso tomar cuidados antes de pegar a estrada. Em média, os cavalos perdem de um a dois quilos por cada hora de viagem em tempo frio. Esses valores se agravam com o aumento da temperatura. As viagens longas acarretam verdadeiros riscos para a saúde do animal, tais como desidratação, cólicas e mesmo infecções nos pulmões (pleuropneumonia).

O preparo também é fundamental. Isto permite que ganhe confiança e não se assuste na altura do transporte. Deve-se também proteger as partes mais vulneráveis do animal: as pernas e a nuca. Existe equipamento especial para viagens que protege a parte inferior das patas.

Quando chegar ao destino, é importante observa o estado geral do cavalo e levá-lo a um veterinário para a observação dos pulmões. A pleuropneumonia é risco comum em viagens de longa distância. Trata-se de uma infecção aguda do foro respiratório, que pode ser fatal. Além disso, é conveniente dar algum tempo ao animal para ele se ambientar ao novo local. "Se a vigem for longa, o cavalo pode demorar alguns dias para recuperar o peso perdido. Mesmo depois de uma viagem curta, não há nada melhor do que algum tempo no campo", ressalta o veterinário.

Manter os pelos escovados ajuda a refrescar o animal. A escovação pode ser procedida diariamente, mas com a utilização de utensílios apropriados. O uso de um concentrado especial de vitamina A, injetado, ajuda a acelerar o crescimento da crina. O mesmo hidratante é usado por mulheres, para acelerar o crescimento do cabelo.

Outro cuidado importante é o tratamento dos cascos do animal. O solo muito seco pode provocar rachaduras nas unhas. No período seco do ano, Medeiros aconselha os donos dos animais envolverem a coroa do casco com uma faixa úmida à base de loção. Porém, deve ser evitada a passagem de loção na sola para que não fique muito macia e mais susceptível a contusões.

Os hidratantes especiais também ajudam. Nesses casos, a solução deve ser passada na munheca e não no casco do equino. "O casco é impermeável, portanto, aplicado nele, o hidratante não causará nenhum efeito benéfico", esclarece o veterinário.

Limpar e inspecionar regularmente as patas evita o problema. Os mais precavidos realizam a limpeza diariamente, sempre antes de montar. Indica-se o uso de um casqueador de bico para remover sujeira, pedras e detritos. A inspeção para evitar problemas futuros, como contusões, rachaduras, separação de parede e broca é importante. Isto fará com que se descubra um problema de casco precocemente, antes de o cavalo iniciar a mancar. O animal que tem seus cascos periodicamente inspecionados, torna o trabalho de seu ferrador e de seu veterinário mais fáceis.

Outra orientação está relacionada ao uso das ferraduras. Elas apoiam os cascos do cavalo, protegendo das superfícies em um passeio. Um cavalo com cascos robustos que faz passeios nos fins de semana pode apenas necessitar de limpeza regular e não a utilização de ferraduras.

Um animal em treinamento diário tem que usar ferraduras, caso contrário, corre o risco dos cascos se desgastarem precocemente até causar manqueira. Usar ou não ferraduras ainda depende do crescimento do casco, grau de desgaste e o tipo de apoio necessário.

A inspeção diária e a limpeza dos cascos são procedimentos simples, mas de extrema importância para a saúde equina.

Mais informações:

O Boiadeiro
Travessa Tabelião Enéas, 455 Município de Quixadá
Sertão Central
Telefone: (88) 9917.8689

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