Esgoto a céu aberto provoca infecções por Estafilococos

Escrito por Redação ,
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Foto: Alex Pimentel

Em um trecho da Avenida Francisco Pinheiro de Almeida, no bairro Lagoa, em Quixadá, cerca de 20 moradores mostram-se revoltados com problema causado pela falta de saneamento básico. A lagoa que deu nome ao bairro transformou-se em esgoto a céu aberto, sendo grande foco de doenças. Em pouco mais de dois meses, adultos e crianças foram contaminados por bactérias Estafilococos, microorganismos maléficos ao ser humano, difícil de ser combatido.

A dona-de-casa Maria Lucineide Gomes Holanda está com infecção provocada pelo contato com a água contaminada. Teve que ser internada porque contraiu alergia provocada pela bactéria. Ficou internada por mais de duas semanas no Hospital Municipal Dr. Eudásio Barroso. Na unidade, foi informada que, embora tenha recebido alta, seu estado de saúde é grave. “A bactéria é difícil de combater. Minhas mãos estão descascando feito pele de cobra. Receio ter que ser hospitalizada novamente caso ninguém tome nenhuma atitude”, desabafou ela, que é mãe de cinco filhos. Maria Lucineide teme que eles sejam as próximas vítimas.

Situação similar enfrenta a vizinha Maria Cosma de Sousa. Ela já pôs a casa à venda em razão das péssimas condições de moradia. Seu filho Antônio Alanderson de Oliveira Sousa, 11 anos, teve meningite aos seis anos e ficou surdo-mudo. A dona-de-casa atribui a doença do filho à lagoa poluída. “A lagoa é uma enorme fossa. Tudo que é esgoto da redondeza é despejado lá e por esse motivo todos estamos correndo risco”.

O trecho da rua onde residem as famílias não possui saneamento básico. Moradores cavaram regos, transformados numa verdadeira rede de esgoto a céu aberto que corre com dejetos de fossas. Porém nenhuma família assume que despeja as fossas na rua.

A secretária de Saúde do Município, Ivonete Dutra, justificou que legislação federal não permite ações de sua pasta na área de saneamento. Todavia, além de encaminhar equipe da vigilância sanitária ao local, objetivando a averiguação das denúncias dos moradores, anunciou a situação a outros órgãos municipais para adoção de uma solução urgente.

O secretário de Desenvolvimento Urbano do Município, Paulo Stênio, garantiu que sua equipe já está adotando uma providência emergencial, até que se inicie o projeto de saneamento da cidade, em convênio com a Cagece, com valor médio de R$ 2 milhões. O secretário atribui a situação denunciada pelos moradores à própria ação deles. “A maioria não se importa em comprar terrenos e casas em áreas que não tenham vias pavimentadas, rede de esgoto e água encanada, daí o problema. Quando chegam as chuvas a situação piora e, por mais que nos esforcemos, não há como adivinhar onde há algum problema. A maioria prefere denunciar nas rádios do que solicitar providências aos órgãos da prefeitura”.

Os Estafilococos estão entre as bactérias mais resistentes e podem sobreviver em muitas situações não fisiológicas. Normalmente, encontram-se nas narinas e na pele de 20% a 30% dos adultos saudáveis. Podem também encontrar-se (embora menos freqüentemente) na boca, glândulas mamárias e tratos genito-urinário, intestinal e respiratório superior. As infecções por estafilococos são freqüentemente supurativas (com produção de pus) e têm sido implicadas em muitos tipos diferentes de infecções, incluindo pneumonia, meningite, osteomielite, infecções da pele e tecidos moles.

Alex Pimentel
sucursal Quixadá