Cultivo de alho é tradição entre produtores de Aratuba
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Redação
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Legenda:
Otávio Ferreira da Silva, de 75 anos, é considerado o maior produtor de alho do Maciço de Baturité. Segundo ele, começou a plantar aos 10 anos de idade
Foto:
fotos: Antonio Carlos Alves
Contudo, eles reclamam da falta de incentivos para que a cidade volte a ser a maior produtora de alho do Nordeste
Aratuba Depois de percorrer sete quilômetros da sede de Aratuba até o Sítio Barreiros, pode-se encontrar o produtor Otávio Ferreira da Silva, 75 anos, considerado o maior produtor de alho do Maciço do Baturité. Homem simples, alegre e cheio de vida, Otávio disse que começou a plantar alho aos 10 anos de idade. "Sempre trabalhei com o alho branco, que muitos chamam de mineiro. A aceitação no comércio é muito boa", afirma.
Segundo ele, uma trança com 50 cabeças é vendida nas cidades de Aratuba, Baturité, Mulungu, Guaramiranga, Aracoiaba e Fortaleza por R$ 20,00. Já a trança com 100 cabeças de alho custa R$ 40,00.
"A grande vantagem desse alho em relação ao Argentino, que invadiu o Ceará, é que tempera melhor", lembra o produtor, considerado pelos colegas como o "Rei do alho".
Otávio explica que o período ideal para o plantio da cultura é maio, e a colheita acontece em agosto. "Para uma boa produção, é preciso um bom adubo de gado, e, quando começa o crescimento, esterco de galinha e ureia", ensina o maior produtor de alho do Maciço.
Adaptação
A ciência é plantar após o período das chuvas, porque o alho não se adapta bem a grandes quantidades de água. Segundo ele, um hectare de alho plantado tem uma produção de sete mil quilos. "Se o Governo do Estado, por meio do Instituto Agropolos, Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Ematerce, garantissem incentivos e assistência técnica, com certeza a cidade de Aratuba voltaria a ser a maior produtora de alho do Nordeste, porque as pessoas ainda compram o alho da Argentina pelo tamanho, e não pelo sabor. O Programa Nacional da Agricultura Familiar seria a grande saída para esse pontapé", salienta.
No Sítio Barreiros, outros produtores ainda apostam na cultura do alho, mas, muita gente deixou para trás a tradição de plantar. O diretor da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos de Aratuba, Francisco Cardoso de Sousa, disse que existem projetos voltados para a permanência do homem no campo. Quanto ao alho, a Prefeitura informa que não tem recursos para investir sozinha.
Cebola vermelha
Além do alho, Otávio Ferreira da Silva produz ainda uma outra variedade de grande aceitação na mesa da dona de casa: a cebola vermelha. O plantio ocorre no mesmo período da cultura do alho, justamente por também não se adaptar com muita água.
Ele diz que um hectare de cebola tem uma produção de 10 mil quilos, porque, segundo explica, ela cresce mais que o alho. A saca de 20 quilos custa R$ 20,00 na entra safra R$ 30,00.
"Ela tem uma saída muito boa. Eu planto esse cultivo há cinco anos". Para dar conta de tudo isso, Otávio não trabalha sozinho. Conta com o apoio dos filhos. "Se existisse mais incentivo para os produtores de alho, a cidade de Aratuba voltaria a ser destaque no Nordeste", acredita o produtor.
Mercado
No que diz respeito à cebola, o mercado consumidor ainda é mais extenso, contemplando os Municípios de Canindé, Caridade, Paramoti, Aratuba, Mulungu, Baturité, Capistrano de Abreu, Aracoiaba, Fortaleza e Municípios do litoral.
"As terras são boas de produção, o clima é favorável e, ainda por cima, temos as melhores sementes de alho do Ceará. O que nós falta mesmo é o apoio financeiro dos bancos e assistência técnica do Governo do Estado", considera Otávio.
O presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, afirma que não sabe dessa realidade. Por outro lado, garante que irá visitar o lugar para conhecer de perto as áreas de plantio para, em seguida, começar a pensar numa saída para a volta da produção de alho na cidade de Aratuba.
Mais informações
Prefeitura Municipal de Aratuba
Rua Targino Goes - Centro
Aratuba/CE
Telefone: (85) 3329-1132
Prefeitura cria projeto para manter jovens no campo
Com o declínio na produção de alho, a Prefeitura de Aratuba, em parceria com o Sebrae, criou um projeto de permanência dos jovens no campo. O prefeito Júlio César Batista Lima explica que o trabalho busca beneficiar um grupo de agricultores da região, com assistência técnica sistematizada e especializada na área de horticultura.
"Trata-se um projeto de grande relevância, tendo em vista que grande parte da renda do Município vem da comercialização de uma variedade de hortaliças produzidas em todas as comunidades de Aratuba", diz César Batista Lima.
De acordo com ele, 34 produtores fazem parte do projeto que revitaliza plantios de tomate, repolho, chuchu, pimentão, vagem, pimenta de cheiro, beterraba, coentro, banana, milho, feijão, dentre outras cultura em sistemas protegidos.
Cuidados
Para evitar que pragas ataquem as mudas, as culturas estão sendo produzidas em estufas, que são instaladas na própria casa do produtor. É o caso de Antônio Romualdo Pereira da Silva, 37 anos, morador do Sítio Aningas, localizado a quatro quilômetros da sede de Aratuba.
Ele apostou no tomate e plantou três mil pés. Sua venda, por caixa, atingiu R$ 20,00, produzida em pleno verão. Com direito a duas colheitas por semana, quarta-feira e domingo, vendeu 80 caixas.
"Tem sido um bom negócio. Antes, eu não tinha acompanhamento nenhum. Agora, com a produtividade, é excelente. O lucro é garantido", comemora Romualdo. Já seu irmão, Reinaldo Pereira de Oliveira, 39 anos, plantou 4 mil pés de pimentão. Foram sete meses de produção, algo que nunca tinha acontecido antes. A caixa de pimentão é vendida por R$ 15,00.
Tecnologia
"O nosso objetivo é esse, usar a tecnologia de ponta para acabar com as pragas da lavoura, fixar o homem no campo e ainda assegurar um produto de alto teor nutritivo para o consumo do povo do Ceará", salienta o prefeito.
No que se refere à produção de alho, o que gerou todo esse declínio foi a chegada do produtor vindo da Argentina. "Mas isso não tira a vontade dos produtores mais antigos em continuarem a produzir uma cultura que se expandiu e levou o nome de Aratuba além fronteiras. Nosso Município tem um grande potencial para continuar se destacando da produção de alho", finaliza o prefeito.
ANTONIO CARLOS ALVES
COLABORADOR
Aratuba Depois de percorrer sete quilômetros da sede de Aratuba até o Sítio Barreiros, pode-se encontrar o produtor Otávio Ferreira da Silva, 75 anos, considerado o maior produtor de alho do Maciço do Baturité. Homem simples, alegre e cheio de vida, Otávio disse que começou a plantar alho aos 10 anos de idade. "Sempre trabalhei com o alho branco, que muitos chamam de mineiro. A aceitação no comércio é muito boa", afirma.
Segundo ele, uma trança com 50 cabeças é vendida nas cidades de Aratuba, Baturité, Mulungu, Guaramiranga, Aracoiaba e Fortaleza por R$ 20,00. Já a trança com 100 cabeças de alho custa R$ 40,00.
"A grande vantagem desse alho em relação ao Argentino, que invadiu o Ceará, é que tempera melhor", lembra o produtor, considerado pelos colegas como o "Rei do alho".
Otávio explica que o período ideal para o plantio da cultura é maio, e a colheita acontece em agosto. "Para uma boa produção, é preciso um bom adubo de gado, e, quando começa o crescimento, esterco de galinha e ureia", ensina o maior produtor de alho do Maciço.
Adaptação
A ciência é plantar após o período das chuvas, porque o alho não se adapta bem a grandes quantidades de água. Segundo ele, um hectare de alho plantado tem uma produção de sete mil quilos. "Se o Governo do Estado, por meio do Instituto Agropolos, Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Ematerce, garantissem incentivos e assistência técnica, com certeza a cidade de Aratuba voltaria a ser a maior produtora de alho do Nordeste, porque as pessoas ainda compram o alho da Argentina pelo tamanho, e não pelo sabor. O Programa Nacional da Agricultura Familiar seria a grande saída para esse pontapé", salienta.
No Sítio Barreiros, outros produtores ainda apostam na cultura do alho, mas, muita gente deixou para trás a tradição de plantar. O diretor da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos de Aratuba, Francisco Cardoso de Sousa, disse que existem projetos voltados para a permanência do homem no campo. Quanto ao alho, a Prefeitura informa que não tem recursos para investir sozinha.
Cebola vermelha
Além do alho, Otávio Ferreira da Silva produz ainda uma outra variedade de grande aceitação na mesa da dona de casa: a cebola vermelha. O plantio ocorre no mesmo período da cultura do alho, justamente por também não se adaptar com muita água.
Ele diz que um hectare de cebola tem uma produção de 10 mil quilos, porque, segundo explica, ela cresce mais que o alho. A saca de 20 quilos custa R$ 20,00 na entra safra R$ 30,00.
"Ela tem uma saída muito boa. Eu planto esse cultivo há cinco anos". Para dar conta de tudo isso, Otávio não trabalha sozinho. Conta com o apoio dos filhos. "Se existisse mais incentivo para os produtores de alho, a cidade de Aratuba voltaria a ser destaque no Nordeste", acredita o produtor.
Mercado
No que diz respeito à cebola, o mercado consumidor ainda é mais extenso, contemplando os Municípios de Canindé, Caridade, Paramoti, Aratuba, Mulungu, Baturité, Capistrano de Abreu, Aracoiaba, Fortaleza e Municípios do litoral.
"As terras são boas de produção, o clima é favorável e, ainda por cima, temos as melhores sementes de alho do Ceará. O que nós falta mesmo é o apoio financeiro dos bancos e assistência técnica do Governo do Estado", considera Otávio.
O presidente do Instituto Agropolos do Ceará, Celso Crisóstomo, afirma que não sabe dessa realidade. Por outro lado, garante que irá visitar o lugar para conhecer de perto as áreas de plantio para, em seguida, começar a pensar numa saída para a volta da produção de alho na cidade de Aratuba.
Mais informações
Prefeitura Municipal de Aratuba
Rua Targino Goes - Centro
Aratuba/CE
Telefone: (85) 3329-1132
Prefeitura cria projeto para manter jovens no campo
Com o declínio na produção de alho, a Prefeitura de Aratuba, em parceria com o Sebrae, criou um projeto de permanência dos jovens no campo. O prefeito Júlio César Batista Lima explica que o trabalho busca beneficiar um grupo de agricultores da região, com assistência técnica sistematizada e especializada na área de horticultura.
"Trata-se um projeto de grande relevância, tendo em vista que grande parte da renda do Município vem da comercialização de uma variedade de hortaliças produzidas em todas as comunidades de Aratuba", diz César Batista Lima.
De acordo com ele, 34 produtores fazem parte do projeto que revitaliza plantios de tomate, repolho, chuchu, pimentão, vagem, pimenta de cheiro, beterraba, coentro, banana, milho, feijão, dentre outras cultura em sistemas protegidos.
Cuidados
Para evitar que pragas ataquem as mudas, as culturas estão sendo produzidas em estufas, que são instaladas na própria casa do produtor. É o caso de Antônio Romualdo Pereira da Silva, 37 anos, morador do Sítio Aningas, localizado a quatro quilômetros da sede de Aratuba.
Ele apostou no tomate e plantou três mil pés. Sua venda, por caixa, atingiu R$ 20,00, produzida em pleno verão. Com direito a duas colheitas por semana, quarta-feira e domingo, vendeu 80 caixas.
"Tem sido um bom negócio. Antes, eu não tinha acompanhamento nenhum. Agora, com a produtividade, é excelente. O lucro é garantido", comemora Romualdo. Já seu irmão, Reinaldo Pereira de Oliveira, 39 anos, plantou 4 mil pés de pimentão. Foram sete meses de produção, algo que nunca tinha acontecido antes. A caixa de pimentão é vendida por R$ 15,00.
Tecnologia
"O nosso objetivo é esse, usar a tecnologia de ponta para acabar com as pragas da lavoura, fixar o homem no campo e ainda assegurar um produto de alto teor nutritivo para o consumo do povo do Ceará", salienta o prefeito.
No que se refere à produção de alho, o que gerou todo esse declínio foi a chegada do produtor vindo da Argentina. "Mas isso não tira a vontade dos produtores mais antigos em continuarem a produzir uma cultura que se expandiu e levou o nome de Aratuba além fronteiras. Nosso Município tem um grande potencial para continuar se destacando da produção de alho", finaliza o prefeito.
ANTONIO CARLOS ALVES
COLABORADOR