Crateús organiza festejos para os 100 anos de professora modelo
Escrito por
Redação
,
Lançamento de livro e missa farão parte das comemorações alusivas ao centenário da ilustre educadora do município
Crateús. Poucos dias depois do Dia do Professor, no próximo dia 26, a professora natural deste município, Rosa Moraes, passará para o seleto grupo dos centenários. Desse modo, a população da cidade se prepara para comemorar os 100 anos da professora de grande parte de personalidades de Crateús de destaque no âmbito político, empresarial, social e cultural, de forma marcante e digna de quem dedicou a vida à educação.
O fato de chegar aos 100 anos é aproveitado com trabalhos de costura, pintura e leitura, como a do livro que aborda seu perfil como educadora fotos: Silvânia Claudino
A professora foi responsável pela formação de diversas figuras importantes de todos os segmentos e que se projetaram estadual e nacionalmente. Valmir Campelo, ex-senador e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), que já recebeu o Troféu Sereia de Ouro, do Sistema Verdes Mares; de todos os prefeitos mais recentes da cidade, inclusive o atual, Carlos Felipe; do médico e oftalmologista, deputado estadual Hermínio Rezende; do cardiologista José Maria Bonfim de Moraes, seu sobrinho; do frei Hermínio Bezerra de Oliveira, padre, professor, escritor e colunista do Diário do Nordeste; e de tantos outros professores, diversos profissionais, autoridades e gente do povo.
Rosa Moraes é a mais conhecida professora da região, referência na educação tradicional, que ajudou a formar profissionais, cidadãos e "seres humanos", na exata dimensão da palavra.
Hábil professora de Língua Portuguesa e Artes Plásticas, dentre outras disciplinas, em suas aulas, a professora ensinava também valores humanos, morais, filosóficos, cívicos, além de despertar a sensibilidade de seus alunos para a arte e a cultura. Quem foi aluno de Rosa Moraes na cidade ressalta que ela "ensinou vida" e contribuiu firmemente com a formação do conhecimento e do seu caráter.
A Secretaria Municipal de Cultura, destacando um grupo de ex-alunos, preparou uma programação especial para a data. Amostras, concursos e apresentações teatrais ocorrerão no decorrer da semana, de hoje até o próximo dia 26, culminando com a Missa na Catedral Senhor do Bonfim, celebrada por dom Jacinto Brito, Arcebispo de Teresina, às 17 horas do dia 26; lançamento do livro "Rosa Moraes: um século educando por amor", às 18h30, no Teatro Rosa Moraes, e homenagem, às 20 horas, na Cabana Mendes.
História
A história da professora, conhecida na cidade como dona Rosa ou Tia Rosa Moraes, se confunde com a vida da cidade. Nascida dois anos após Crateús se tornar cidade, em 1911, a professora teve uma infância simples e feliz ao lado dos pais e seis irmãos. Desde muito jovem, voltou-se às artes plásticas e ao ensino escolar. Sempre dedicada aos trabalhos, formou uma centena de jovens, tornando-se referência no município.
Bastante ativa, participou de ações junto à Igreja, escreveu e encenou dramas, criou grupos de canto e ainda doou seu nome ao único teatro da região, situado em Crateús.
A homenagem foi feita pelo em 1999, pelo então prefeito Paulo Nazareno, seu ex-aluno, em cuja gestão foi construído o equipamento cultural.
A religiosidade e a leitura fazem parte de sua vida desde a mais tenra infância. "Meu pai lia muito e nos habituamos muito cedo com a leitura, que até hoje é parte da minha vida. Leio todos os dias. Gosto de revistas religiosas, livros de literatura, dos clássicos, poesias e jornais. Gosto de estar informada do que acontece no mundo. A minha mãe assistia a missa todos os dias", relembra, com ternura e lucidez, os tempos de juventude.
Solteira por opção, a professora vive no casarão da família, em local privilegiado, meio cidade e meio campo, no final da rua Coronel Jiló, quase nas margens do rio Poty, onde predomina a calmaria do campo. A paisagem que desfruta todos os dias é de árvores e animais, já que a casa é a última da rua e afastada das demais residências.
Trabalho
Apesar da idade, a sua rotina é o trabalho. Diz que quer viver até o dia em que puder trabalhar. Atualmente, ocupa boa parte do tempo com as atividades de corte e costura.
"Faço quase todas as minhas peças à mão porque na máquina não consigo mais por questões de saúde", afirma. Outra atividade é a missa dominical, da qual não abre mão. Além disso, participa ainda ativamente da vida cultural, educacional, histórica e social da cidade, comparecendo com frequência a eventos que acontecem na cidade.
"Não pensei nunca que viveria 100 anos. Fui uma jovem bem doente, depois melhorei. E nem que atingia um século de existência com lucidez. Mas Deus quis assim, que assim seja", responde a mestra sobre a avançada idade.
Para ela, uma das maiores alegrias é receber a visita de seus ex-alunos. "Não lembro de todos. Afinal, foram 37 anos que lecionei somente no Ginásio Pio XII, mas aqueles que foram meus alunos por mais tempo, lembro e conheço quando encontro", garante.
Ao final da entrevista, a professora e artista plástica, com mais de 50 quadros óleo sobre tela, sendo 42 na série nordestina, faz questão de ressaltar o amor pela sua cidade natal. "Amo Crateús, aqui nasci, vivo e quero morrer aqui na minha terra que quero bem", finaliza.
Publicação traça trajetória histórica da mestra
Crateús. O livro "Rosa Moraes: um século educando por amor" será lançado no dia 26 às 18h30, no Teatro Rosa Moraes, neste município. Escrito pelo jornalista Zacharias Bezerra de Oliveira e a professora Maria Ionele Teixeira Puster, conta a trajetória de vida da professora e artista plástica crateuense Rosa Ferreira de Moraes.
A Prefeitura Municipal de Crateús financiou a publicação com tiragem de mil exemplares, sendo que 300 exemplares serão doados para as escolas municipais
A biografia, escrita pelo seu afilhado e primo em homenagem ao seu centenário, traz a história de vida da mais conhecida professora de Crateús: nascimento, juventude, início de seu magistério, ex-alunos, feitos, jeito de viver e contributo para a história e vida do município.
Zacharias e Ionele contam a história da professora com seu próprio texto, com textos de ex-alunos, amigos, escritores, produções dela (discursos, cartas e hinos) e por meio de fotografias.
A história de vida da professora é contada passando pela história do País e do Ceará no século em que ela vive. A obra imortaliza Rosa Moraes, que já é imortal no coração e lembrança de seus ex-alunos e de Crateús.
"Sacerdotes, ministros, prefeitos, deputados, professores, escritores, médicos, engenheiros e artistas e outros profissionais passaram pelas mãos profícuas da professora Rosa Ferreira de Moraes. Rosa iniciou centenas de alunos nas artes plásticas.
Pintou mais de 50 quadros com as paisagens de Crateús e seus distritos, todos distribuídos, graciosamente, com as pessoas a quem ela considera, aprecia e admira. Esses quadros estão espalhados pelo Brasil e, inclusive, na Suíça, onde reside sua sobrinha Maggy Herzog. Generosa, ela jamais pensou em auferir lucros com a sua arte maravilhosa. Sua vida é, até hoje, um manancial de repartição de seu talento e sabedoria, de caminhar e semear para ter o que colher no final", destaca o autor, demonstrando a importância da professora para Crateús.
Discreta, Rosa Moraes não queria o livro, a princípio. "Sou reservada, prefiro não chamar atenção", diz, com um suave sorriso. Mas o jornalista, que tem laços familiares fortes e bastante afeto pela madrinha, além de reconhecer o seu legado, insistiu e ela acabou aceitando. Depois, porém, que viu o primeiro esboço, se entusiasmou com a publicação. "Ela colocou resistência inicial quando falei sobre o livro. Mas quando mostrei o primeiro esboço, ficou animada e aceitou de muito bom gosto. Ao final, leu, fez observações. A família também viu e aprovou", disse Zacharias.
Para o presidente da Academia de Letras de Crateús (ALC), poeta e professor Raimundo Cândido Teixeira Filho, ex-aluno da professora, todos os crateuenses devem agradecer à Rosa Moraes.
O cardiologista José Maria Bonfim de Moraes, sobrinho e ex-aluno da professora, apresenta a obra e, sabiamente, em um dos trechos, sintetiza a vida da centenária senhora: "Inquieta, Rosa Moraes foi à cidade, foi à Igreja, foi às comunidades, foi às ruas para formar consciências e inaugurar civilizações. Sorveu, mas regou Crateús de saber e de devoção". De acordo com o autor, a Prefeitura Municipal financiou a publicação com tiragem de mil exemplares, sendo que 300 exemplares serão doados para as escolas municipais e o restante será vendido a um valor de R$ 20, cuja renda será revertida para a professora.
Mais informações:
Secretaria de Cultura de Crateús
Centro Administrativo
Rua Coronel Totó, Nº 544
São Vicente
Telefone: (88) 3692.3315
Dedicação
"Ela era mestra e amiga todo o tempo, não apenas quando estava na escola, pois se dispunha a ajudar em qualquer momento"
Frei Hermínio Bezerra de Oliveira
Religioso e escritor
"Teve um papel singular no curso da minha vida, estando sempre no rol de benfeitores do meu passado"
Valmir Campelo
Ministro do Tribunal de Contas da União
SILVÂNIA CLAUDINO
REPÓRTER
Crateús. Poucos dias depois do Dia do Professor, no próximo dia 26, a professora natural deste município, Rosa Moraes, passará para o seleto grupo dos centenários. Desse modo, a população da cidade se prepara para comemorar os 100 anos da professora de grande parte de personalidades de Crateús de destaque no âmbito político, empresarial, social e cultural, de forma marcante e digna de quem dedicou a vida à educação.
O fato de chegar aos 100 anos é aproveitado com trabalhos de costura, pintura e leitura, como a do livro que aborda seu perfil como educadora fotos: Silvânia Claudino
A professora foi responsável pela formação de diversas figuras importantes de todos os segmentos e que se projetaram estadual e nacionalmente. Valmir Campelo, ex-senador e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), que já recebeu o Troféu Sereia de Ouro, do Sistema Verdes Mares; de todos os prefeitos mais recentes da cidade, inclusive o atual, Carlos Felipe; do médico e oftalmologista, deputado estadual Hermínio Rezende; do cardiologista José Maria Bonfim de Moraes, seu sobrinho; do frei Hermínio Bezerra de Oliveira, padre, professor, escritor e colunista do Diário do Nordeste; e de tantos outros professores, diversos profissionais, autoridades e gente do povo.
Rosa Moraes é a mais conhecida professora da região, referência na educação tradicional, que ajudou a formar profissionais, cidadãos e "seres humanos", na exata dimensão da palavra.
Hábil professora de Língua Portuguesa e Artes Plásticas, dentre outras disciplinas, em suas aulas, a professora ensinava também valores humanos, morais, filosóficos, cívicos, além de despertar a sensibilidade de seus alunos para a arte e a cultura. Quem foi aluno de Rosa Moraes na cidade ressalta que ela "ensinou vida" e contribuiu firmemente com a formação do conhecimento e do seu caráter.
A Secretaria Municipal de Cultura, destacando um grupo de ex-alunos, preparou uma programação especial para a data. Amostras, concursos e apresentações teatrais ocorrerão no decorrer da semana, de hoje até o próximo dia 26, culminando com a Missa na Catedral Senhor do Bonfim, celebrada por dom Jacinto Brito, Arcebispo de Teresina, às 17 horas do dia 26; lançamento do livro "Rosa Moraes: um século educando por amor", às 18h30, no Teatro Rosa Moraes, e homenagem, às 20 horas, na Cabana Mendes.
História
A história da professora, conhecida na cidade como dona Rosa ou Tia Rosa Moraes, se confunde com a vida da cidade. Nascida dois anos após Crateús se tornar cidade, em 1911, a professora teve uma infância simples e feliz ao lado dos pais e seis irmãos. Desde muito jovem, voltou-se às artes plásticas e ao ensino escolar. Sempre dedicada aos trabalhos, formou uma centena de jovens, tornando-se referência no município.
Bastante ativa, participou de ações junto à Igreja, escreveu e encenou dramas, criou grupos de canto e ainda doou seu nome ao único teatro da região, situado em Crateús.
A homenagem foi feita pelo em 1999, pelo então prefeito Paulo Nazareno, seu ex-aluno, em cuja gestão foi construído o equipamento cultural.
A religiosidade e a leitura fazem parte de sua vida desde a mais tenra infância. "Meu pai lia muito e nos habituamos muito cedo com a leitura, que até hoje é parte da minha vida. Leio todos os dias. Gosto de revistas religiosas, livros de literatura, dos clássicos, poesias e jornais. Gosto de estar informada do que acontece no mundo. A minha mãe assistia a missa todos os dias", relembra, com ternura e lucidez, os tempos de juventude.
Solteira por opção, a professora vive no casarão da família, em local privilegiado, meio cidade e meio campo, no final da rua Coronel Jiló, quase nas margens do rio Poty, onde predomina a calmaria do campo. A paisagem que desfruta todos os dias é de árvores e animais, já que a casa é a última da rua e afastada das demais residências.
Trabalho
Apesar da idade, a sua rotina é o trabalho. Diz que quer viver até o dia em que puder trabalhar. Atualmente, ocupa boa parte do tempo com as atividades de corte e costura.
"Faço quase todas as minhas peças à mão porque na máquina não consigo mais por questões de saúde", afirma. Outra atividade é a missa dominical, da qual não abre mão. Além disso, participa ainda ativamente da vida cultural, educacional, histórica e social da cidade, comparecendo com frequência a eventos que acontecem na cidade.
"Não pensei nunca que viveria 100 anos. Fui uma jovem bem doente, depois melhorei. E nem que atingia um século de existência com lucidez. Mas Deus quis assim, que assim seja", responde a mestra sobre a avançada idade.
Para ela, uma das maiores alegrias é receber a visita de seus ex-alunos. "Não lembro de todos. Afinal, foram 37 anos que lecionei somente no Ginásio Pio XII, mas aqueles que foram meus alunos por mais tempo, lembro e conheço quando encontro", garante.
Ao final da entrevista, a professora e artista plástica, com mais de 50 quadros óleo sobre tela, sendo 42 na série nordestina, faz questão de ressaltar o amor pela sua cidade natal. "Amo Crateús, aqui nasci, vivo e quero morrer aqui na minha terra que quero bem", finaliza.
Publicação traça trajetória histórica da mestra
Crateús. O livro "Rosa Moraes: um século educando por amor" será lançado no dia 26 às 18h30, no Teatro Rosa Moraes, neste município. Escrito pelo jornalista Zacharias Bezerra de Oliveira e a professora Maria Ionele Teixeira Puster, conta a trajetória de vida da professora e artista plástica crateuense Rosa Ferreira de Moraes.
A Prefeitura Municipal de Crateús financiou a publicação com tiragem de mil exemplares, sendo que 300 exemplares serão doados para as escolas municipais
A biografia, escrita pelo seu afilhado e primo em homenagem ao seu centenário, traz a história de vida da mais conhecida professora de Crateús: nascimento, juventude, início de seu magistério, ex-alunos, feitos, jeito de viver e contributo para a história e vida do município.
Zacharias e Ionele contam a história da professora com seu próprio texto, com textos de ex-alunos, amigos, escritores, produções dela (discursos, cartas e hinos) e por meio de fotografias.
A história de vida da professora é contada passando pela história do País e do Ceará no século em que ela vive. A obra imortaliza Rosa Moraes, que já é imortal no coração e lembrança de seus ex-alunos e de Crateús.
"Sacerdotes, ministros, prefeitos, deputados, professores, escritores, médicos, engenheiros e artistas e outros profissionais passaram pelas mãos profícuas da professora Rosa Ferreira de Moraes. Rosa iniciou centenas de alunos nas artes plásticas.
Pintou mais de 50 quadros com as paisagens de Crateús e seus distritos, todos distribuídos, graciosamente, com as pessoas a quem ela considera, aprecia e admira. Esses quadros estão espalhados pelo Brasil e, inclusive, na Suíça, onde reside sua sobrinha Maggy Herzog. Generosa, ela jamais pensou em auferir lucros com a sua arte maravilhosa. Sua vida é, até hoje, um manancial de repartição de seu talento e sabedoria, de caminhar e semear para ter o que colher no final", destaca o autor, demonstrando a importância da professora para Crateús.
Discreta, Rosa Moraes não queria o livro, a princípio. "Sou reservada, prefiro não chamar atenção", diz, com um suave sorriso. Mas o jornalista, que tem laços familiares fortes e bastante afeto pela madrinha, além de reconhecer o seu legado, insistiu e ela acabou aceitando. Depois, porém, que viu o primeiro esboço, se entusiasmou com a publicação. "Ela colocou resistência inicial quando falei sobre o livro. Mas quando mostrei o primeiro esboço, ficou animada e aceitou de muito bom gosto. Ao final, leu, fez observações. A família também viu e aprovou", disse Zacharias.
Para o presidente da Academia de Letras de Crateús (ALC), poeta e professor Raimundo Cândido Teixeira Filho, ex-aluno da professora, todos os crateuenses devem agradecer à Rosa Moraes.
O cardiologista José Maria Bonfim de Moraes, sobrinho e ex-aluno da professora, apresenta a obra e, sabiamente, em um dos trechos, sintetiza a vida da centenária senhora: "Inquieta, Rosa Moraes foi à cidade, foi à Igreja, foi às comunidades, foi às ruas para formar consciências e inaugurar civilizações. Sorveu, mas regou Crateús de saber e de devoção". De acordo com o autor, a Prefeitura Municipal financiou a publicação com tiragem de mil exemplares, sendo que 300 exemplares serão doados para as escolas municipais e o restante será vendido a um valor de R$ 20, cuja renda será revertida para a professora.
Mais informações:
Secretaria de Cultura de Crateús
Centro Administrativo
Rua Coronel Totó, Nº 544
São Vicente
Telefone: (88) 3692.3315
Dedicação
"Ela era mestra e amiga todo o tempo, não apenas quando estava na escola, pois se dispunha a ajudar em qualquer momento"
Frei Hermínio Bezerra de Oliveira
Religioso e escritor
"Teve um papel singular no curso da minha vida, estando sempre no rol de benfeitores do meu passado"
Valmir Campelo
Ministro do Tribunal de Contas da União
SILVÂNIA CLAUDINO
REPÓRTER