Comporta é liberada e águas da Transposição seguem para o Cinturão das Águas

Apesar de liberadas, a SRH projeta que o transporte do recurso hídrico aconteça no primeiro semestre de 2021, durante a quadra chuvosa

Escrito por Antônio Rodrigues , regiao@svm.com.br
Finalmente as águas do São Francisco seguem para o Cinturão das Águas
Legenda: Finalmente as águas do São Francisco seguem para o Cinturão das Águas
Foto: Fotos: Valéria Alves

A comporta que libera as águas do Eixo do Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), no reservatório de Jati, foi acionada na manhã desta quinta-feira (20). Com isso, o recurso hídrico seguiu, finalmente, pelo Cinturão das Águas do Ceará (CAC). Esta etapa é apenas de testes, mas a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado (SRH) acredita que o transporte acontecerá, efetivamente, no primeiro semestre de 2021, garantindo a segurança hídrica para 4,5 milhões de habitantes da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).  

De Jati, a água segue pelo chamado "eixo emergencial" do CAC, de 53 quilômetros de extensão, até o Riacho Seco, em Missão Velha, fluindo para o Rio Salgado e, pelo seu curso natural, alcançará o Rio Jaguaribe, até finalmente, chegar ao açude Castanhão. São cerca de 350 quilômetros de trajeto. A transferência do recurso hídrico para a região da capital cearense acontece pelo Eixão das Águas.   
 
Nesta fase de testes, a previsão da SRH é que as águas cheguem ao Castanhão em um prazo de dois a três meses. Do maior açude do Ceará até Fortaleza, a transferência será em um prazo menor: três dias. 
 
Evitar perdas
 
Apesar do chamado ‘eixo emergencial’ do CAC pronto, a SRH realizou um estudo que indica que a água será transferida, preferencialmente, no primeiro semestre de 2021, pois, as calhas dos rios estarão cheias graças a estação chuvosa. Na avaliação da pasta, as perdas seriam menores, pois, teria menos evaporação, mais rapidez e não correria o risco de retirada dos irrigantes, já que, entre fevereiro e maio, as precipitações supririam essa demanda.    
 
A Superintendência de Obras Hídricas (Sohidra) espera uma vazão de 12 m³/s e, mesmo com uma provável perda de um volume de 3m³s, será suficiente para garantir a segurança hídrica da RMF. O tempo de transporte da água depende da calha do Rio Salgado. Cheio, demoraria cerca de 20 a 25 dias para chegar ao Castanhão. Seco, o prazo é maior. “A água ainda tem que preencher o solo, que funciona como uma esponja. Depois de cheio, flui naturalmente”, detalhou Antônio Lucena, diretor de Águas Superficiais da Sohidra. 
 
'Fator civilizatório'
 
O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que acionou a liberação da comporta, ressaltou o investimento que tem sido feito no Pisf em um ano e seis meses. “Foram quase R$ 3 bilhões, que proporcionalmente foi o maior. Estamos avançando de uma forma que nunca foi feito. Aqui, em Jati, será o pulmão do Ceará. Vai permitir que haja, finalmente, a segurança hídrica. Isso é um fator civilizatório”, classificou.  
 
Após anunciar que vai realizar a licitação para a retomada da obra do Ramal do Apodi, última etapa do Pisf, que atenderá 120 municípios do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, Marinho detalhou que em setembro deve anunciar a construção do canal Apodi/Salgado. “Existem muitas obras ligadas à transposição que estamos trabalhando”, reforçou o ministro.
 
Serviços  
 
Apesar das águas já chegarem ao Ceará, as obras do Eixo Norte do Pisf seguem acontecendo. Atualmente, há 1.972 trabalhadores, executando serviços complementares até o Reservatório Caiçara, na Paraíba, como a instalação de equipamentos auxiliares de monitoramento; a execução de muretas protetoras dos canais; o sistema de drenagem pluvial; a melhoria de estradas de acesso e tratamento de taludes.

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