Chuvas e receio de alagamento obrigam moradores a abandonar as próprias casas em Granja

O município é banhado pelo Rio Coreaú. Na última vez que o rio ultrapassou o limite, a água invadiu boa parte das casas de Granja. A população teme que o cenário se repita

Escrito por André Costa , andre.costa@diariodonordeste.com.br
Legenda: Moradores de Granja removem móveis e saem de casa com medo de um possível alagamento, caso o Rio Coreaú ultrapasse o limite
Foto: Foto: Mateus Ferreira

A chuva que alegra agricultores no interior do Ceará também causa transtornos. Vários moradores do Município de Granja, na região Norte do Ceará, estão retirando os móveis e abandonando as próprias casas por receio de um possível alagamento, com a elevação do Rio Coreaú, que abastece a cidade. A situação é consequência das fortes chuvas que se concentram naquela zona do estado em 2019, especialmente no município granjense, localizado a 300 km da capital Fortaleza.

O receio da população granjense se reforça porque há exatamente dez anos, além de Granja, parte das cidades de Ubajara e Frecheirinha foram inundadas — sendo Granja o município mais afetado. À época, quase toda a cidade ficou debaixo d’água e dezenas de famílias ficaram ilhadas. Temerosos de que este cenário se repita, muitas famílias começaram a deixar suas casas no fim da tarde da última terça-feira (2).

É o caso do agricultor Antonio Jair Pereira Messias. Ele mora com a esposa e dois filhos em uma casa às margens do rio, mas com a situação terá de mudar de endereço. “A água já está aumentando e nós não vamos esperar (ficar pior). Porque à qualquer hora pode chover e é melhor tirar antes da chuva. Vamos tirar as coisas antes de perder, 'né'?. Nós somos acostumados (com a água invadindo a casa) porque vivemos perto da beira da maré. Mas nós vamos alugar uma casa mais para cima e vamos nos mudar para lá”, revela o arraçoador.

Os altos níveis de precipitação durante essa quadra chuvosa fizeram com que afluentes, barragens e açudes aumentassem consideravelmente a situação das águas naquela parte do estado. Granja é um dos principais municípios que estão sofrendo com os robustos índices pluviométricos. O nível do Rio Coreaú alcançou os 3,40 metros na tarde de ontem (03) e, caso ultrapasse os 4 metros, a barragem “Limão Brandão”, que recebe toda essa água irá transbordar. 

A Defesa Civil do município não confirmou quantas casas já foram esvaziadas. Muitos moradores estão se encaminhando para casas de familiares ou conhecidos. Àqueles que não possuem essa alternativa, a prefeitura do município está alugando casas para receber as famílias mais vulneráveis que residem em áreas de risco.

"Nós estamos fazendo um monitoramento desde semana passada. O rio já subiu um pouco mas também já desceu. Fica oscilando o tempo todo. Tem horas que vai para 3m, outra para 3,16m", revelou o coordenador da Defesa Civil de Granja, Francisco Aquino. O responsável também revelou que alguns distritos, como Açude Novo e Sítio do Padre, estão em situação de emergência e isolados por conta da chuva.

O reservatório Gangorra, em Granja, é abastecido pelo rio Coreaú, que nasce na Serra da Ibiapaba e passa por outros nove municípios. Neste percurso, ele abastece mais dois reservatórios. Todos eles já estão transbordando. Caso o nível do Coreaú continue a subir e ultrapasse o limite, os bairros mais afetados serão Barrocão e Lagoa Grande, e depois as águas vão inundar o Centro da cidade.

Panorama

Para hoje, a previsão da Funceme é de céu nublado com eventos de chuva em todas as macrorregiões (o que não indica precipitações em todos os municípios, já que a indicação é por área). O mesmo cenário, neste momento, é indicado para esta quinta-feira. É importante ressaltar que a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) realiza, diariamente, duas previsões, sendo importante o acompanhamento das possíveis alterações.

 

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