Bancos fechados afetam comércio
Boa parte da movimentação do dinheiro na cidade acaba sendo transferida para Quixadá

Choró. Quase um ano após o fechamento da única agência lotérica da cidade, por falta se segurança, os comerciantes deste município enfrentam a pior crise econômica desde a sua fundação. No dia 27 de março, a cidade completará 22 anos com queda nas vendas do comércio local superior a 60%, explicou um dos líderes locais do setor, Pedro Paulo de Queiroz.
Segundo o comerciante, Choró possui atualmente cerca de 30 estabelecimentos, incluindo supermercado, postos de combustíveis e postos bancários. Todavia, está havendo êxodo bancário para a cidade vizinha, Quixadá. Os segmentos mais importantes estão na agricultura, nos aposentados e pensionistas e no serviço público. A maioria está seguindo para aquela cidade, onde recebem seus pagamentos mensais e ali vão às compras.
O principal motivo é a falta de dinheiro nos caixas do posto bancário do Bradesco e dos Correios. O caixa eletrônico do Banco do Brasil, instalado na praça, ainda não está funcionando. Ninguém se arrisca em deixar muito dinheiro disponível com medode mais assaltos, como os registrados nos últimos anos. Há ainda boatos da transferência das contas dos servidores do Município para a agência do Banco do Brasil em Quixadá, agravando ainda mais a crise. A administração municipal nega a transferência das contas.
Auxílio
À frente do movimento dos comerciantes, Pedro Paulo disse haver interesse da categoria em pedir auxilio ao Ministério Público para exigir na Justiça o atendimento bancário nos postos existentes em Choró.
Na semana passada, por iniciativa deles, foi realizada uma audiência pública para debater o problema. Mais de 10 lojistas participaram e reclamaram inclusive da dificuldade até para registrarem um Boletim de Ocorrência. "Também somos obrigados a seguir para Quixadá", acrescentou o comerciante Gilmar Falcão.
O prefeito de Choró, José Antônio Rodrigues Mendes, mais conhecido por "Dé", também é comerciante. Para auxiliar a resolver a crise, ele pretende mudar a data base de pagamento dos servidores do Município, para receberem seus proventos nas próprias unidades de atendimento bancários e na agência dos Correios da cidade. Os servidores da Educação receberão no primeiro dia do mês, os da Saúde, no terceiro dia. Os funcionários das demais secretarias serão pagos no segundo dia.
Além dessas medidas, a serem implantadas nos próximos 60 dias, o gestor municipal pretende pedir o imediato funcionamento do caixa eletrônico do Banco do Brasil e reforço da Polícia Militar para os dias de pagamento. Com essas medidas, segundo ele, deverão evitar o êxodo do restante da população para Quixadá e o comércio local não precisará fechar as portas. Ele ainda apontou mais uma alternativa para reaquecer a economia local.
A prefeitura está negociando um convênio com o Banco Palmas, um banco comunitário de desenvolvimento, para fazer voltar a circular na cidade o "Sabiá", uma moeda social.
Mesmo assim, os funcionários e vendedores das lojas, principalmente de eletrodomésticos, continuam receosos. Continuando a situação, os trabalhadores temem perder seus empregos. Josiano Pereira de Sousa é um deles.
Há cerca de seis meses trocou a atividade de vendedor ambulante pelas vendas em um local fixo numa das lojas da cidade. Não imaginava enfrentar uma crise tão difícil.
Todo dia, ele vê da porta da loja os carros de horário lotados de clientes seguindo para Quixadá. "Desse jeito não adianta nem tentar vender banana a preço de banana", reclamou.
Até quem precisa sacar o benefício do Bolsa Família também reclama. A agricultora Cristina Isabel Santos é um exemplo. Para receber os R$ 266,00 mensais, na maioria das vezes é obrigada a pagar R$ 7,00 pelo transporte até Quixadá. A agência lotérica de Choró voltou a funcionar, mas dificilmente tem dinheiro. Para não perder o dia o jeito é ir a cidade vizinha. Acaba fazendo as compras domiciliares por lá, confessa.
A reportagem do Diário do Nordeste procurou manter contato com a gerência do Banco do Brasil, em Quixadá. O gerente não estava podendo atender porque estava em reunião, informou um funcionário. No Bradesco não foi diferente.
Alex Pimentel
Colaborador
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