Área de cultivo de algodão cresce 60% em um ano no Ceará
Dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Neste ano, o Ceará tem expectativa de uma área de cultivo de algodão de 3.234 hectares, um aumento de 60% em relação ao ano anterior, que plantou 2.019 ha. A expectativa é de uma safra de 6,3 mil toneladas, um crescimento de 12% em relação a 2020 (5,6 mil toneladas). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados, nesta semana, pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet).
O cultivo de algodão ocorreu em cinco municípios: Tabuleiro do Norte, Iguatu, Brejo Santo, Milagres e Missão Velha. Em relação aos tempos áureos da cotonicultura, quando o Ceará chegou a cultivar 1,2 milhão de hectares, os números atuais são muito reduzidos, mas indicam uma perspectiva de mudança no campo.
O Ceará, até o início dos anos de 1980, chegou a ser o maior produtor de algodão do Nordeste e o terceiro maior do Brasil, mas veio a praga do bicudo e a cultura foi praticamente dizimada.
A retomada do chamado ouro branco começou a partir de 2019, por meio do Programa de Modernização do Algodão, do Governo do Ceará, e executado pela Sedet em parceria com Embrapa, Centec, Ematerce e secretarias municipais de agriculturas.
“As terras são favoráveis. Temos sol, chuva em quantidade adequada e até potencial de irrigação para o plantio no segundo semestre, em determinadas áreas”, observou o secretário de Agricultura de Iguatu, Venâncio Vieira. “Temos o diferencial que é a qualidade, a produção de uma fibra longa”.
Além do plantio em áreas de até três hectares, há ocultivo em larga escala. Um exemplo é a fazenda Nova Agro, em Tabuleiro do Norte, na Chapada do Apodi, no Vale do Jaguaribe, que colhe a sua primeira safra em uma área estimada de 700 ha, em plantio próprio, e mais 600 ha em sistema de parceria com outros produtores rurais.
A produtividade estimada é de 4.500 quilos por hectare, na modalidade irrigada, na Chapada do Apodi. Para o administrador da fazenda, Daniel Borges, a boa produção decorre de investimentos em tecnologia – irrigação, variedade adequada, controle de pragas e a aplicação de manejo adequado.
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'Nova fase'
Euvaldo Bringel é o coordenador do programa na Sedet e pontuou que o Ceará “vive uma nova fase na cultura do algodão, com aumento da produtividade e profissionalização da cadeia produtiva”. Ele frisou que esse aspecto deve ter um olhar além do crescimento da área cultivada da fibra.
Bringel analisou ainda que a retomada da cotonicultura favorece a ampliação “de novas fronteiras agrícolas com cultivo de grãos – soja, milho e sorgo”.
O cultivo do algodão é feito, geralmente, em sistema de rodízio com outras culturas, favorecendo o crescimento de outras cadeias produtivas do agronegócio – frango, suínos, criação de gado leiteiro e o setor industrial de produção de ração animal.
Retomada da produção
Recentemente, o secretário Executivo do Agronegócio da Sedet, Silvio Carlos Ribeiro, visitou vários cidades do Interior com o objetivo de discutir com agentes locais o desenvolvimento do setor agropecuário e identificar culturas e projetos a serem implantados e ampliados, segundo a vocação de cada região. “Nos dá uma alegria ver o Ceará voltar a produzir algodão”, pontuou.
Iguatu, no Centro-Sul cearense, já foi o maior produtor de algodão do Ceará por anos seguidos nas décadas de 1960 e 1970. O plantio ficou abandonado por mais de 30 anos e houve, nesse período, algumas tentativas isoladas de revitalização da cotonicultura, sem regularidade.
Neste ano, na localidade de Santa Clara, zona rural de Iguatu, o branco dos capuchos de algodão divide o cenário de nove hectares do verde das folhas do algodoeiro, trazendo de volta lembranças de um período áureo.
“O algodão gerava emprego e renda no campo no sertão cearense”, recordou o ex-produtor e ex-secretário de Agricultura de Iguatu, Valdeci Ferreira.
Neste ano, em Iguatu, foram cultivados 22 hectares por cinco produtores, mas para 2022 já existe adesão para se cultiva entre 150 e 200 hectares, segundo dados da secretaria de Desenvolvimento Rural do município.
A viabilidade de cultivo e o preço favorável no mercado despertam o interesse do pequeno produtor voltar a plantar algodão de variedades tradicional e transgênica, que apresenta mais resistência às pragas e ciclo curto de produção.
O preço da arroba passou de R$ 30 para R$ 45. “Temos um mercado favorável e a estratégia é fazer o plantio cedo, entre 10 de janeiro e 10 de fevereiro, para que a época da colheita ocorra na chamada janela favorável da entressafra de regiões produtoras no Mato Grosso e na Bahia”, observou Venâncio Vieira, secretário de Agricultura de Iguatu. “Quando a venda é feita em junho, o preço é mais favorável”.