Cobertura vegetal evita erosão nas margens

A cobertura vegetal nas proximidades dos açudes é necessária para evitar a erosão nas margens dessas barragens. A afirmação é da doutora em Geografia Ambiental Vanda Claudino, professora do Departamento de Geografia, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela ressalta que, por causa dos desmatamentos, o solo fica sem proteção. Por isso, acaba sendo removido junto com a água das chuvas para dentro do reservatório.

“Gradativamente, a margem vai sendo destruída e o açude ficando raso, já que ele vai sendo entulhado de sedimentos”, explica a professora. A diminuição da profundidade da barragem, conforme a especialista, favorece a evaporação. O fenômeno, de acordo com a geógrafa, contribui para salinizar a água do reservatório.

De acordo com Aristeu Ferreira, coordenador do Núcleo Técnico da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) em Sobral, existe açude em que o líquido perdido com a evaporação chega a ser o triplo da quantidade utilizada pela população. Ele também assegura que a degradação da mata ciliar provoca o aumento da evaporação.

A vegetação é responsável por evitar outros prejuízos ao reservatório. A professora ressalta que as árvores também evitam que a água das precipitações escorram diretamente para o manancial. Essa espécie de barragem natural impede um acúmulo de água acentuado no açude em um curto período de tempo.

A vegetação também contribui para que o lençol freático seja recarregado de forma adequada, pois bloqueia o total escoamento da água da chuva para o açude. Assim, o líquido retido é absorvido pelo solo. A professora lembra que as águas subterrâneas abastecerão a barragem no período da estiagem. “Caso a recarga do lençol freático seja reduzida, logicamente ele irá abastecer menos o açude quando for necessário”, explica.

Vanda Claudino diz que um trabalho de proteção da mata ciliar deve ser realizado junto com um projeto de regeneração do que já foi degradado. “A atividade de reflorestamento não é complexa, já que a própria natureza auxilia (essa operação)”, garante.

A professora informa também que ações aparentemente inofensivas realizadas pelas comunidades ribeirinhas podem comprometer a qualidade da água do açude. “Lavar roupa (em um reservatório) é uma atividade extremamente poluente”, alerta.

Ela defende, ainda, a realização de programas de educação ambiental junto às comunidades ribeirinhas.