Açude Castanhão provoca medo entre moradores

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O Açude Castanhão está provocando medo na população do entorno. Moradores temem com possível arrombamento

Nova Jaguaribara. Era terça-feira, 10 de julho, quando moradores de Jaguaribara se assustaram com um “grande estrondo” vindo de próximo ao Açude Castanhão; era terça-feira, 22 de agosto, quando cerca de 25 estudantes do colégio público Padre Joaquim de Menezes, em Limoeiro do Norte, não foram à escola. O motivo: o Castanhão iria arrombar e alagar toda a cidade, então “querem morrer com a família em casa”, foi a informação que deram à diretora escolar.

Na comunidade de Varginha, do mesmo município, moradores fecham as casas e vão para a Chapada do Apodi, que escaparia da suposta inundação. Com exceção da verdade dos terremotos, as afirmações de arrombamento do Açude eram mentirosas, boatos espalhados na região jaguaribana, após esta sofrer sucessivos abalos sísmicos. Temerosa, a população ainda duvida dos especialistas e passa a ter medo do Castanhão. Ensejam a polêmica mitos insólitos e questionamentos sobre os atrasos de conclusão do mega açude.

Falha geológica

Não havia terremotos na região onde está situado o Açude Castanhão, mas eles já eram previstos, já que a bacia hidrográfica situa-se sobre uma falha geológica (fenda subterrânea), sujeita a abalos sísmicos de pequeno porte. Entre junho e julho, abalos sísmicos de até 2,3 graus na Escala Richter (que vai até nove) começaram a ocorrer no Vale do Jaguaribe, “abalando” a confiança dos moradores de cidades como Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe, Alto Santo, Jaguaretama, Limoeiro do Norte e Morada Nova, que poderiam ser inundadas num suposto rompimento da parede do açude.

Até hoje ainda não se conhece o epicentro (ponto de onde surgiu o abalo), mas as especulações, acusações “requentadas” e pânico por parte da população sobre a integridade do açude perduram até hoje, mesmo após sucessivas reportagens na imprensa com declarações e notas de esclarecimentos dos especialistas do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) de que “não há perigo” no Castanhão. Mas desde o mês passado, só é possível entrar no açude com autorização do Departamento.

Para o supervisor do Açude Castanhão, o engenheiro Getúlio Maia, o medo da população não tem sentido, “temos feitos vários monitoramentos para dar total segurança sobre o que estamos falando, de que o Castanhão não tem nenhuma rachadura e esses abalos sísmicos são normais”, afirma Maia. “A barragem foi feita para agüentar abalos superiores a cinco graus na Escala Richter”, garante o diretor do Dnocs, Elias Fernandes. O maior terremoto registrado no Ceará foi de 5,2 graus na Escala Richter em 1980, no município de Pacajus, Região Metropolitana.

Indagado o porquê da gradativa redução do nível de água no Castanhão (de 30 centímetros por mês), Getúlio Maia esclarece que “não é por causa de nenhuma rachadura ou coisa assim, a perda de água se dá por evaporação, permeabilização para o subsolo e a liberação de água para os rios, abastecendo os perímetros irrigados de Curupati, Mandacaru e Alagamar”. Do dia 1º a 22 de agosto, 63 milhões de metros cúbicos de água (63 bilhões de litros) saíram do Castanhão pelas três supracitadas formas de evasão – somente pela natural infiltração no solo vazam 0,5 metros cúbicos por segundo.

Por dia, são despejados, em média, 11,95 metros cúbicos de água por segundo pela válvula que fica 24 horas aberta e cujo diâmetro de abertura depende das necessidades de águas nos perímetros irrigados, que solicitam aumento ou diminuição da vazão por intermédio do Conselho de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Cogerh). Atualmente, 11 cidades da região jaguaribana são abastecidas pelo Castanhão.

SAIBA MAIS

Dimensão

O Açude Castanhão está situado nos municípios de Alto Santo, Jaguaribara, Jaguaribe e Jaguaretama. Está distante 253km de Fortaleza. Seu reservatório, de 325 quilômetros quadrados, tem capacidade de 6,7 bilhões de metros cúbicos de água em 48km de comprimento.

Edital

Desde o início de agosto, está aberto o edital de licitação para construção do dique de proteção da barragem do Castanhão, a ser levantado no município de Jaguaretama. A obra consta do projeto inicial e, ao contrário do primeiro valor de R$ 3,5 milhões, deverá custar aos cofres públicos R$ 7,631 milhões. O prazo para seleção da construtora é 14 de setembro.

Expropriação

Estima-se que 200 famílias deverão sair da parte de Jaguaretama onde será levantado o dique na construção da parede principal do Castanhão. Foram expropriadas mais de oito mil pessoas residentes na antiga Jaguaribara, hoje coberta pelas águas do açude.

MELQUIADES JÚNIOR
Colaborador

Mais informações:

Açude Público Castanhão
Rodovia BR-116, KM 253, município de Alto Santo (CE)
(88) 411-2999/6404
castanhao@dnocs.gov.br

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