89% dos açudes do Sertão Central registraram melhora hídrica neste ano

A melhora é observada após seis anos de seca severa na região

Escrito por Redação , regiao@svm.com.br
Legenda: Açude arrojado Lisboa, em Banabuiú
Foto: Foto: VcRepórter

Após seis anos com baixa reserva hídrica, consequência da estiagem prolongada, a bacia do Banabuiú, no Sertão Central, registrou aporte de 107 milhões de metros cúbicos de água este ano.

Embora tímido, representando apenas 3,5% do total de aportes no Ceará, o volume foi suficiente para melhorar a situação hídrica de 17 dos 19 açudes monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) na bacia. O número representa 89% dos reservatórios na região.

Reservatórios que iniciaram 2020 completamente secos já contam com percentual de água. “É o caso dos açudes Vieirão, em Boa Viagem, Trapiá II em Pedra Branca, Serafim Dias, em Mombaça e São José II em Piquet Carneiro”, pontua o gerente da unidade regional da Cogerh em Quixeramobim, Paulo Ferreira. Ainda assim, a bacia do Banabuiú registra acumulado inferior a 10% da capacidade. O percentual é o menor do Estado.

Cenários Opostos

No Sertão Central, algumas cidades conseguiram, com as recentes recargas, ganhar um pouco mais de alívio. As cidade de Boa Viagem, Piquet Carneiro e Pedra Branca, por exemplo, já conseguem captar água dos reservatórios. “É o início, ainda tímido, de uma recuperação.  Faremos posteriormente as simulações de vazão dos mananciais para a tomada de decisões”, avalia o representante da Cogerh, Paulo Ferreira. 

Já em Milhã, o aporte do açude Jatobá ainda não foi suficiente para ofertar água à população da cidade. Diante disso, o Município depende das águas do Rio Banabuiú. A esperança é que a quadra chuvosa se mantenha com bom volume hídrico. 

O Serafim Dias, localizado na cidade de Mombaça, por exemplo, não registrava recarga desde 2015. Conforme dados do Portal Hidrológico da Cogerh, a recarga se tornou mais evidente nos últimos dois meses deste ano. No último dia de fevereiro (29), o açude somava apenas 0,87% de seu volume. O percentual saltou para 2,36% no final de março. A situação se mantém na manhã desta sexta-feira (3), segundo o Portal Hidrológico.

Recarga

João Lúcio Farias, presidente da Cogerh, explica que a bacia do Banabuiú precisa de tempo. “Temos um déficit que vem se acumulando desde 2012. Então, só uma quadra excepcional para mudar esse quadro de uma só vez. Hoje, a permanecer o quadro, estamos atravessando a melhor estação chuvosa dos últimos anos, mas devemos permanecer diligentes”, avalia. 

Até o momento, embora com chuvas acima da média no Estado, a chegada das águas ao Sertão Central cearense ainda é tímida. Bruno Rebouças, diretor de Operações da Cogerh, explica que existe uma irregularidade das chuvas em tempo e espaço no Ceará.

“Há casos em que, numa mesma região, verificamos bons aportes em um reservatório e péssima (ou nenhuma) recarga em outro”, ressalta. “Mesmo que tivéssemos todos os açudes monitorados cheios não poderíamos, em nenhuma hipótese, perder de vista a necessidade do uso parcimonioso da água”.

Para tentar garantir a segurança hídrica, foram instalados chafarizes, poços profundos e adutoras de montagem rápida nos municípios do Sertão Central. As ações ajudam a dar tempo para que os açudes sejam abastecimentos pelas chuvas.

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