Apuração Eleições 2024 Legislativo Judiciário Executivo

Ministério Público do Ceará deve apresentar, até sexta (29), ação judicial contra reajuste da Enel

Promotores da instituição já têm preparada uma ação civil pública pedindo que a Justiça suspenda o reajuste

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Assembleia Legislativa do Ceará
Legenda: Reunião ocorreu na Assembleia Legislativa do Ceará
Foto: Divulgação

Em meio ao polêmico aumento de aproximadamente 25% na conta de luz dos cearenses, a Enel Distribuição Ceará é alvo de mais uma ofensiva, agora do Ministério Público do Ceará (MPCE). Promotores da instituição já têm preparada uma ação civil pública pedindo que a Justiça suspenda o reajuste. O pedido será apresentado até sexta-feira (29).

Veja também

Até lá, os promotores avaliam se a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também será alvo da ação, o que demandaria que a ação fosse apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF). As informações foram repassadas pelo promotor Ricardo Memória, que representou o MPCE em uma reunião técnica promovida pela Assembleia Legislativa do Ceará (AL-CE) com representantes da Enel. 

Ainda de acordo com o promotor de justiça, nesta quinta-feira (28), haverá uma reunião de integrantes do MPCE e do MPF para definir os alvos da ação e fazer os últimos ajustes no pedido a ser apresentado à Justiça. A ação também receberá apoio da AL-CE, conforme o vice-presidente da Casa, o deputado Fernando Santana (PT).

“Nós temos que adotar uma ação de imediato para sobrestar esse aumento, que eu entendo ser abusivo”, disse o promotor de Justiça.

“Na minha visão, existem muitas irregularidades e ilícitos civis na concessão desse aumento, então isso precisa ser expurgado da cobrança”
Ricardo Memória
Promotor de Justiça e integrante do Decon

De acordo com Memória, a indefinição envolvendo o Ministério Público Federal se deve a uma cautela. “A Aneel é um órgão federal, então, se demandamos somente a Enel, que é estadual, a Aneel pode excepcionar o juiz e levar a ação para a Justiça Federal, na qual o Ministério Público Estadual não poderá atuar”, justificou.

Ofensiva

Além da ação civil pública, a ofensiva contra a Enel inclui ainda uma eventual Comissão Parlamentar de Inquérito na AL-CE e até uma possível revisão da concessão concedida à companhia. Nesta quarta-feira (27), o deputado estadual Delegado Cavalcante (PL) começou a coletar assinaturas para uma CPI investigar “irregularidades cometidas pela Enel”.

No caso da revisão do direito concedido à Enel de distribuir a energia elétrica no território cearense, o próprio promotor apresentou essa possibilidade. Ele  ressaltou que a prioridade atualmente é suspender o aumento anunciado pela companhia. No entanto, alertou que a instituição poderá atuar sobre a concessão. 

“Se houver irregularidade é o contrato não estiver sendo cumprido, evidentemente que isso precisa ser coagido. São mecanismos que o Estado dispõe para podermos trazer à normalidade aquela situação que está fora dos trilhos”, concluiu.

Entre os elementos apontados por Memória para indicar a má prestação do serviço está um balanço com reclamações recebidas pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), do MPCE. Entre 1° de janeiro e 20 de abril de 2022, a instituição recebeu 1.004 reclamações. Ao longo de 2021, foram 1.476 queixas.

ENEL

Ao Diário do Nordeste, o gerente de regulação da Enel, Gustavo Garcia, que participou da audiência na AL-CE, disse que a maior parte do percentual do aumento corresponde ao que não foi aplicado no ano passado, por conta da crise hídrica e da pandemia.

"Quanto ao tema do contrato de concessão, a Enel está aberta a discussões, a gente continua fazendo os investimentos e vamos discutir para chegar a um bom termo essa questão", disse Garcia.

Veja também

Em nota enviada ao colunista Wagner Mendes, a Enel ressaltou que tem feito investimentos para melhorar a qualidade do serviço. 

VEJA A NOTA COMPLETA:

"É importante esclarecer que a parcela que cabe à companhia, cerca de 5,58%, é destinada à operação e manutenção de suas atividades, como equipamentos de distribuição de energia elétrica em sua área de concessão, para a melhoria da qualidade do serviço. Nos últimos dez anos, a empresa investiu cerca de R$ 6,4 bilhões somente no Ceará. Esse investimento já contribuiu com a melhora dos indicadores de qualidade. Só no ano passado, a duração média das interrupções no fornecimento de energia (DEC) apresentou uma queda de 27,2% em relação ao registrado no mesmo período do ano anterior. Já a frequência das interrupções (FEC), ou número de vezes em que o cliente ficou sem energia, apresentou uma redução de 18,7%. As melhorias observadas são resultantes de um plano de ação estabelecido em conjunto com o regulador, que tem como objetivo diminuir as incidências nas redes de média e baixa tensão. A companhia esclarece que tem compromisso com a população do Ceará e manterá a trajetória sobre a qualidade do serviço no Estado".

Assuntos Relacionados