Legislativo Judiciário Executivo

Grupo criminoso no Ceará financiou e organizou atos antidemocráticos de 8 de janeiro, aponta MPCE

Financiadores, apoiadores e organizadores de movimentos contra a democracia articularam a saída de dois ônibus fretados de Fortaleza a Brasília

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
ônibus fretados no ceará para ir a Brasília
Legenda: Ônibus fretados saíram do Ceará para Brasília com o objetivo de levar pessoas para participar dos atos violentos de 8 de janeiro
Foto: Divulgação/MPCE

Os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro em Brasília tiveram financiamento e organização também de uma facção criminosa originada no Ceará, segundo apurado na 16ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada nessa terça-feira (5) pela Polícia Federal (PF). Foi solicitado à Procuradoria-Geral da República (PGR) o cumprimento de mandados em 13 endereços no estado do Ceará. 

As buscas e apreensões ocorreram tanto em Fortaleza quanto no Interior:

  • 8 em Fortaleza;
  • 1 em Pacajus;
  • 1 em Eusébio;
  • 1 em Paraipaba;
  • 1 em Sobral;
  • 1 em Guaraciaba do Norte. 

Os órgãos envolvidos na operação ainda pediram que seja quebrado o sigilo bancário e telemático de alguns dos suspeitos, além do "fornecimento de informações de bancos de dados e localização de empresas que tiveram serviços contratados pelos mesmos". 

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A força-tarefa teve atuação conjunta dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Ceará (MPCE) e do Ministério Público Federal (MPF), além de parceria com a Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil do Estado, do Ceará (PC-CE). 

Foi constatado que financiadores, apoiadores e organizadores dos movimentos antidemocráticos articularam a saída de dois ônibus fretados de Fortaleza para Brasília, com o objetivo de participar dos atos violentos que depredaram a sede dos Três Poderes na capital federal.  

Legenda: Patrimônio público foi depredado em dia de caos em Brasília
Foto: Ton MOLINA / AFP

Os participantes dos movimentos contra a democracia se organizavam majoritariamente em grupos de mensagens. Três parlamentares cearenses participavam dessas conversas, inclusive. 

Disseminação de fake news e incitação de violência 

Conforme o trabalho investigativo, que se estende desde as eleições em 2022 e teve seu ápice após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, apoiadores do candidato derrotado e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) começaram a "questionar os resultados das urnas, promovendo manifestações em rodovias que cortam o estado" e acabaram transformando os atos pacíficos em violentos e criminosos. 

"De outubro a dezembro de 2022, os órgãos constataram a existência de grupos em redes sociais voltados à comunicação entre os manifestantes acerca dos atos. Os espaços também eram utilizados para a disseminação de fake news, visando instigar os integrantes a participar de manifestações antidemocráticas", apontou o MPCE. 

Segundo o órgão estadual, "a partir do dia 6 de janeiro, se intensificaram nos grupos investigados diversas convocações dos participantes para comparecer à manifestação que aconteceria no domingo, 8 de janeiro". 

Além da busca e apreensão no Ceará, a nova fase da Operação Lesa Pátria cumpriu 75 mandados de busca e apreensão e 48 mandados de prisão em Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Tocantins.

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